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Empresários bolsonaristas defendem golpe de Estado caso Lula seja eleito

Empresários bolsonaristas defendem golpe de Estado caso Lula seja eleito

 

Empresários apoiadores de Jair Bolsonaro passaram a defender abertamente um golpe de Estado caso Lula seja eleito em outubro, derrotando o atual presidente. A possibilidade de ruptura democrática foi o ponto máximo de uma escalada de radicalismo que dá o tom do grupo de WhatsApp Empresários & Política, criado no ano passado e cujas trocas de mensagens vêm sendo acompanhadas há meses pelo Site Metrópoles. A defesa explícita de um golpe, feita por alguns integrantes, se soma a uma postura comum a quase todos: ataques sistemáticos ao Supremo Tribunal Federal (STF), ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e a quaisquer pessoas ou instituições que se oponham ao ímpeto autoritário de Jair Bolsonaro.

O grupo reúne grandes empresários de diversas partes do país, como Luciano Hang, dono da Havan; Afrânio Barreira, do Grupo Coco Bambu; José Isaac Peres, dono da gigante de shoppings Multiplan; José Koury, dono do Barra World Shopping, no Rio de Janeiro; Ivan Wrobel, da construtora W3 Engenharia; e Marco Aurélio Raymundo, o Morongo, dono da marca de surfwear Mormaii.

O apoio a um golpe de estado para impedir a eventual posse de Lula ficou explícito no dia 31 de julho. José Koury, proprietário do shopping Barra World e com extensa atuação no mercado imobiliário do Rio de Janeiro, foi quem abordou o tema, ao dizer que preferia uma ruptura à volta do PT. Koury defendeu ainda que o Brasil voltar a ser uma ditadura não impediria o país de receber investimentos externos. “Prefiro golpe do que a volta do PT. Um milhão de vezes. E com certeza ninguém vai deixar de fazer negócios com o Brasil. Como fazem com várias ditaduras pelo mundo”, publicou.

A discussão sobre o tema havia começado às 17h23 daquele dia, após postagem de Ivan Wrobel, proprietário da W3 Engenharia, construtora especializada em imóveis de alto padrão, principalmente na Zona Sul do Rio de Janeiro. Ao se apresentar ao grupo, Wrobel disse ser eleitor de Bolsonaro desde o segundo mandato do ex-capitão na Câmara dos Deputados :“Quero ver se o STF tem coragem de fraudar as eleições após um desfile militar na Av. Atlântica com as tropas aplaudidas pelo público”, publicou. O ato na Avenida Atlântica, em Copacabana, de fato estava previsto para o Sete de Setembro, e haveria um desfile militar, com presença do Exército, da Marinha e da Aeronáutica. O prefeito Eduardo Paes informou nesta quarta-feira que não haverá nenhum ato em terra, apenas apresentações da Marinha e da Aeronáutica.

A mesma visão sobre o aspecto simbólico do desfile militar na orla de Copacabana foi compartilhada pelo médico gaúcho Marco Aurélio Raymundo, conhecido como Morongo e dono da rede de lojas Mormaii, uma das principais marcas de surfwear do país. “O 7 de setembro está sendo programado para unir o povo e o Exército e ao mesmo tempo deixar claro de que lado o Exército está. Estratégia top e o palco será o Rio. A cidade ícone brasileira no exterior. Vai deixar muito claro”, escreveu.

Morongo é um dos empresários com visões mais extremistas no grupo e defende que o Brasil está em guerra contra os adversários de Bolsonaro. Ao responder à defesa do golpe feita por Koury, o dono do shopping Barra World, Morongo escreveu três mensagens consecutivas.

“Golpe foi soltar o presidiário!!!
Golpe é o ‘supremo’ agir fora da constituição!
Golpe é a velha mídia só falar merda”.

O empresário Afrânio Barreira, dono do Grupo Coco Bambu e eleitor público de Bolsonaro, também respondeu à mensagem de Koury, com a figurinha de um rapaz aplaudindo. A rede de restaurantes, fundada em 2001 por Barreira, tem faturamento superior a R$ 1 bilhão anual e 64 lojas em funcionamento no país. Recentemente, ele se envolveu em discussão pública com o candidato Ciro Gomes, que o havia acusado de sonegar impostos. Barreira negou ter cometido qualquer ato ilícito.

Mais à noite, no mesmo dia da mensagem pró-golpe de Koury, o empresário André Tissot, do Grupo Sierra, empresa gaúcha especializada na venda de móveis de luxo, defendeu que uma intervenção deveria ter ocorrido há mais tempo.

“O golpe teria que ter acontecido nos primeiros dias de governo. [Em] 2019 teríamos ganhado outros 10 anos a mais”, publicou.

Mensagens anteriores já indicavam o grau de radicalismo entre alguns dos empresários do grupo. No dia 17 de maio, Morongo, da Mormaii, propôs ações extremas para defender Bolsonaro, citando casos como a Revolução Francesa e a Guerra Civil dos EUA.

