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Prefeito envia projeto à Câmara para alterar alíquotas do Plano de Custeio do Diviprev

Prefeito envia projeto à Câmara para alterar alíquotas do Plano de Custeio do Diviprev

O atuário Thiago Costa Fernandes, da Brasilis Consultoria, foi um dos responsáveis pela elaboração do Plano de Custeio do Diviprev em vigor (Foto: arquivo/Sintram)

O prefeito de Divinópolis, Gleidson Azevedo (Novo) pretende fazer uma mudança significativa nos aportes feitos pela Prefeitura no Instituto de Previdência dos Servidores Municipais (Diviprev), através da alíquota suplementar. O Plano de Custeio em vigor, elaborado pela Brasilis Consultoria, prevê percentais crescentes na alíquota suplementar, porém a proposta do prefeito prevê alternância nos percentuais dos aportes.  O Plano de Custeio foi elaborado para amortizar o déficit atuarial e manter o Instituto viável. No relatório apresentado no final de março, a Brasilis Consultoria constatou um déficit atuarial no Diviprev de R$ 1,6 bilhão em 2023.

Para melhor entendimento, o déficit financeiro é quando o valor arrecadado não é suficiente para o pagamento de todos os benefícios previdenciários, o que vem acontecendo nos últimos dois anos. O déficit atuarial é um estudo que projeta a situação do Diviprev nos próximos anos. O agravamento do déficit atuarial do Diviprev ocorreu a partir de 2016, ano em que foi elaborado o primeiro plano de amortização.

Se o déficit atuarial não for equacionado, no futuro o Divprev não conseguirá pagar todas as pensões e aposentadorias e para evitar uma possível insolvência, com prejuízos incalculáveis para aposentados e servidores da ativa que já estão contribuindo com o Instituto, foi elaborado o Plano de Custeio, que tem como objetivo amortizar o déficit técnico. De maneira simples, o Plano de Custeio prevê um repasse mensal extra por parte do município, a chamada alíquota suplementar. O Plano de Custeio deve ser bancado exclusivamente pelo Poder Executivo, já que o Diviprev é uma autarquia municipal.

SUPERÁVIT

Em 2006, através da Lei Complementar 126, sancionada pelo então prefeito Demetrius Pereira (na época filiado ao PT), o Diviprev passou por uma grande reestruturação. Naquele ano, foi estabelecida uma alíquota de 14,43% para a contribuição previdenciária patronal (Prefeitura) e de 11% para os servidores.

Ao deixar a Prefeitura em 2008, Demetrius Pereira entregou o Diviprev ao seu sucessor, Vladimir Azevedo (PSDB), com a situação financeira equilibrada e com superávit entre a receita das contribuições e o pagamento das aposentadorias. Em 2009, através do Decreto 9.031, tendo como justificativa “o persistente superávit do Instituto”, Vladimir Azevedo reduziu a alíquota de contribuição da Prefeitura de 14,43% para 12,73%.

Em 2016, o prefeito Vladimir Azevedo, através do Decreto 12.097, institui o primeiro Plano de Custeio, prevendo um aporte extra da Prefeitura no Diviprev até o ano de 2050 para garantir a saúde financeira do Instituto.

Em 2020, último ano da gestão de Galileu Machado (MDB), através do Decreto 13.938, o então prefeito elevou a contribuição patronal para 14% e elaborou um novo Plano de Custeio, aumentando os percentuais para os aportes anuais do município no Diviprev. Ainda em 2020, a Lei Complementar 208 elevou a contribuição dos servidores de 11% para 14%.

Todos esses movimentos a partir de 2016 tinham como principal objetivo equalizar o déficit atuarial do Instituto. Entretanto, em razão da redução da proporção de servidores ativos para os inativos, o Instituto entrou numa oscilação entre receita e despesa, com o déficit atuarial atingindo a R$ 1,6 bilhão em 2023. Em 2022, esse déficit era de 1,4 bilhão.

AVLIAÇÃO ATUARIAL

Na avaliação atuarial de 2023 além de constatar a evolução do déficit técnico, pela primeira vez na história do Instituto, constatou-se a proporção de menos de dois servidores na ativa para cada aposentadoria. Segundo a Brasilis consultoria, a proporção no início desse ano era de 1,99 servidores ativos para cada benefício concedido. Em 2022, essa proporção era de 2,21 servidores ativos para cada benefício.

A avaliação desse ano realizada pela Brasilis Consultoria recomendou que o Plano de Custeio em vigor, através da alíquota suplementar crescente, deve ser mantido sem alterações.

