Servidores escancaram situação de calamidade da Policlínica e confirmam denúncia feita pelo Sintram

A diretoria do Sindicato dos Trabalhadores Municipais de Divinópolis e da Região Centro Oeste (Sintram) tem realizado desde o início deste ano inúmeras visitas de inspeção nos setores da Prefeitura, e durante as vistorias, os representantes do Sintram encontraram diversas irregularidades, e servidores públicos municipais trabalhando em condições insalubres. Na noite dessa quarta-feira, 19, circulou nas redes socais dois vídeos, e o áudio de uma funcionária do Centro de Referência em Reabilitação (CRER), que funciona no complexo da Policlínica, e mostram a situação precária em que se encontra o prédio, confirmando a denúncia feita pelo Sindicato no início deste mês.

Na gravação, feita durante a tempestade que atingiu Divinópolis na tarde de ontem, é possível ver a água escorrendo em grande volume pelas paredes do prédio, saindo pelo teto, e através da iluminação, trazendo um grande risco de curto circuito, por causa dos fios de energia elétrica, e caindo em cima dos computadores e demais materiais de trabalho. No áudio, uma servidora relata a situação caótica que a Policlínica se encontra, e os riscos que funcionários e usuários estão correndo no local.

“Está muito perigoso, algumas partes do teto já caíram, algumas salas já estão isoladas, e eles não tomam providência. Tiraram algumas pessoas de lá, o Raio-X, que todo mundo já conhece, o SAE, a Policlínica lá embaixo está funcionando, e nós também estamos funcionando. O prefeito falou que não tem perigo não. Olha o tanto que chove lá dentro, em cima dos computadores, e cima de impressora, em cima de todos os equipamentos, esteiras, bicicletas ergométricas, tudo molhado. Além do risco de a gente cai, dos pacientes caírem, do teto cair na nossa cabeça. Está um absurdo a precariedade que nós estamos ficando lá”, detalha.

A servidora descreveu ainda as dificuldades que os trabalhadores estão enfrentando para fazer a higienização do material de trabalho, devido à falta de álcool em gel e papel toalha.

“Não tem papel toalha para a gente higienizar as coisas, para limpar a mão, para enxugar a mão, para limpar os equipamentos, as macas. Nós estamos usando papel higiênico para o nosso dia a dia, quando tem álcool. Tem mês que a gente fica o mês inteiro sem álcool. [A situação] Está bem precário mesmo. Essa é a real situação da Policlínica”, denuncia.

Nesse vídeo, feito durante o temporal que caiu sobre a cidade nesta quarta-feira, você verá uma grande quantidade de água descendo pelas paredes, caindo através da iluminação com altíssimo risco de curto circuito, além da grande quantidade de água no recinto. Clique e veja o vídeo

Nesse outro vídeo, feito em um segundo ambiente, uma servidora se mostra perplexa com o volume de água que cai sobre móveis, objetos, inclusive computadores. Clique aqui para assistir ao vídeo

Interditado

A presidente do Sintram, Luciana Santos, a diretora do Conselho Fiscal, Lucilândia Monteiro, e a diretora de formação sindical, Geise Silva estiveram na Policlínica no dia 7 de janeiro, e constataram durante a visita, o risco de desabamento do teto da sala do raio-x, além de diversas paredes tomadas por infiltrações e mofo. De acordo com Luciana, os servidores denunciaram que a Prefeitura tinha conhecimento da situação, mas nada havia sido feito.

Durante a inspeção, a diretoria do Sintram solicitou retirada de todos os servidores do local, devido situação precária que o prédio se encontrava. O pedido foi negado, e diante a negativa, as representantes do Sindicato acionaram o Centro de Referência de Saúde do Trabalhador (Cresst) e a Defesa Civil. Após uma negociação intensa, apenas a gerência do raio-x aceitou fazer a realocação dos funcionários, e interditar a sala que era utilizada para a realização dos exames.

“O Sintram levou um engenheiro, e depois de muita insistência a Prefeitura enviou um engenheiro do Município. Tanto os engenheiros, quanto o Cresst atestaram o risco que os servidores estavam expostos. E, só depois da atuação do Sintram, e dos profissionais confirmarem que os trabalhadores e os usuários estavam expostos, que apenas o gerente do raio-x providenciou a realocação dos funcionários. Durante essa visita a diretoria do Sindicato alertou para a situação das outras salas, pediu a retirada de todos os servidores do prédio, por causa dos riscos de acidente, e também devido da estrutura precária, mas a Prefeitura se nega a resolver o problema”, reforça.

A diretora de formação sindical, Geise Silva ressalta que a situação do prédio da Policlínica já havia sido denunciada em outubro do ano passado, e que foram solicitadas ao Município as devidas melhorias na estrutura do prédio. De acordo com Geise, durante a visita realizada no início deste mês, os servidores relataram que foi preciso fazer buracos nas paredes para dar vazão ao grande volume de água das chuvas que estavam infiltrando na estrutura.

“A Prefeitura quer maquiar a situação. Fingir que está tudo bem, mas não está. Logo após a nossa visita, a Prefeitura soltou nota falando que tinha agido rápido e retirado os servidores do local, o que não é verdade. A atual gestão está esperando acontecer uma tragédia no prédio para tomar as devidas providências? No início dessa manhã, para piorar a situação, a diretoria recebeu a informação que à reportagem do Jornal Agora, o Município afirmou que o local não precisa de novas interdições. O Sindicato não vai aceitar que a Prefeitura continue expondo os servidores a riscos de acidente desta maneira, e vai acionar a Justiça para que o Executivo cumpra a sua obrigação e ofereça um local de trabalho seguro para o funcionalismo público municipal”, conclui.

Reportagem: Pollyanna Martins
Comunicação Sintram
Foto: Inspeção feita pelo Sintram no último dia 7, mostra forro caindo em um dos setores da Policlínica