“Se for vencedor o lado que defendemos, o sangue das vítimas se tornam [sic] sangue de heróis! A espécie humana SEMPRE foi muito violenta. Os ‘bonzinhos’ sempre foram dominados… É uma utopia pensar que sempre as coisas se resolvem ‘na boa’. Queremos todos a paz, a harmonia e mãos dadas num mesmo objetivo… masssss [sic] quando o mínimo das regras que nos foram impostas são chutadas para escanteio, aí passa a valer sem a mediação de um juiz. Uma pena, mas somente o tempo nos dirá se voltamos a jogar o jogo justo ou [se] vai valer pontapé no saco e dedo no olho”, escreveu.

Morongo, no entanto, mostrou ponderação após José Koury sugerir, no dia 31 de maio, que os empresários poderiam pagar bônus aos funcionários que votassem de acordo com os seus interesses. “Alguém aqui no grupo deu uma ótima ideia, mas temos que ver se não é proibido. Dar um bônus em dinheiro ou um prêmio legal pra todos os funcionários das nossas empresas”, disse Koury. “Acho que seria compra de votos… complicado”, respondeu Morongo.

Semanas depois, naquele 31 de julho em que disse preferir um golpe, Koury contou ter encomendado “milhares de bandeirinhas para distribuir para os lojistas e clientes do Barra World Shopping a partir de setembro”.

A desconfiança em relação às urnas é outra constante no grupo. O empreiteiro Meyer Nigri, fundador da Tecnisa e um dos empresários mais influentes junto ao governo federal, encaminhou um texto no último dia 8 com diversos ataques ao STF. “Leitura obrigatória”, dizia a mensagem, que não foi escrita por ele. “O STF será o responsável por uma guerra civil no Brasil.”

Nigri fundou a Tecnisa em 1977 para atuar, de forma integrada, no mercado imobiliário, com atividades de incorporação, construção e vendas. Vice-presidente do conselho de administração da empresa, é considerado um dos empresários mais próximos de Bolsonaro e responsável por aproximar o presidente de diferentes personagens.

No mesmo dia 8 de agosto, antes do texto encaminhado por Nigri, o empresário José Isaac Peres atacou pesquisas eleitorais. Afirmou que sondagens de intenções de voto são “manipuladas” para confirmar resultados de “urnas secretas”. Peres é o acionista majoritário da Multiplan, uma das principais administradoras de shoppings do Brasil. “O TSE é uma costela do Supremo, que tem 10 ministros petistas. Bolsonaro ganha nos votos, mas pode perder nas urnas. Até agora, milhões de votos anulados nas últimas eleições correm em segredo de Justiça. Não houve explicação”, escreveu.

Em 21 de julho, Meyer Nigri repassou ao grupo um texto que defendia a contagem paralela de votos nas eleições por uma comissão externa. Em outra mensagem encaminhada por Nigri, no dia 26 de junho, lê-se que o ministro Luís Roberto Barroso “interfere” nas eleições ao “mentir” sobre o voto impresso. “Todo esse desserviço à democracia dos 3 ministros do TSE/STF faz somente aumentar a desconfiança de fraudes preparadas por ocasião das eleições. O Datafolha infla os números de Lula para dar respaldo ao TSE por ocasião do anúncio do resultado eleitoral”, dizia a postagem.

Isaac Peres, da Multiplan, também distribuiu ofensas ao STF em diferentes ocasiões. Em 8 de maio, encaminhou mensagem dizendo que o STF “é o mais forte partido político da esquerda que faz oposição ao Poder Executivo”. E, no dia 26 de maio, disse que a reação do STF à operação militar que deixou 23 mortos em uma favela do Rio estava “à revelia da Constituição Brasileira”. “Até quando vamos assistir (sic) o abuso de poder prevalecer?”, indagou.

Vitor Odisio, coach, engenheiro e CEO da Thavi Construction, que se apresenta na internet como um empresário atuante nas regiões central e sul da Flórida, havia dito, em 10 de junho, que “Bolsonaro não leva essa eleição de forma nenhuma com essa formação de TSE e essas urnas”. “Tem que intervir antes, esquecer o TSE, montar uma comissão eleitoral (como quase todos os países do mundo fazem), votação em papel e segue o jogo! Simples assim”, escreveu. “Depois da eleição já era, vai ser esperneio…”.

Outro alvo preferencial dos empresários é o ministro Alexandre de Moraes, hoje presidente do TSE. Carlos Molina, dono da empresa de auditoria Polaris, tem o costume de chamar Moraes de “skinhead” em diferentes postagens. “Já nem o PCC tem paciência para aturar o skinhead de toga”, afirmou o empresário, em uma postagem datada de 25 de julho.

Molina, um português de nascença que mora no Rio, também trabalha com gerontologia. No dia 7 de julho, ao comentar a notícia sobre a explosão de um artefato com fezes humanas em um ato lulista no Rio, escreveu: “É totalmente desnecessário. Não vai faltar muito para o Alex Skinhead decretar isso como atentado terrorista com arma biológica.”

