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Prefeito e onze vereadores são os responsáveis pela paralisação dos motoristas do transporte urbano

Prefeito e onze vereadores são os responsáveis pela paralisação dos motoristas do transporte urbano

Numa tumultuada reunião na manhã desta segunda-feira, o prefeito Gleidson Azevedo fez um acordo provisório com os motoristas (Foto: Diretoria de Comunicação/PMD)

O prefeito Gleidson Azevedo (novo) e onze vereadores são os responsáveis pela paralisação dos trabalhadores do transporte coletivo urbano de Divinópolis, que deflagraram greve no início da manhã desta segunda-feira (28). O movimento foi motivado pela aprovação do Projeto de Lei 20/2023, de autoria do prefeito, que definiu os valores das multas a serem aplicadas em caso de descumprimento das regras do contrato de concessão do transporte coletivo urbano.

De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários de Divinópolis (Sintrodiv) as multas são pagas pelos motoristas e a fixação dos valores aprovada na quinta-feira passada elevaria o valor muito acima da capacidade financeira dos trabalhadores.

Na manhã desta segunda-feira (28), o prefeito convocou uma reunião de emergência com os representantes dos motoristas e fechou um acordo de 10 dias. Pelo acordo, o Projeto de Lei 20/2023 não será sancionado imediatamente. Foi estabelecido um prazo de 10 dias, segundo a Prefeitura, para “que sejam conhecidas pontualmente as reivindicações da classe profissional e estudar modificação na lei, conforme explanado na reunião”. Logo após o encontro que aconteceu no Centro Administrativo, os ônibus voltaram a circular normalmente, o que ocorreu pouco depois das 11h.

Pouco depois das 11h, após o fechamento do acordo, os ônibus voltaram a circular (Foto: Jotha Lee/Sintram)

ENTENDA O CASO

Em abril desse ano o prefeito Gleidson Azevedo emplacou uma profunda mudança na Lei 3.230/1992, que regula a legislação municipal sobre transporte coletivo. As alterações foram feitas através da Lei 9.180/2023 sancionada no fim do mês de abril.

As modificações trouxeram, entre as muitas novidades, uma lista de 25 infrações às regras contratuais, passiveis de multas. A maioria dessas infrações passíveis de multas foi direcionada ao condutor do veículo conforme a nova redação dada à Lei 3.230.

Foi através desse mesmo projeto, que o prefeito tentou, pela primeira vez, aumentar o valor das multas cobradas pelas infrações. Pela legislação que ainda estava em vigor, os valores das multas eram de R$ 24,25, R$ 38,80, R$ 58,21 e R$ 97,02. O prefeito tentou elevar as multas para  R$ 194,04 (multa leve), R$ 388,09 (multa média) e R$ 508,12 (multa grave). Uma emenda do vereador Eduardo Print Júnior (PSDB) reduzia esses valores a R$ 48,51, R$ 97,02 e R$ 194,04. O prefeito vetou a emenda e o veto foi mantido na Câmara com voto contrário apenas do vereador Rodrigo Kaboja (PSD). Ao sancionar a Lei 9.180, o prefeito retirou os valores iniciais previstos paras as multas e estabeleceu que penalizações aos infratores seriam calculadas com base na Unidade Padrão  Fiscal do Município de Divinópolis (UPFMD), porém sem a fixação dos valores.

O Projeto de Lei 20/2023, aprovado na quinta-feira passada e que gerou a greve desta segunda (28), foi mais uma tentativa do prefeito Gleidson Azevedo de emplacar os valores das multas conforme havia tentado em abril. Pelo projeto do prefeito aprovado por 11 vereadores, as multas serão calculadas pela UPFMD, que até dezembro vale R$ 97,02. A multa para infração leve será de duas UPMDs (R$ 194,04), infração média (R$ 388,08) e infração grave (R$ 582,12).

A paralisação do transporte coletivo nesta segunda-feira tem como únicos responsáveis o prefeito e os 11 vereadores. Só votaram contra a proposta os vereadores da oposição. Alguns parlamentares, de partidos considerados neutros, também votaram a favor do aumento das multas para penalizar os motoristas.

Votaram contra o aumento das multas: Edsom Sousa, Flávio Marra, Rodyson do Zé Milton e Eduardo Print Júnior.

Votaram a favor do aumento: Ana Paula do Quintino, Anderson da Academia, Ney Burger, Wesley Jarbas, Diego Espino, Ademir Silva, Hilton de Aguiar, Josafá Anderson, Piriquito Beleza, Roger Viegas e Zé Braz.

