A Prefeitura de Divinópolis, em nota de pesar, confirmou a morte da servidora municipal Maria Lúcia Gabriel, de 64 anos, em decorrência da covid-19. Servidora efetiva desde 2011, Maria Lúcia era agente comunitária e atuava no Centro de Saúde do Bairro Icaraí. Apesar de estar no grupo de risco, servidores informam que ela continuava trabalhando. A Prefeitura não informou a data do falecimento.
A morte da servidora Maria Lúcia ocorre no momento em que o Ministério Público está investigando as medidas adotadas pela Prefeitura de Divinópolis para garantir a segurança dos servidores que estão em atividade. O inquérito civil foi instaurado pelo MP após denúncias formuladas pelo Sindicato dos Trabalhadores Municipais de Divinópolis e Região Centro-Oeste (Sintram). No início do ano, o vice-presidente do Sintram, Wellington Silva, e a diretora de formação sindical, Geise Silva, visitaram vários setores da Prefeitura onde havia maior risco de contágio. Durante as inspeções foram contatadas várias situações de risco, como a falta de equipamentos de proteção individual adequados e até de material de higiene.
Posteriormente, com a mudança da Secretaria Municipal de Saúde (Semusa) para o Centro Administrativo, Wellington Silva, esteve no local e constatou que os servidores da pasta foram instalados em salas reduzidas, com mesas dispostas sem distanciamento, além de falta de espaço para atendimento ao cidadão.
“Fizemos várias visitas aos centros de saúde, cemitérios, serviço do luto, entre outros locais, e o que presenciamos foram situações que deixam os servidores muito vulneráveis ao contágio. Servidores aglomerados em pequenas salas, material para proteção individual inadequado com as atividades específicas de cada servidor, higiene comprometida, entre outras situações que relatamos ao Ministério Público. O que nos deixa ainda mais preocupados é que não se tem conhecimento da adoção de medidas efetivas por parte da administração para mudar esse panorama”, relata Wellington Silva.
A presidente do Sintram, Luciana Santos, diz que a perda de um companheiro de trabalho para a covid-19 é dolorida para toda a classe. “Primeiramente, em nome da diretoria e todos os funcionários do Sintram, quero expressar nossas condolências e o mais profundo sentimento de pesar à família da nossa companheira Maria Lúcia. Também nossos sentimentos à todas as famílias divinopolitanas, que sofrem pela perda de entes queridos para esse vírus cruel. A perda de uma pessoa tão querida vítima da covid-19 não pode ser apenas mais um número nessa macabra estatística que cresce assustadoramente todos os dias. O governo do município precisa refletir sobre o que está sendo feito para proteger nossos servidores que continuam na ativa. Todos eles estão no grupo mais próximo do contágio, pois lidam com centenas de pessoas que precisam do serviço público. Estamos vivendo o momento mais letal da pandemia na cidade e até hoje não se falou em um planejamento efetivo para a proteção da nossa classe. Nossa expectativa é que o Ministério Público conclua esse inquérito e exija a tomada de providências por parte do município”, diz Luciana Santos.
Não se sabe quantos servidores do município foram contaminados até agora pelo coronavírus. A Prefeitura, desde o início da pandemia, não prestou informações nesse sentido. Também é desconhecido o número de servidores que faleceram em decorrência da pandemia. Nos últimos 20 dias, ocorreu o falecimento de seis servidores municipais. Somente a causa da morte da agente comunitária pela covid-19 foi confirmada pela Prefeitura.
Reportagem: Jotha Lee
Comunicação Sintram