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VOCÊ SABIA? Salário atual do prefeito de Divinópolis é 34 mil vezes maior do que em 1951

VOCÊ SABIA? Salário atual do prefeito de Divinópolis é 34 mil vezes maior do que em 1951

Em 1916 foi construída a nova estação da Rede Mineira de Viação (Foto: Reprodução)

O Portal do Sintram segue com a série de reportagens sobre Divinópolis do ponto de vista da legislação municipal a partir de 1949. As reportagens anteriores trataram de vários temas, entre eles a criação dos feriados municipais, salários dos servidores e o início efetivo da instalação da rede escolar municipal. Essas reportagens fazem parte de uma pequena colaboração do Sindicato dos Trabalhadores Municipais de Divinópolis e Região Centro-Oeste (Sintram) às vésperas das comemorações dos 112 anos de emancipação político-administrativa do município, que ocorreu em 1912. O Sintram quer mostrar a história recente do município, contada a partir das leis aprovas pelos vereadores.

Entramos hoje na década de 1950 e a legislação municipal é rica ao mostrar os primeiros passos no crescimento da cidade. Entre os temas em destaque nesta reportagem estão o salário do prefeito e a evolução demográfica de Divinópolis.

SALÁRIO DO PREFEITO

Em 1950 o então prefeito Jovelino Rabelo sancionou a Lei 158, fixando o salário do prefeito e do vice-prefeito para o quatriênio iniciado em 1951. Com um orçamento de Cr$ 2.695.000,00 (dois milhões, seiscentos e noventa e cinco mil cruzeiros) para 1951, a Lei sancionada por Jovelino Rabelo definiu o salário do prefeito em Cr$ 2.500,00 (dois mil e quinhentos cruzeiros). Já o vice-prefeito teria um salário de Cr$ 500,00 (quinhentos cruzeiros).

De acordo com o conversor de moedas do Banco Central, o salário do prefeito paga em 1951 corresponde a R$ 0,99 (noventa e nove centavos de real) em abril de 2024. Assim, o salário do prefeito Gleidson Azevedo em abril de 2024, no valor de R$ 30.521,8, é 34 mil vezes maior que o salário de 1951. A comparação tem como objetivo apenas mostrar a discrepância da moeda brasileira, que passou por transformações ao longo dos anos por razões diversas, que não estão em discussão nesta reportagem. Entretanto, os valores mostram que o salário pago hoje ao Chefe do Executivo foi infinitamente valorizado.

Na verdade, em 1951, o salário do prefeito era simbólico, como mostra a Lei 161/1950, que fixou salários de servidores para o ano seguinte muito acima do salário pago ao prefeito e ao vice-prefeito. Enquanto o prefeito tinha um vencimento de Cr$ 2,5 mil cruzeiros, O secretário da Prefeitura (havia uma única secretaria) recebia mensalmente Cr$ 21,6 mil cruzeiros. O chefe do serviço de obras recebia Cr$ 24 mil cruzeiros, enquanto o engenheiro fiscal  tinha a remuneração de Cr$ 18 mil Cruzeiros. Clique aqui e veja outros salários dos servidores em 1951 acima dos salários do prefeito.

GREVE DOS FERROVIÁRIOS

Visão da estação ferroviária em 1950, ano da greve dos ferroviários (a foto foi colorizada)

Em reportagem anterior, o Portal do Sintram destacou que Jovelino Rabelo era socialista e tinha como foco o trabalhador. Em 1950, os ferroviários da Rede Mineira de Viação fizeram o primeiro grande movimento grevista na cidade. Há poucos registros históricos sobre a greve, porém sabe-se que 300 ferroviários aderiram ao movimento.

Em maio de 1950, Jovelino  Rabelo sancionou a Lei 146, concedendo um auxílio da Prefeitura no valor de Cr$ 8 mil cruzeiros aos ferroviários em greve. Os ferroviários eram servidores federais.

POPULAÇÃO

O ano de 1950 também mostrou o início da expansão demográfica de Divinópolis. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) a população de Divinópolis em 1º de Julho de 1950 era de 33.438 moradores. Ao comparar com outros municípios, é possível ver a dimensão do crescimento demográfico de Divinópolis.

Várias cidades que hoje possuem população infinitamente inferior a Divinópolis e que, em 1950, eram muito superiores em número de habitantes. Veja alguns exemplos na tabela:

Em 1970, a população de Divinópolis saltou para 80.344 moradores e a cidade passou a ser a 10ª do Estado em número de habitantes. Em 1980 a população saltou para 117.333 e chegou a 170.753 moradores em 1996. Em 2010, no penúltimo censo realizado pelo IBGE, a população da cidade atingiu a 213.016 habitantes e, em 2022, no último censo, foram contabilizados 231.091 moradores.  De 1950 a 2020, o crescimento da população divinopolitana foi de 591,10%.

