Ritmo de contágio pelo coronavirus em Divinópolis está no alerta máximo e cidade passa de 370 mortes

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Os principais indicadores que permitem o acompanhamento da covid-19 pioraram em Divinópolis nos últimos dias. A taxa de letalidade, que na semana passada ficou abaixo de 3%, voltou a ultrapassar essa marca e está em 3,05%, o que significa que de cada 100 pacientes pela covid-19, três morrem em Divinópolis. Já o ritmo de contágio, com a reabertura das atividades consideradas não essenciais na cidade, voltou a subir e atingiu o alerta máximo. Na semana passada, esse indicador chegou a fica em menos de 0,8%, agora atingiu a 1,27, o que significa que cada 100 pessoas atingidas pelo vírus, contaminam outras 127.

De acordo com o boletim epidemiológico divulgado na tarde desta segunda-feira pela Secretaria Municipal de Saúde (Semusa), Divinópolis atingiu a 374 óbitos em decorrência da covid-19. Quatro óbitos estão em investigação. Já foram notificados 63.146 casos (28.795 em homens e 34.351 em mulheres), dos quais 12.267 confirmados, o que significa que 5,10% da população da cidade já contraiu o coronavirus.

OCUPAÇÃO HOSPITALAR

A taxa de ocupação hospitalar na cidade também está subindo. Hoje a ocupação em leitos de unidades de terapia intensiva de toda a rede de saúde de Divinóolis está em 86,2%.  São 100 pessoas contaminas pelo coronavirus internadas em UTIs, das quais 59 residentes em Divinópolis e 41 residentes em outros municípios. Em enfermarias, são 115 internações, com ocupação de 67,6%.

HOMENS

Dos 374 óbitos registrados em Divinópolis, 202 são de pessoas do sexo masculino, o que representa 54,01%. Já do sexo feminino são 172 mortes, o que representa 45,98% do total de óbitos.

Essa situação em Divinópolis, com o maior número de vítimas fatais do sexo masculino, segue uma tendência nacional. Homens e idosos são as principais vítimas de casos graves e mortes por covid-19, segundo estudo que avaliou 178 mil pacientes no Brasil, sendo 33 mil com diagnóstico confirmado para a doença. Embora já fosse sabido que esses dois grupos eram mais suscetíveis ao novo coronavírus, é a primeira vez que essas constatações são apresentadas de maneira sistematizada, com análise de parâmetros laboratoriais de amostras de uma grande quantidade de pessoas em uma única pesquisa.

Os resultados do estudo, liderado pelo professor da Universidade de São Paulo (USP), Helder Nakaya, e com a participação do pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Bahia, Bruno Bezerril, foram descritos em artigo publicado no International Journal of Infectious Diseases. Além deles, a pesquisa também contou com especialistas de diversas instituições nacionais e internacionais.

Os resultados do estudo foram divulgados nesta segunda-feira (17) na página da Fiocruz. Os cientistas estabeleceram um perfil laboratorial dos pacientes, com a contagem completa de células sanguíneas, eletrólitos, metabólitos, gases no sangue arterial, enzimas, hormônios, biomarcadores de câncer, dentre outros.

Os resultados revelaram que pacientes idosos do sexo masculino têm valores laboratoriais significativamente anormais, incluindo marcadores inflamatórios mais elevados, em comparação com mulheres idosas. Biomarcadores de inflamação, como a proteína C reativa e ferritina, eram mais altos especialmente em homens mais velhos, enquanto outros marcadores, como testes de função hepática anormais, eram comuns em várias faixas etárias, exceto para mulheres jovens.

O estudo mostra, por exemplo, que pacientes com covid-19 podem apresentar complicações diferentes, como deterioração do fígado ou dos rins, inflamação sistêmica e coagulopatias, que podem ter resultados diferentes, na comparação entre homens e mulheres. “Enquanto 50,4% dos paciente homens com covid-19 mostraram evidência de coagulopatia, somente 39,7% das pacientes mulheres tiveram essas anormalidades. Quando somente pacientes em CTI foram considerados, os números aumentaram para 91,3% (em homens) e 82,8% (em mulheres)”, aponta o estudo.

Segundo os autores do estudo, por ser uma infecção multissistêmica, os pacientes com a forma grave da covid-19 passam por um processo chamado tempestade de citocinas, que é um indicativo de descontrole da inflamação. Isso acontece quando o corpo perde a capacidade de parar esse processo que combateria a doença, desencadeando problemas gravíssimos.

Uma hipótese levantada pelo estudo é de que pacientes mais idosos e do sexo masculino têm tendência a ter um descontrole maior da inflamação por conta dessa tempestade de citocinas. Homens e mulheres apresentaram alterações no sistema de coagulação e níveis mais elevados de neutrófilos, proteína C reativa, lactato desidrogenase, entre outros. Estas alterações foram substancialmente afetadas com o aumento da idade, e o impacto da idade se mostrou mais relevante em homens do que em mulheres.

Reportagem: Jotha Lee
Com informações da Agência Brasil

 

 

 


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