Justiça Federal afasta juiz da Lava Jato em Curitiba

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Juiz Eduardo Appio afastado sob suspeita de favorecimento (Foto: Justiça Federal/Paraná)

O juiz Eduardo Appio da 13ª Vara Federal de Curitiba foi afastado do comando da Operação Lava Jato. A decisão foi do Conselho do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4). Appio estava no comando da Lava Jato desde fevereiro. Appio recebeu denúncias de acusações diretas de extorsão contra o senador Sergio Moro (União-PR) e o deputado cassado Deltan Dallagnol (Podemos-PR) relativas ao período em que conduziam a Lava Jato,

A decisão do colegiado atende a uma representação feita pelo desembargador federal Marcelo Malucelli, que afirmou que o filho dele, João Eduardo Barreto Malucelli, recebeu uma ligação telefônica com “ameaças”. João Eduardo Barreto Malucelli é sócio do ex-juiz Sergio Moro. O pai dele, Marcelo Malucelli, declarou-se suspeito para analisar casos que envolvem a Lava Jato em abril deste ano.

Segundo os integrantes do Conselho do TRF-4, há indícios de que Appio tenha feito o telefonema para o filho de Marcelo Malucelli. O juiz terá 15 dias para apresentar defesa. O relatório do conselho aponta que há semelhança na voz da ligação com a do magistrado. O juiz pode recorrer da decisão junto ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

“Há muita semelhança entre a voz do interlocutor da ligação telefônica suspeita e a do juiz federal Eduardo Fernando Appio, tendo então a Presidência do TRF4 e a Corregedoria Regional noticiado esses fatos à Polícia Federal e solicitado realização de perícia para comparação do interlocutor da ligação suspeita com aquele magistrado federal”, cita trecho da decisão.

As denúncias recebidas pelo magistrado Eduardo Appio foram feitas em um depoimento de mais de 50 minutos, todo gravado, ao qual o Congresso em Foco teve acesso. Nele, o ex-advogado da Odebrecht Rodrigo Tacla Duran fez, em pelo menos três oportunidades, acusações diretas de extorsão contra Sergio Moro e Deltan Dallagnol. O processo em questão investiga o esquema de pagamento de propina a políticos por parte da empreiteira, uma das principais estruturas de corrupção descobertas pela Operação Lava Jato.

“O que eu estou querendo demonstrar para Vossa Excelência é que essa situação é uma prática comercial. Corriqueira, imposta e provavelmente até pouco tempo. Eu não cedi porque eu nunca admiti criminalizar a advocacia e minha profissão. Eu não entreguei cliente meu e não iria entregar. E esse é o problema”, disse Rodrigo Tacla Duran no depoimento.

Ele afirmou à Justiça que tem provas de que pagou US$ 613 mil a advogados ligados à hoje deputada federal Rosângela Moro (União-SP), advogada esposa de Sergio Moro. “O que eu ‘tô’ querendo mostrar à Vossa Excelência é que essa situação era uma prática comercial, corriqueira, imposta. Que provavelmente durou até pouco tempo, se não agora”, destacou Tacla.

Fonte: Consultor Jurídico

 

 


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