Reportagem: Jotha Lee
Comunicação Sintram

VOCÊ SABIA? Salário de professor da rede municipal de ensino de Divinópolis foi a Cr$ 154 mil

VOCÊ SABIA? Salário de professor da rede municipal de ensino de Divinópolis foi a Cr$ 154 mil

A foto mostra a obra em andamento da construção da escola do Bairro Catalão, criada em 1949 (Foto: Arquivo Público Municipal)

Às vésperas das comemorações dos 112 anos de emancipação político-administrativa de Divinópolis, o Portal do Sintram continua apresentando reportagens com curiosidades históricas do ponto de vista da Legislação Municipal. Nas duas reportagens anteriores, tratamos dos feriados municipais e das primeiras definições salariais para os servidores da Prefeitura.

Na reportagem de hoje, voltamos a abordar questões ligadas ao funcionalismo municipal, na visão do ano de 1949. Foi nesse ano que ocorreu a aprovação da primeira lei para regulamentar a organização administrativa do município. Também foi nesse ano em que ocorreu a criação de escolas municipais, com autorização para contratação de professores.

Com um orçamento para o município de Cr$ 2.527.055,00 (dois milhões, quinhentos e vinte e sete mil e cinquenta e cinco cruzeiros) em 1949, o então prefeito Jovelino Rabelo fez um governo socialista, garantindo através da Lei 70 o abono de 7% sobre o salário do servidor chefe de família. O benefício também era estendido à esposa do servidor, mesmo que não fosse servidora da Prefeitura. Essa lei já foi revogada.

Foi nesse ano que começou, de fato, a organização da rede municipal de ensino. Jovelino Rabelo sancionou a Lei 68/49, criando 40 escolas municipais, com um efetivo de 59 professores. Chama a atenção que a maioria das escolas estava localizada nas comunidades rurais. No que hoje consideramos zona urbana, eram apenas três escolas nos bairros Catalão, Niterói e Vila Belo Horizonte. Veja a relação das escolas criadas em 1949.

Entre as escolas criadas em 1949, está a Escola Municipal Antônio Pio da Silva, localizada na comunidade do Ferrador. Hoje a escola atende a 60 alunos, desde a educação infantil até o 5º ano do ensino fundamental. Também foi em 1949 a criação do primeiro Jardim de Infância da cidade, que atendia somente quem podia pagar a taxa de manutenção.

Também foi nesse ano, através da Lei 88/1949, a criação da Escola Municipal de Música, que hoje leva o nome do maestro Ivan Silva. No primeiro ano de funcionamento, a escola tinha um único professor, com salário de Cr$ 7.200,00. Em 2023, através da Lei 9.239, a escola de música foi reconhecida como patrimônio histórico e cultural da cidade, através de um projeto de lei de autoria do vereador Flávio Marra.

O ano de 1949 foi dedicado pelo prefeito Jovelino Rabelo para cuidar da área educacional da cidade, como também para tratar da primeira organização administrativa da Prefeitura, o que ocorreu através da Lei 78. A Lei estabeleceu os departamentos e cargos públicos. A prefeitura passou a possuir uma Secretaria (sem nome), que funcionava como o órgão organizador das atividades dos servidores. De acordo com a lei, eram responsabilidades da Secretaria serviços de expediente, policia e economia interna da prefeitura, além de informações, publicações e superintendência da portaria.

Entre os cargos criados chama a atenção do Auxiliar-Datilógrafo (hoje digitador), o Contínuo (hoje Office-boy) e o cargo de motorista, em razão de sua identificação na Lei:  “Chaufer”, como está expresso na lei que criou o cargo.

A Lei 119/1949 fez algumas modificações na estrutura administrativa, alterando a remuneração de algumas categorias. O segundo melhor salário da época era o de secretário, cujo vencimento era de Cr$ 18 mil cruzeiros. Já os melhores salários da Prefeitura em 1949 eram pagos aos professores. Os professores do chamado quadro A, tinham vencimentos de Cr$ 42 mil cruzeiros. Já os chamados professores do quadro B, recebiam Cr$ 158.400,00 (cento e cinquenta e oito mil e quatrocentos cruzeiros).

O QUE REVELA A HISTÓRIA?

Pode até parecer que havia uma enorme discrepância entre os salários dos professores em relação aos demais servidores. Entretanto, a história revela através desses números e leis municipais, o quanto os governos desvalorizaram o professor e a educação a partir da década de 1960, quando um golpe militar derrubou o governo civil. Se em 1949 a educação era prioridade, com o passar dos anos revela-se que, pelas políticas de Estado, seguidas ao pé da letra por estados e municípios, a formação educacional do cidadão brasileiro deixou de estar entre as prioridades das políticas públicas, incluindo a desvalorização acelerada do professor.  

A política salarial mudou e o professor hoje é mal remunerado, se considerarmos os salários pagos a outros cargos. Ao longo dos anos, o professor perdeu sua autoridade nas salas de aula, por força de um novo modelo educacional que impede atitudes por vezes mais duras, mas que, aplicadas corretamente, são essenciais na formação do ser humano.

Reportagem: Jotha Lee
Comunicação Sintram