Clique aqui e veja o Plano de Custeio completo elaborado pela Brasilis Consultoria

MUDANÇAS

Embora haja a recomendação para manter o atual Plano, o prefeito Gleidson Azevedo pretende aprovar alterações que promoverão uma substancial alternância nos percentuais anuais das alíquotas, contrariando a avaliação da Brasilis Consultoria, que recomenda a manutenção do atual Plano e com alíquota crescente.  Aproposta do prefeito, contida no Projeto de Lei 31/2023 em tramitação na Câmara, altera os percentuais sem obedecer a ordem crescente prevista no atual Plano de Custeio.

O Plano de Custeio em vigor, elaborado pela Brasilis consultoria prevê uma alíquota suplementar de 35,31% para 2024. O prefeito quer reduzir esse percentual para 29,86%. Por outro lado, o prefeito quer aumentar a alíquota de 36,87% em 2025 para 44,42%.

Pelo projeto do prefeito, novo aumento da alíquota suplementar está previsto para 2026, subindo de 38,43% para 44,37%. Esses aumentos na alíquota suplementar vão até 2030, porém, a partir desse ano, até o fim do Plano de Custeio em 2050, a alíquota suplementar sofrerá uma significativa redução. O Plano de Custeio em vigor prevê uma alíquota de 52,47% a partir de 2035 até 2050. Já a proposta do prefeito reduz essa alíquota para 43,77% e estende o Plano de Custeio por mais quatro anos, indo até 2054.

Clique aqui e veja as alíquotas propostas pelo prefeito

“Esperamos que a Câmara tenha o bom senso de realizar um estudo isento para sabermos com exatidão qual o impacto que essas mudanças poderão gerar para o plano de amortização do déficit técnico do Diviprev. Também vamos aguardar que haja um debate aberto para que os servidores tomem conhecimento do que essas mudanças pretendidas pelo prefeito podem representar e se haverá consequências. Entendemos que cabe ao Legislativo a responsabilidade de um amplo debate, pois a nosso ver, qualquer modificação ligada ao Diviprev, especialmente quando se trata de sua saúde financeira, deve ser debatida de forma transparente para conhecimento dos servidores e para que os próprios vereadores estejam preparados para votar. Estamos tratando do futuro de milhares de servidores e isso exige que questões políticas não podem interferir na decisão da Câmara”,  declarou o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Municipais de Divinópolis e Região Centro-Oeste (Sintram), Marco Aurélio Gomes.

Reportagem: Jotha Lee
Comunicação Sintram

 

 

 

 

Repasses da Prefeitura de Divinópolis para o INSS confirmam a farra dos contratos temporários e irresponsabilidade com o Diviprev

Repasses da Prefeitura de Divinópolis para o INSS confirmam a farra dos contratos temporários e irresponsabilidade com o Diviprev

Eduardo Print Júnior em seu pronunciamento na Câmara: “Vocês estão a caminho de quebrar o Diviprev” (Foto: Reprodução/TV Câmara)

Em pronunciamento na sessão da Câmara Municipal da última terça-feira (9), o presidente da Casa, Eduardo Print Júnior (PSDB), fez duras críticas à atual administração que não enviou informações solicitadas pelo vereador através de requerimento aprovado pelo plenário. O requerimento é um documento formal, que obrigatoriamente deve ser respondido pelo Executivo em 30 dias, conforme determina a legislação. Não responder a pedido de informação da Câmara pode culminar com a cassação do mandato.

Print Júnior reclamou especialmente por não ter recebido a informação oficial de quantos servidores contratados e efetivos estão trabalham hoje na administração municipal. No ano passado, o Portal do Sintram só conseguiu esses dados através da Lei de Acesso a Informação. ”O que eles querem esconder?”, interroga Print Júnior.

A resposta pode ser o fato de que nessa administração, há uma verdadeira farra de contratos temporários de trabalho. O Sindicato dos Trabalhadores Municipais de Divinópolis e Região Centro-Oeste (Sintram) obteve do então candidato a prefeito  Gleidson Azevedo (PSC) o compromisso firmado em cartório de reduzir esses contratos temporários e realizar concursos públicos. Entretanto, o prefeito vem descumprindo sua palavra e nenhum dos compromissos firmados com o Sintram foi cumprido.

