Saúde confirma três casos suspeitos da síndrome nefroneural em Divinópolis

A Secretaria Municipal de Saúde de Divinópolis confirmou o registro de três casos suspeitos relacionados à síndrome nefroneural na cidade. Apenas um deles ainda apresenta alguns sintomas. Por se tratar de um registro do início de dezembro, na época não foi feita nenhuma associação à síndrome provocada pelo consumo da cerveja Belorizontina.     O paciente ainda com sintomas foi aconselhado a voltar ao médico que já havia iniciado o tratamento para novos exames, agora específicos. A secretaria vai continuar acompanhando o caso. Nos outros dois casos, os pacientes já apresentaram um quadro de melhora.

Essa semana a Vigilância Sanitária de Divinópolis iniciou a retirada da cerveja Belorizontina do mercado da cidade. Até agora 69 estabelecimentos comerciais foram fiscalizados e em apenas três deles foram encontrados a cerveja, mas não pertenciam aos lotes sob suspeita.

BRASÍLIA

Em Brasília, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) encontrou as substâncias monoetilenoglicol e dietilenoglicol na água usada para fabricação das cervejas Belorizontina, da cervejaria mineira Backer. Segundo integrantes do ministério, a água é utilizada para resfriamento do mosto – mistura de ingredientes que vão compor a cerveja após sua fermentação.

Essa água resfria o mosto sem entrar em contato direto com ele. Mas por ser uma água limpa e filtrada, ela também é incluída, posteriormente, no processo produtivo. Agora, o ministério investiga como essa substância foi parar na água.

“Conseguimos evidenciar que a água contaminada com glicol está sendo utilizada no processo cervejeiro. A gente não consegue afirmar ainda de que forma ocorre essa contaminação nesse tanque de água gelada, se é nesse tanque de água gelada ou se é numa etapa anterior”, disse Carlos Vitor Muller, coordenador-geral de vinhos e bebidas do Ministério.

A diretoria executiva da Backer, Paula Lebbos, já havia explicado que o uso do monoetilenoglicol é normal no processo de fabricação, uma vez que é usado para resfriamento, mas ressaltou que a cervejaria não utiliza o dietilenoglicol em seu processo produtivo.

O ministério trabalha com várias hipóteses de contaminação, como o uso incorreto da substância para acelerar o resfriamento e até mesmo sabotagem. “Nenhuma hipótese pode ser descartada no momento. Sabotagem pode ocorrer ou a utilização incorreta do etilenoglicol como agente de resfriamento para melhorar a performance de resfriamento desse mosto, ou você pode ter um vazamento de uma solução refrigerante para dentro dessa água”.

O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) poderá ajuizar ação civil contra a Cervejaria Backer para indenização das vítimas do rótulo Belorizontina, de sua fabricação, suspeito de contaminação pelas substâncias tóxicas etilenoglicol e dietilenoglicol, causador da síndrome nefroneural – em todo o Estado de Minas, há 17 casos notificados, com duas mortes já confirmadas.

Fonte: Semusa, Ministério da Agricultura e MPE