Servidores da educação de Minas protestam pelo pagamento do 13° salário

Dezenas de servidores estaduais da educação participaram de um protesto, nesta quinta-feira (16), em frente ao prédio Minas da Cidade Administrativa, em Belo Horizonte, reivindicando o pagamento do 13° salário para quem recebe acima de R$ 2 mil mensais e também pedindo que o Governo Estadual pague o piso salarial da categoria.

Na manifestação, que foi organizada pelo Sind-UTE/MG (Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais), os servidores estenderam faixas no gramado e usaram camisetas com frases de protesto pelo não pagamento. Até o momento, somente os funcionários com salários até R$ 2mil mensais receberam o 13° salário de 2019 no Estado. “Não há previsão de pagamento para quem recebe mais, quase metade da categoria”, reclama o diretor de comunicação do Sind-UTE, Paulo Henrique Santos Fonseca.

Profissionais de todas regiões do Estado participaram de uma vigília. Os professores estão indignados porque os servidores da segurança pública foram pagos e o governador Romeo Zema pediu tolerância às demais categorias.

Enquanto a vigília acontecia na parte de fora do prédio, representantes do Sind-UTE se reunirm, dentro do prédio Minas com as secretarias de Estado de Educação e de Planejamento. Foi debatido sobre o processo de designação, que já está em curso neste mês de janeiro. O Estado contrata servidores da educação de várias formas, e os designados são aqueles que não são concursados. O sindicato quer celeridade e transparência na contratação de 2020. Somente nesta quinta-feira, foi publicada uma resolução de contratação para quatro escolas.

Outro problema apresentado pela categoria é que, faltando poucos dias para começar o ano letivo, no dia 10 de fevereiro, os pais ainda estão sem saber onde os filhos vão estudar. Isso acontece porque a Secretaria de Educação não publicou a chamada de encaminhamento dos estudantes. A princípio, a lista seria divulgada nessa quarta-feira (15).

O Sindicato disse que a Secretaria implementou um novo modelo de pré-matrícula online, e há muita burocracia no processo de apresentação dos documentos necessários e que muitas pessoas ainda não possuem acesso na Internet. Como base, o Sindicato citou os dados da PNAD (Pesquisa Nacional de Amostragem por Domicílio) que revelam que 6,5 milhões de mineiros não têm acesso à Internet.

Outra questão levantada é que os alunos agora são tratados como candidatos a vaga, e pode ser que muitos não consigam ter acesso a escola. Contrapondo a isto, o Sindicato lembra que estudar é um direito legal do cidadão e uma obrigação do Estado.

SITUAÇÃO DIFÍCIL

O professor de espanhol, Marcelo Abritta, de 57 anos, que trabalha em Leopoldina e em Além Paraíba, na Zona da Mata, enfrenta vários problemas. Ele recebe salário atrasado, não recebeu o 13º, ainda não sabe onde vai trabalhar, já que o espanhol foi retirado da grade, e não recebe da Secretaria a informação de onde o filho de seis anos vai estudar. “Sou efetivo e não sei se vou trabalhar este ano, pois retiraram da grade o ensino de espanhol”, reclama o professor.

Marcelo ainda revela que não tem dinheiro para pagar impostos como IPVA e IPTU. “Salário é pago sempre com dias de atraso. Não está sendo no quinto dia útil como combinado. Se não sair até o dia 5  de fevereiro, no início das aulas, vamos entrar em greve geral. A educação está sendo deixada de lado pelo governo Zema”, lamentou o professor.

O Sind-UTE informou que vão começar o ano letivo com chamada de greve. Uma assembleia está marcada para as 14h de 5 fevereiro.

Fonte: O Tempo