A prestação de serviços ao município através de contratos temporários causa um enorme prejuízo aos servidores estatutários e principalmente ao Instituto de Previdência dos Servidores Municipais de Divinópolis (Diviprev). Os servidores sob contratos temporários contribuem para o INSS, o que impacta diretamente  no Diviprev. Com um déficit atuarial de R$ 1,6 bilhão (R$ 1.665.119.789,44) em 2023 e a queda gradativa da proporção de servidores ativos para cada aposentado, o que o Diviprev precisa emergencialmente é aumentar suas receitas e só há duas possibilidades para isso sem causar mais prejuízos aos servidores: a ocupação das vagas temporárias por servidores efetivos via concurso público e os rendimentos dos ativos do patrimônio liquido do Instituto. Entretanto, na segunda hipótese, é preciso contar com o bom humor do mercado financeiro e manter os rendimentos na carteira ao invés de usá-los para cobrir o déficit orçamentário, como ocorreu nos dois últimos anos.

AUMENTO DE 118%

Em outubro do ano passado, através da Lei de Acesso à Informação, o Portal do Sintram obteve da Secretaria Municipal de Administração, o número de servidores efetivos e contratados. Segundo os dados oficiais, naquele mês a Prefeitura contabilizava 4.770 servidores, sendo 3.411 efetivos e 1.359 contratados temporariamente. Nesses números não estão incluídos os dados das empresas terceirizadas, como é o caso da UPA, para citar um exemplo, como também não estão contabilizados os ocupantes de cargos comissionados que não fazem parte do quadro efetivo e os estagiários. Um cálculo sem embasamento científico por falta de dados oficiais aponta que hoje os contratos temporários se aproximam de 1.800.

No cenário de outubro do ano passado, os contratados representavam 30% do quadro funcional do Executivo, sem a inclusão de terceirizados, comissionados e estagiários. Embora a Prefeitura tente esconder os números oficiais de servidores contratados, que não estão disponíveis no Portal Transparência, os repasses do município ao INSS, que obrigatoriamente são declarados nos relatórios de execução orçamentária, mostram o tamanho da farra da atual gestão na utilização dos contratos temporários.

Em 2020, último ano da gestão Galileu Machado (MDB), a título de contribuição previdenciária dos servidores contratados, a Prefeitura repassou ao INSS R$ 4,8 milhões (R$ 4.843.168,48). Em 2021, primeiro ano da gestão Gleidson Azevedo, esse repasse pulou para R$ 5,1 milhões (R$ 5.097.418,02). Já em 2022, o repasse para o INSS saltou para  R$ 10,5 milhões (R$ 10.597.300,76). Na comparação com 2020, os repasses para o INSS tiveram um aumento de 118,80% em 2022, o que significa que o atual prefeito aumentou em mais de 100% os trabalhadores com regime de contratos temporários.

Nos primeiros dois anos da atual gestão, a Prefeitura deixou de recolher mais de R$ 16 milhões aos cofres do Diviprev a título de contribuição previdenciária. Esse dinheiro foi parar na conta do INSS. Os números mostram que a partir da gestão Gleidson Azevedo, o Instituto começou a trabalhar com saldo negativo entre receita orçamentária e despesa. Em 2020, último ano do governo Galileu, o Diviprev fechou com saldo positivo de R$ 12,9 milhões. Já a partir do governo Gleidson Azevedo, o saldo entre receita e despesa do Diviprev entrou no vermelho. Em 2021, o Instituto fechou com saldo negativo de R$ 22,1 milhões e no ano passado o déficit pulou para R$ 28,7 milhões, conforme mostra a tabela abaixo:

Em seu pronunciamento na última terça-feira na sessão da Câmara, Eduardo Print Júnior abordou esses números. Disse que o a administração Gleidson  Azevedo maquia os dados e afirmou que não existe economia de R$ 10 milhões com a redução de cargos comissionados, como o prefeito anunciou na semana passada. Falando diretamente ao Executivo, Print Júnior disparou: “Não existe economia de R$ 10 milhões. Basta ver o aumento com os contratados. [o dinheiro] está tudo lá”. O presidente acusou o prefeito de usar os contratos temporários para abrigar aliados. “Quantos já foram nomeados [contratados] na saúde? Quantos foram na Educação? E os contratos das terceirizadas, quantos são?”, interrogou Print Júnior e disparou em seguida: “Vocês estão rumo a quebrar o Divirpev”.

Quanto ao prefeito não responder ao ofício enviado por Print Júnior solicitando informações, o presidente da Câmara tem o recurso do Decreto-Lei 201/1967, que define crimes de prefeitos e vereadores. De acordo com o inciso III, do artigo 4º do Decreto, “desatender, sem motivo justo, as convocações ou os pedidos de informações da Câmara, quando feitos a tempo e em forma regular”, configura infração político-administrativa do prefeito. Essa infração está sujeita ao julgamento pela Câmara dos Vereadores e a punição é a cassação do mandato.

Reportagem: Jotha Lee
Comunicação Sintram