Restaurante Popular é reinaugurado sob investigação de irregularidades na licitação para contratação de empresa de alimentos

 

Diante da expectativa de muita gente na reinauguração, uma viatura da Settrans foi mantida em frente ao Restaurante Popular durante todo o horário de almoço (Foto: Jotha Lee/Sintram)

Inaugurado na gestão do prefeito Demetrius Pereira, à época filiado ao PT, o Restaurante Popular prestou um grande benefício a trabalhadores de baixa renda. Com refeições ao custo de R$ 2, o restaurante atendeu durante seis anos a uma grande massa de trabalhadores e cidadãos de baixa renda. Em outubro de 2013, o então prefeito Vladimir Azevedo (PSDB) elevou o valor da refeição para R$ 5, um aumento de 150%. Menos de um ano após o gigantesco aumento para um produto que deveria ser popular, Vladimir Azevedo mandou fechar o estabelecimento. O fechamento ocorreu em julho de 2014. O então prefeito argumentou que o prédio onde funciona o Restaurante Popular, à época, não tinha alvará de funcionamento.

Nove anos depois de fechado, o Restaurante Popular foi reinaugurado nesta segunda-feira (16), oferecendo alimentação a preço popular, no valor de R$ 5 para 544 pessoas que se enquadraram nas regras definidas pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social (Semd). Para quem não é cadastrado na pasta, ou não teve o cadastro aprovado, a refeição sai a R$ 7,99. De acordo com a Prefeitura, o restaurante tem capacidade para fornecer 2.500 refeições diárias.

Na reabertura, aconteceu o que era esperado. Muita gente procurando uma boa refeição por um valor mais baixo. Às 12h30 todas as mesas do refeitório estavam ocupadas e havia uma enorme fila, com cerca de 80 pessoas, que aguardavam para ser servidas. No primeiro dia, foi oferecido churrasco no cardápio. A expectativa da Prefeitura era de mais de mil pessoas, por esse motivo, a Secretaria de Trânsito manteve uma viatura no local, mas não houve nenhuma dificuldade para acesso ao local.  A Prefeitura ainda não divulgou um balanço do movimento na reabertura do restaurante.

Em nota distribuída pela Diretoria de Comunicação na semana passada a Prefeitura enfatizou a presença da empresa Realiza. “O Restaurante, através da empresa Realiza Restaurante Buffet e Eventos Ltda, ganhadora da licitação pública, atenderá a população de segunda a sexta-feira. O funcionamento do local será de 10h30 as 14h. Serão vendidos tíquetes para o acesso a alimentação a partir da abertura do local, e as refeições servidas até as 14h”, diz a nota.

INVESTIGAÇÃO

Entretanto, a licitação enfatizada pela Prefeitura, está sob suspeita. Quatro dias antes da reinauguração do Restaurante, a Prefeitura instaurou uma sindicância para investigar possíveis irregularidades no processo licitatório “para contratação de empresa especializada na área de alimentação e nutrição, a partir do preparo, fornecimento, distribuição de refeições diárias (dias úteis de segunda a sexta-feira), no Restaurante Popular”.

O processo licitatório, no modelo pregão eletrônico, foi realizado no dia 19 de julho, saindo vencedora a Realiza Restaurante Buffet e Eventos, que receberá R$ 2.013.480,00, por um ano de contrato. O valor oferecido pela Realiza, ficou R$ 461 mil abaixo do preço máximo estipulado pelo edital, que era de R$ 2.474.540,00. O contrato assinado entre a Prefeitura e a empresa vai até 20 de setembro de 2024.

Chama a atenção o fato de que a empresa Realiza Restaurante, cuja sede fica em São Paulo, foi aberta no dia 19 de abril desse ano, ou seja, apenas três meses antes do processo licitatório para o Restaurante Popular.

A sindicância instaurada pela Prefeitura para apurar possíveis irregularidades no processo licitatório, foi instaurada no dia 10 de outubro, porém somente na quinta-feira da semana passada, foi publicada a Portaria 208/2023, da Secretaria Municipal de Administração (Semad) de nomeação dos integrantes da Comissão de Sindicância.

Integram a Comissão o assessor especial do prefeito, Fernando Henrique Costa de Oliveira, além das servidoras Renata Juliana de Oliveira Santos, Aline Alves Oliveira e Karina Maria Kunz. A Secretaria de Administração não fala quais são as “possíveis irregularidades” a serem investigadas. A Comissão tem até o dia 10 de novembro para apresentar o relatório final.

Reportagem: Jotha Lee
Comunicação Sintram