O Sindicato dos Trabalhadores Municipais de Divinópolis e Região Centro-Oeste (Sintram) vai tentar suspender o reinício das atividades presenciais nas escolas das redes pública e privada da cidade de Bom Despacho. No início desse mês, o prefeito da cidade, Bertolino da Costa Neto (Avante), assinou o decreto 8.968, autorizando “a retomada das aulas presenciais nos estabelecimentos públicos e privados de ensino e também a retomada do transporte escolar”. O decreto autorizou o reinício das atividades a partir desta segunda-feira (17) sob o argumento de que “o ensino por meio de metodologias remotas tem sido um fator de acirramento de barreiras educacionais, tendo em vista que ainda há um relevante contingente de alunos com problemas de acessibilidade à internet”. O prefeito também considera que “prolongados períodos de afastamento do ambiente escolar presencial podem potencializar a evasão escolar”.
Com os professores ainda sem receber a vacina contra a covid-19, bem como os alunos e a maioria dos pais, o prefeito considera que o protocolo elaborado para o retorno das aulas presenciais será suficiente para evitar a transmissão do vírus. O retorno está planejado para ser feito de forma gradual na rede municipal de ensino, devendo iniciar com a etapa do Ensino Fundamental do primeiro ao nono ano e posteriormente com os alunos da Educação Infantil.
SINTRAM
O vice-presidente do Sintram, Wellington Silva, diz que o sindicato tem posição contrária à volta do ensino presencial, uma vez que o vírus ainda está fora de controle. Além disso, a região permanece na onda vermelha, o que significa que o grau é de alerta máximo. “Nossa posição contrária ao retorno das aulas presenciais é baseada em evidências de que ainda estamos passando por uma fase temerária em toda a região. O número de mortes no Centro-Oeste do Estado continua crescendo, o contágio é muito alto e, além disso, os professores sem receber a vacina, ficam totalmente expostos, mesmo com o prefeito acreditando que um protocolo pode conter o vírus”, argumenta Wellington Silva.
Para o vice-presidente do Sintram, no papel o protocolo pode até parecer eficaz, porém não há controle possível para acompanhar o cumprimento das regras estabelecidas. “É impossível controlar, por exemplo, as aglomerações com o retorno às aulas. Outro fator é o distanciamento social, pois mesmo que as crianças recebam todas as orientações, não será possível controlar o distanciamento entre elas em um ambiente escolar”, diz Wellington Silva.
MORTES
Bom Despacho é a terceira cidade da região Centro-Oeste com o maior número de mortes em decorrência da covid-19, ficando atrás somente de Divinópolis e Lagoa da Prata, cidades que têm populações maiores. De acordo com o boletim divulgado nesta segunda-feira (17) Bom Despacho já registrou 67 óbitos, com 6.843 casos notificados e 3.023 confirmados. Divinópolis, com uma população de 240.408 habitantes, registrou até esta segunda-feira (17) 374 óbitos. Já Lagoa da Prata, com população de 52.711 moradores, registrou 106 mortes.
VACINÔMETRO
Outro fator preocupante para o retorno às aulas em Bom Despacho é o baixo índice de vacinação da população. De acordo com o vacinômetro da Secretaria de Estado da Saúde de Minas Gerais (SES-MG), Bom Despacho recebeu até agora 18.158 doses de vacina. Ainda segundo a SES, 9.001 pessoas receberam a primeira dose na cidade, o que representa apenas 17,63% da população, que é de 51.028 habitantes. Já na segunda dose foram vacinadas 5.302 pessoas, o que representa apenas 10,39% da população.
“Os números estão aí e é difícil argumentos sólidos para contradizer esses dados. Esperamos que o prefeito de Bom Despacho repense esse retorno às aulas. Como médico, o prefeito sabe melhor do que ninguém dos riscos que isso representa tanto para professores quanto para os alunos. Nossa expectativa é de que essa medida seja revista”, conclui Wellington Silva.
Reportagem: Jotha Lee
Comunicação Sintram