Reportagem: Jotha Lee
Comunicação Sintram

 

 

 

 

Perfil no Instagram que denunciou esquema de propina na Câmara já mudou o nome de usuário sete vezes

Perfil no Instagram que denunciou esquema de propina na Câmara já mudou o nome de usuário sete vezes

O presidente interino da Câmara, Israel de Farmácia, não tomou nenhuma medida em defesa da instituição (Foto: Diretoria de Comunicação/CMD)

A Polícia Civil de Divinópolis receberá uma segunda representação solicitando a investigação de uma denúncia postada na página @noticiasebabadosdiv no Instagram no início desse mês sobre um possível esquema de recebimento de propina na Câmara Municipal de Divinópolis para aprovação de projetos. A denúncia, postada através de um documento contendo uma assinatura que seria do prefeito Gleidson Azevedo (Novo) afirma que “alguns empresários” denunciaram que dentro da Câmara existe um esquema de pedido de propina para a aprovação de projetos, especialmente alterações no zoneamento urbano da cidade. Afirma, ainda, que o pagamento da propina é feito até mesmo dentro da própria Câmara.

A denúncia cita nominalmente os vereadores Eduardo Print Júnior, Rodrigo Kaboja, Hilton de Aguiar, Israel da Farmácia, Rodyson do Zé Milton e Roger Viegas, como integrantes do esquema. Diz ainda que há outros vereadores que fazem parte do grupo.

Apesar da gravidade da denúncia e de o documento conter supostamente sua assinatura, o prefeito Gleidson Azevedo não se manifestou. Essa nova “denúncia” aumentou a tensão entre parte do Legislativo e o Executivo, já que o afastamento dos vereadores Rodrigo Kaboja (PSD) de suas funções, e de Eduardo Print Júnior (PSDB), da presidência da Câmara, ocorrido no dia 25 de maio, teria sido motivado por uma denúncia feita ao Ministério Público pelo prefeito. Segundo o próprio MP, o prefeito gravou clandestinamente conversas que foram usadas para deflagrar a operação que afastou os vereadores. O prefeito também não se manifestou nesse caso. (Veja reportagem)

POLÍCIA CIVIL

No dia 3 de agosto, o vereador Roger Viegas (Republicanos), o único que teve o nome citado na postagem que denunciou o esquema de propina na Câmara a se manifestar publicamente, representou junto a Polícia Civil com um pedido de investigação do perfil e da veracidade do documento. Viegas negou qualquer participação em esquemas e se colocou à disposição para ser investigado.

A segunda representação foi aprovada pela Câmara na sessão desta quinta-feira (10) através de um requerimento assinado pelo vereador Edsom Sousa (Cidadania). O requerimento encaminhado ao Delegado Regional de Polícia Civil, Cleovaldo Marcos Pereira, pede “uma investigação sobre a veracidade e origem do documento da postagem realizada pela página do Instagram @noticiasebabadosdiv, bem como seja realizada uma perícia grafotécnica para atestar a veracidade da assinatura do Prefeito no documento”.

Na reportagem postada no dia 2 desse mês, o Portal do Sintram disponibilizou uma comparação da assinatura real do prefeito e a assinatura contida no documento publicado no Instagram. O objetivo foi proporcionar ao internauta fazer uma comparação e tirar suas conclusões. Veja:

CÂMARA NÃO SE POSICIONA

Apesar da gravidade da denúncia, citando inclusive o presidente em exercício, Israel da Farmácia, e o presidente afastado, Eduardo Print Júnior, a instituição Câmara não fez nenhuma manifestação. O presidente interino, Israel da Farmácia, que ao longo do seu mandato se notabilizou por apoiar a conduta do prefeito, apesar de citado no suposto esquema, não determinou nenhuma medida em defesa dos vereadores citados e da própria instituição. Israel é autor de cinco projetos de lei de alteração do zoneamento urbano, três deles apresentados no primeiro semestre desse ano. São esses projetos que seriam o motivo do pagamento de propina.

A PÁGINA NO INSTAGRAM

A página no Instagram @noticiasebabadosdiv, que publicou a denúncia atribuída ao prefeito, ainda mantém a postagem, inclusive com uma montagem apresentando a foto dos vereadores citados. A página foi criada em março desse ano e em apenas quatro meses já tem 25,1 mil seguidores. Informações fornecidas pelo próprio Instagram indicam que o nome de usuário da conta já foi alterado sete vezes, sendo quatro mudanças somente nos últimos 90 dias.

Segundo o Instagram, o número de vezes que uma conta altera o próprio nome de usuário pode ajudar a identificar se a conta é autêntica ou enganosa. No caso da conta que publicou a denúncia contra os vereadores, pelo conteúdo disponível, não há dúvida tratar-se de um perfil destinado a defender o prefeito Gleidson Azevedo e atacar seus adversários políticos.

Reportagem: Jotha Lee
Comunicação Sintram