Fonte: Metrópoles
Coluna Guilherme Amado
Foto: Luciano Hang, amigo e eleitor de Bolsonaro, esá entre os empresários que apoiam o golpe
(Foto: Reprodução Redes Sociais)

 

 

Fracassos consecutivos mostram inviabilidade da terceirização do serviço público em Divinópolis

Fracassos consecutivos mostram inviabilidade da terceirização do serviço público em Divinópolis

A diretoria do  Sindicato dos Trabalhadores Municipais de Divinópolis e Região Centro-Oeste (Sintram) está acompanhando com preocupação a onda de terceirizações na atual gestão pública de Divinópolis. A preocupação do Sindicato está na qualidade do serviço prestado à população e, principalmente, aos prejuízos causados ao Instituto de Previdência dos Servidores Municipais (Diviprev), já que a contribuição previdenciária das empresas terceirizadas vai para o Regime Geral (INSS). Ainda há os muitos prejuízos já sofridos pelo município, que se vê obrigado bancar dívidas deixadas por empresas terceirizadas, sucateamento de bens públicos, entre outras mazelas que aumentam a imagem negativa do administrador.

Em Divinópolis, grandes serviços públicos terceirizados, como o transporte coletivo e água e esgoto são motivos permanentes de reclamação da população e das próprias autoridades. O serviço de transporte coletivo oferecido ao cidadão na cidade é precário, com veículos lotados, desrespeito a horários e mudanças que acontecem de acordo com o interesse dos concessionários. Já a concessionária de água e esgoto não cumpre o contrato de concessão, cobra por serviços não prestados, e diariaramente deixa centenas de moradores sem água, além do estrago que causa em vias públicas.

A Copasa tem sido alvo de críticas permanentes na Câmara Municipal e essa semana foi chamada de “empresa lixo”  pelo vereador Claudiney Cunha, o Ney Burger (PSB). O vereador mostrou um córrego formado por esgoto correndo a céu aberto, na Rua Mateus Leme, bairro Ponte Funda e disse que apesar de já ter feito várias tentativas junto a empresa não conseguiu uma solução para o problema. “Tem que quebrar o contrato com essa empresa-lixo”, discursou.

MAIS RECENTES

Dois casos mais recentes chamam a atenção para a inviabilidade da terceirização dos serviços públicos. O mais rumoroso envolve a UPA Padre Roberto, a maior unidade de atendimento de urgência e emergência da região e que recebe pacientes de 54 municípios. As duas terceirizações que já passaram pela unidade saíram pelas portas dos fundos, envolvidas em escândalos que vão desde a falta de material para atendimento dos pacientes, superfaturamento de preços e desvio de recursos. No segundo semestre do ano passado o contrato com o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Social (IBDS) foi rescindido, porém um novo processo licitatório está em andamento para que a UPA 24h seja novamente terceirizada, apesar dos fracassos das duas gestões anteriores.

TERMINAL RODOVIÁRIO

Outra terceirização fracassada foi a gestão do Terminal Rodoviário Joaquim Martins Lara, cujo contrato de concessão foi rescindido em dezembro do ano passado. A concessão estava entregue à Empresa Irmãos Teixeira, que não conseguiu uma boa prestação de serviço. Desta vez a Prefeitura decidiu assumir o serviço, reconhecendo o fracasso da terceirização. A partir desse mês, a administração do terminal rodoviário já está sendo feita pela Secretaria de Trânsito e Transportes (Settrrans).

SINTRAM

Entretanto, apesar dos seguidos fracassos, a administração Gleidson  Azevedo continua insistindo na terceirização de serviços. Além da UPA 24h, também já está em andamento o processo de terceirização da administração do aeroporto Brigadeiro Cabral. Outros dois serviços também deverão ser entregues à iniciativa privada, que são o estacionamento rotativo e o gerenciamento do sistema de trânsito.

Para o vice-presidente do Sintram, Wellington Silva, não se vislumbra nenhum fator positivo para a terceirização do serviço público. “A diretoria do Sintram sempre se posicionou contra a terceirização não para ser oposição ao que a administração faz ou pretende fazer. É uma posição baseada nos erros, nos prejuízos e na depreciação do serviço público. Mais cruel é o prejuízo causado ao cidadão, já que a os serviços terceirizados chegam de péssima qualidade. Para o servidor público o grande prejuízo é sentido nos cofres da Previdência Municipal. O Diviprev, todo mundo sabe, anda mal das pernas e a gente não vislumbra medidas eficazes para aumentar sua arrecadação, a não ser cortando direitos dos servidores”, lamenta Wellington Silva.

Reportagem: Jotha Lee
Comunicação Sintram
Fotos:
A terceirização do Terminal Rodoviário foi outro fracasso e administração voltou para a Prefeitura, através da Settrans (Crédito: Diretoria de Comunicação/PMD)