O segundo turno das eleições municipais neste domingo (29) deu números finais ao domínio estabelecido pelos partidos do centro político sobre as cidades brasileiras. MDB, PSD, PP e DEM, legendas consideradas fiéis da balança no Congresso Nacional, vão governar cerca de 43% da população brasileira. O MDB, embora tenha conquistado o maior número de Prefeituras, foi também a legenda que mais perdeu em relação às eleições de 2016.
Esses quatro partidos conquistaram 13 das 25 capitais brasileiras em disputa (Macapá, capital do Amapá, teve seu pleito adiado para dezembro devido ao apagão que atingiu o estado, e Brasília não realiza eleições municipais, embora o Distrito Federal seja governado pelo MDB). Além disso, conquistaram 43 dos 96 maiores municípios brasileiros (capitais e cidades com mais de 200 mil eleitores) e 2.591 do total de 5.570 cidades do país.
Se somadas as populações das cidades onde MDB, PSD, PP e DEM venceram as eleições, chega-se a 90,2 milhões de pessoas cujo dia a dia será administrado por prefeitos desses partidos. O contingente é próximo à metade do total de brasileiros, segundo a consolidação mais recente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O MDB tem a dianteira, com 26 milhões de habitantes em 786 cidades, incluindo cinco capitais — os números de cidades e capitais são os maiores para um único partido em 2020. O DEM governará 24,4 milhões de habitantes, metade dos quais estão em Rio de Janeiro (RJ), Salvador (BA) e Curitiba (PR). O PSD terá 23 milhões, com destaque para Belo Horizonte (MG), e o PP governará 16,6 milhões, mesmo sem ter vencido nenhuma cidade com mais de 1 milhão de habitantes.
Além desse grupo, o PSDB fecha a lista dos 5 partidos que chefiarão mais prefeituras a partir de 2020, e aproveitou o segundo turno para melhorar o seu retrato nas urnas. A sigla foi a que mais perdeu prefeitos e vereadores em números absolutos, mas manteve o comando da maior cidade do país, São Paulo (SP), e levou 18 dos 96 maiores municípios. Ao todo, o PSDB governará a maior fatia do país para um partido só: 34 milhões de pessoas, ou 16% da população nacional. Mais de um terço desse total está apenas na capital paulista.
O resultado do segundo turno também confirmou a redução do espaço dos partidos tradicionais de esquerda. PDT, PSB, PT e PCdoB perderam prefeituras em relação a 2016 e governarão, juntos, 27 milhões de habitantes, ou menos de 13% da população total. O grupo venceu em apenas 12 das 96 maiores cidades.
Apenas quatro capitais serão chefiadas por essas legendas, todas no Nordeste: Recife (PE) e Maceió (AL) com o PSB, Fortaleza (CE) e Aracaju (SE) com o PDT. É a primeira vez desde a redemocratização do país que o PT não elege nenhum prefeito de capital.
Em contraste com os demais partidos da esquerda, o PSOL aumentou o seu capital eleitoral em 2020 e conquistou a prefeitura de Belém (PA), que passará a ser a maior cidade já administrada pelo partido em toda a sua história.
Entre os candidatos apoiados publicamente pelo presidente Jair Bolsonaro, o único a obter sucesso nas urnas é de Rio Branco (AC). O PSL, partido pelo qual Bolsonaro se elegeu em 2018, comandará mais prefeituras, mas nenhuma delas está entre as 96 maiores do país. Já o Republicanos, partido de dois dos três filhos do presidente, levou três grandes cidades, entre elas uma capital — Vitória (ES) — e uma com mais de 1 milhão de habitantes — Campinas (SP) —, mas perdeu o comando do Rio de Janeiro (RJ).
VEJA COMPARATIVO ENTRE AS ELEIÇÕES MUNICIPAIS DE 2016 E 2020
Fonte: Agência Senado