Um mês após atos golpistas, exposição em Brasília celebra a democracia

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Matéria especial um mês dos atentados golpistas

Inaugurada no primeiro dia de 2023, a exposição Brasil futuro: as formas da democracia, no Museu Nacional da República (MuN), em Brasília, é um espaço para a reflexão sobre a política nacional e o regime em permanente construção, especialmente após os atentados terroristas às sedes dos Três Poderes da República, em 8 de janeiro, que nesta quarta-feira (8) completam um mês.

A mostra planejada em 2022, no período de transição para o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foi efetivamente criada para marcar a retomada do setor cultural no Brasil, com a recriação do Ministério da Cultura e traz aspectos de novos direitos sociais e da pluralidade do país.

A diretora do Museu Nacional da República, Sara Seilert, conta que a importância da exposição ganhou novos contornos após os atos golpistas, atraindo um público maior e com mais repercussão: “Estamos atentos e, ainda, em resistência. Porque não é como se a democracia estivesse garantida nesse país. A gente tem que estar o tempo todo em trabalho de luta por essa conquista”.

Sara revelou à Agência Brasil que o Museu Nacional só não foi depredado, naquele domingo, porque houve agilidade para fechar as portas, logo que perceberam a grande movimentação de extremistas a caminho da Esplanada dos Ministérios.

Para a historiadora e antropóloga Lilia Schwarcz, uma das curadoras da mostra, o impacto dos atentados à democracia é imenso, mas, a tornará ainda mais forte. ”Nos momentos que parecem de maior plenitude da democracia, existem sempre ameaças golpistas, autoritárias, que vêm aí mostrar como este é um regime que precisa ser cuidado, amparado e aprimorado também”.

Lilia fez a curadoria da exposição ao lado do arquiteto Rogério Carvalho; do secretário-executivo do Ministério da Cultura, Márcio Tavares; além da contribuição do ator e comediante Paulo Vieira. “A gente tentou trazer a potência dos trabalhos dos artistas no sentido de projetar uma sociedade mais democrática, porque é mais plural e mais inclusiva. (…) Nossa intenção foi trazer esses agentes sociais se fortalecendo, se projetando na redemocratização e que resumem essa sociedade tão diversa, plural”.

Até 26 de fevereiro, quem for ao museu, no centro da capital, pode conferir as mais de 200 obras de 104 artistas, que buscam celebrar a democracia, transformando o museu em espaço de diálogo. O público é convidado a refletir sobre a riqueza de gênero, étnica, regional e de linguagens presentes na cultura do Brasil.

Sobre as artes visuais em exposição – como telas, esculturas, bordados e colagens –, algumas foram cedidas por artistas contemporâneos e outras compõem o acervo do próprio Museu da República e da Presidência da República.

Um dos quadros destacados no centro da exposição tem o título A Queda do Céu e a Mãe de Todas as Lutas, da ativista Daiara Tukano. Nascida em São Paulo e residente em Brasília, a artista e educadora pintou a tela de 4 metros (m) por 2m no próprio espaço, especialmente para o evento. No site da artista, ela afirma que “honrar a verdade e a memória de nosso povo é seguir nossa luta e celebrar nossa identidade”.

SERVIÇO

Data: até 26 de fevereiro
Horário: das 9h às 18h30, de terça-feira a domingo
Visitação gratuita
Local: Museu Nacional da República – Setor Cultural Sul, Lote 2. Ao lado da Catedral e próximo à Rodoviária do Plano Piloto, em Brasília (DF)

Fonte: Agência Brasil
Fotos: Jadson Alves/ABr

 

 


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