A Secretaria Municipal de Saúde (Semusa) ainda não elaborou a estatística sobre o número de servidores municipais de Divinópolis que tenham contraído o vírus da covid-19. A informação foi dada pelo coordenador do Centro de Referência em Saúde e Segurança do Trabalhador (Creest), Ananias Machado. Porém, de forma tranquilizadora para a categoria, Ananias disse que apesar da falta de estatística, vários trabalhadores foram diagnosticados com o vírus, entretanto sem atingir o estágio mais grave ou letal da doença. “No início da pandemia nós tivemos dois servidores internados pela covid-19 em Divinópolis e depois disso, os casos verificados foram tratados com isolamento e sem necessidade de internação”, esclareceu o coordenador do Creest.
No início da pandemia, quando a Prefeitura ainda não tinha uma estrutura adequada para lidar com o vírus, vários servidores buscaram apoio do Sindicato dos Trabalhadores Municipais de Divinópolis e Região Centro-Oeste (Sintram). A maior preocupação da categoria era a falta de Equipamentos de Proteção Individual (EPI), que não estavam disponíveis em setores vitais no combate à pandemia.
Tão logo recebeu as primeiras reclamações, a Diretoria do Sintram entrou em ação e, além de fazer gestões junto à Prefeitura, levou a denúncia dos servidores ao Ministério Público, que instaurou inquérito civil para apurar a falta dos equipamentos. Após a ação do Sintram a Prefeitura determinou que os servidores lotados em setores críticos, onde a exposição ao contágio é maior, fossem acompanhados e monitorados.
Questionada pelo Ministério Púbico através do inquérito civil, a Prefeitura informou que “os servidores dos setores críticos da administração, com exposição adicional ao contágio da covid-19 no próprio ambiente de trabalho, estão sendo orientados e acompanhados”. São servidores que atuam em atividades relacionadas à saúde pública, limpeza urbana e serviços funerários.
Ainda segundo a Prefeitura, “o fornecimento de equipamentos de proteção individual mantém-se regular, inclusive a distribuição de máscaras cirúrgicas ao efetivo lotado nas unidades de saúde”. Quanto aos cemitérios, a Prefeitura informou que foi disponibilizado material de limpeza e de higiene corporal, bem como mantém regular o fornecimento dos equipamentos de proteção. A Prefeitura disse ainda que “todos os servidores com sintomas relacionados à covid-19 são orientados a procurar a unidade de saúde mais próxima e, após esse atendimento, devem se dirigir ao serviço médico do Centro de Referência em Saúde e Segurança do Trabalhador (Creest), para demais informações”.
VISTORIA
Em setembro, o vice-presidente do Sintram, Wellington Silva, acompanhado da conselheira, Lucilândia Monteiro, realizou inspeções nos chamados setores críticos da Prefeitura para verificar se os equipamentos de proteção individual estavam à disposição dos servidores. Eles estiveram no Serviço Municipal do Luto, Postos de Saúde, Sersam e nos cemitérios.
Durante a inspeção, o responsável por cada setor respondeu a um questionário e os diretores do Sintram vistoriaram os equipamentos de proteção disponíveis, além de questionar sobre os protocolos de combate ao coronavírus, como distanciamento social e higienização das mãos. Ao fim do trabalho, o vice-presidente verificou que as irregularidades estavam sendo sanadas em algumas unidades, porém ainda estava longe do ideal.
Quase um ano após o início da pandemia, alguns setores críticos da Prefeitura ainda estão em condições inadequadas, como os cemitérios, por exemplo, onde a disponibilização de chuveiros e compartimentos para a guarda de itens pessoais ainda não foi efetivada. Além disso, meios de higienização de calçados pedidos pelo Ministério Público também não foram providenciados, pois segundo a Prefeitura “ainda há dúvidas quanto à eficácia da medida”.
RESULTADO
Apesar de ainda estar longe do ideal, as medidas tomadas até agora fruto da fiscalização do Sintram resultaram no baixo índice de infecção por covid-19 entre os servidores municipais, conforme informação do coordenador do Creest. Não houve novas reclamações da categoria, embora extraoficialmente tenha chegado ao Sindicato informações de que nos últimos dias foi alto o número de servidores que procuraram atendimento com suspeita de contágio.
Para o vice-presidente do Sintram, Wellington Silva, é preciso ter dados estatísticos da Secretaria de Saúde. “Essa notícia do baixo índice de contágio entre os servidores dada pelo coordenador do Creest é um alívio, mas é preciso que a Semusa apresente uma estatística oficial. No início da pandemia, toda a diretoria se mobilizou para que pudéssemos atender aos servidores e a Prefeitura, com uma certa demora, adotou algumas providências, não todas que seriam necessárias. Temos ainda unidades de saúde em condições bastante inseguras. É preciso continuar em alerta, pois a pandemia não acabou e o servidor que se sentir ameaçado de alguma forma pelo contágio, deve procurar o Sintram para que possamos buscar uma solução”, disse o vice-presidente.
Para a presidente do Sintram, Luciana Santos, é preciso manter-se vigilante e cobrar que as medidas que ainda não foram adotadas sejam efetivadas. “É animador quando o Cresst diz que o índice de contágio entre os servidores é baixo, mas isso não basta para tranquilizar a classe e o sindicato. Ninguém sabe quando teremos uma vacina eficaz, embora muitas já estejam na fase final de estudos. Mas, enquanto isso, precisamos cuidar de quem está cuidando da população, que são os servidores públicos. São eles que estão na linha de frente e as medidas de segurança precisam ser permanentes e contínuas”, disse a presidente.
Reportagem: Jotha Lee
Comunicação Sintram