Jovens divinopolitanos se encontram na cultura hip-hop, soltam a voz nas rimas e em poemas que gritam por liberdade

O trecho do poema, escrito pelo jovem Vitor Luiz, reflete com evidência que o jovem quer ser ouvido. Ele quer participar da vida comunitária de alguma forma, mesmo que seja alertando a outros jovens, boa parte alienados pela tecnologia, que a juventude precisa se preparar para assumir o controle como forma de transformar o Brasil em um país onde todos tenham voz, que possam ser ouvidos sem discriminação de cor, raça, credo e gênero.

Vitor Luiz é um dos 25 integrantes do grupo Oficina da Rima, que reúne jovens de diferentes bairros de Divinópolis. