Revisão Salarial: Deputado Cleitinho firma compromisso com sindicato de agendar reunião com prefeito Gleidson para reabrir negociação

A diretoria do Sintram esteve ontem (25/10), no gabinete do deputado estadual, Cleitinho Azevedo, para solicitar o apoio do parlamentar para cobrança do pagamento da revisão salarial do funcionalismo municipal de Divinópolis ao seu irmão prefeito, Gleidson Azevedo. O pedido do sindicato foi encaminhado ao gabinete do deputado no dia 28 de setembro, logo após o parlamentar, em rede social, cobrar do Governador Zema a revisão salarial para as forças de segurança do Estado, dizendo que era preciso “sair do discurso” e pagar o direito da categoria.

No encontro, o sindicato foi representado pela presidente, Luciana Santos, pelo vice-presidente, Wellington Silva, pela diretora de formação sindical, Geise Silva, e a conselheira fiscal, Lucilândia Monteiro. O deputado, no início da reunião, disse que o sindicato poderia expor suas argumentações. As lideranças do sindicato falaram do direito do servidor de Divinópolis à revisão salarial, sobretudo diante de uma inflação, que impacta dia a dia todas as famílias brasileiras, com reajustes consecutivos em bens de consumo e serviços. Argumentaram que o salário base da Prefeitura é R$1505,00, sendo que a maioria dos trabalhadores, cerca de 80%, com décadas de serviço público ganham abaixo de R$3 mil, muitas vezes, com curso superior e pós. Explicaram que a Lei 173/2020 não impede a correção das perdas salariais, somado ao fato ainda, que a lei do gatilho 8.083/2015 é anterior a publicação da Lei 173/2020.

Após as argumentações, o deputado questionou se após o episódio na porta da prefeitura,  envolvendo o diretor jurídico, Antônio Leonardo, o irmão prefeito, Gleidson Azevedo, havia ocorrido alguma outra reunião. Os sindicalistas explicaram que houve uma reunião on line com a vice-prefeita, Janete Aparecida, sem avanço na negociação, mas com o prefeito, após a discussão, não houve outro encontro. Os diretores falaram que o sindicato e a Comissão de Negociação foram flexíveis na negociação, inclusive servidores da Comissão sugeriram o parcelamento do índice, mas não houve avanço.

Cleitinho disse que discordava da questão de “flexibilidade do sindicato”, visto que a discussão na porta da Prefeitura com seu irmão prefeito, Gleidson Azevedo, não era a forma adequada de resolver o impasse. Disse que  todos sabem que sindicato “faz política” e questionou se a candidata, Maria Helena (PT), fosse prefeita se haveria essa postura do sindicato. Em resposta, os diretores disseram que não estavam levantando bandeira política, que independente do partido, que estive no poder, o direito do servidor seria defendido, e que a atitude de um diretor do sindicato, que inclusive já foi superada  com encontro do diretor e prefeito, não poderia penalizar a classe, que precisa do pagamento do seu direito à revisão salarial.

Em resposta, o deputado perguntou  aos diretores do Sintram se em algum momento ele teria tido alguma postura contra a classe dos servidores, enquanto vereador e deputado. Os diretores responderam que justamente por essa postura de consciência dos direitos e importância que o deputado manifesta relativo aos servidores públicos, que foi solicitada a reunião, na tentativa de solucionar o impasse e alcançar a revisão devida aos servidores. Cleitinho disse que as coisas devem resolvidas no diálogo.  O vice presidente do sindicato, Wellington Silva, concordou e disse que é isso que o sindicato busca sempre, mas que era preciso considerar também que houve erro por parte do prefeito ao pegar o microfone na manifestação  e em live  querer jogar a população contra os servidores e sindicato, sendo, que o que estava sendo pedido era o direito do trabalhador municipal. A presidente do Sintram, Luciana Santos, disse que o que passou deveria ser superado, as duas partes erraram, mas o motivo do encontro era abrir um novo caminho. Ao que o deputado concordou e disse que poderia abrir o diálogo com o irmão prefeito, sendo a ponte entre as partes.

Postura

O deputado disse que há um entendimento equivocado de algumas pessoas que o procuraram, achando que ele “manda na Prefeitura”. Cleitinho disse que não estava dizendo que os representantes do sindicato estavam entendendo dessa forma, mas que era preciso esclarecer essa situação. “Eu tenho uma postura diferente de outros políticos que passaram na Prefeitura, eu sei, que como eu apoiei ele (Gleidson), se fosse outro estava cheio de cargo, mandando e desmandando na Prefeitura. Depois que ele ganhou, eu falei: – você é o prefeito, você que toma conta agora. Vou mais vir aqui para te cobrar, do que te pedir qualquer coisa, eu não vou pedir nada para mim – Vocês podem  investigar os cargos,  se eu tenho algum cargo na Prefeitura (…) Eu tenho uma postura diferente de fazer política, eu não sou dessas laias, que passou aí não, eu quero bem da minha cidade”, disse.

O vice-presidente, Wellington Silva, disse que o sindicato procurou o parlamentar justamente por isso, para que seja feita essa cobrança. Cleitinho disse que sim que não era porque Gleidson era seu irmão, que ele não iria cobrar, mas que era preciso ser justo também que seu irmão era um “cara do bem”, e que os adjetivos utilizados na porta da Prefeitura, durante manifestação, pelo diretor do sindicato contra seu irmão,  eram inaceitáveis e não era a forma de resolver o problema.  O vice-presidente, Wellington Silva, disse que o sindicato não tem como responder pela atitude de um de seus diretores, ao que Cleitinho respondeu que o sindicato estava sendo representado por esse diretor e que essa postura não foi democrática. Por fim, o deputado concordou que a reunião era para resolver o problema do servidor, dando sequência ao diálogo.

Foi sugerido por um dos assessores do deputado, que seria “interessante o deputado abrir a comunicação” entre sindicato e prefeito.  “Vocês explicarem o lado de vocês e ele (Gleidson) também explicar o lado dele. Porque negociar não quer dizer, vamos supor que ele não conceder esse reajuste, que ele não negociou. Acho que o canal de comunicação entre  vocês tem que estar aberto e isso o Cleitinho consegue fazer. Não adianta falar não tem negociação”, disse o assessor.

 Lei

O deputado ressaltou, que o irmão querendo ou não, a revisão salarial é lei. “Ele querendo ou não, isso é lei. Veio do Demétrius, o Demétrius deu, qualquer outro prefeito, que tivesse. Eu falei a questão da Maria Helena, maior respeito que eu tenho a ela, ou se tivesse sido o Tolentino, qualquer um que estive, nisso, uma hora vai ter que dar. Se eu fosse prefeito também. Isso é uma coisa, que é lei, é direito deles. Você está entendendo? Virou lei, você tem que cumprir a lei”, reconheceu o deputado durante a reunião.

A diretora de formação sindical, Geise Silva, disse que tem inúmeros exemplos de que a lei 173/2020 não vai impedir, como não impediu vários municípios e não penalizou as administrações, que cumpriram com esse direito do trabalhador municipal. “Quando ele fala que a lei impede, não impede”, disse a diretora. O deputado Cleitinho justificou que a resposta do irmão deve que foi devido à situação de pandemia. “Acho que o critério, que ele quer dizer é isso”, comentou o deputado.

Dieese

A conselheira fiscal, Lucilândia Monteiro, comentou sobre o estudo feito pelo Dieese, que comprovou que há folga no caixa da Prefeitura para fazer essa revisão salarial. Citou que os dados utilizados foram retirados do próprio portal da transparência da Prefeitura.  Em resposta, o deputado disse, que não poderia falar em nome do irmão prefeito e nem pela vice-prefeita, Janete Aparecida, ou seja,  pela administração municipal, mas que iria buscar abrir novamente a negociação. “O que eu posso fazer aqui é essa ponte, esse elo, para a gente colocar tudo lá e falar: –  Qual a maneira que a Prefeitura pode fazer, que ajuda o servidores, e ajuda a Prefeitura? –  Porque eu sei que vocês estão sujeitos a abertura  para manter o diálogo. Agora tem que cumprir, igual estou te falando, se fosse outro prefeito, não é porque é meu irmão não, é a lei, tem que cumprir”, disse.

Proposta

O vice-presidente, Wellington Silva, disse também na reunião que a administração não deu retorno nem de uma proposta sugerida pelo líder do governo, Edson Souza. O deputado perguntou se o sindicato concordou com a proposta do vereador, ao que os diretores explicaram, que quem decide a respeito das propostas é a maioria dos servidores em assembleia, mas como não houve esse retorno da administração, não foi possível nem abrir a discussão com a categoria. O deputado disse que não teve conhecimento da proposta do líder do governo, ao ser indagado por um dos diretores.

Servidor

Ainda na reunião, o deputado destacou que reconhece o valor dos servidores e disse que culpar o funcionalismo pelos problemas do Brasil é covardia. Disse que o problema do país é a corrupção. Finalizando a reunião, presidente Luciana Santos deixou o estudo do Dieese e as últimas decisões do Tribunal de Contas do Estado, que expressam a legalidade da revisão, nas mãos do parlamentar. “A gente agradece a disponibilidade do deputado em estar recebendo o Sintram. Temos certeza como você mesmo falou, que seu irmão é de bom coração, nós temos certeza disso, a gente conhece. Então eu acredito que a partir de agora a gente consegue retomar essa conversa, e quem sabe dar esse presente de Natal, de ano novo, aos servidores. Quem sabe a gente consegue resolver da melhor maneira para o servidor e para a administração”, finalizou a presidente, agradecendo o deputado.

A reunião ficou agendada para o dia 05 de novembro, na parte da tarde, sendo que o deputado ficou de retornar ao sindicato, para acertar o horário.

Reportagem: Flávia Brandão
Comunicação Sintram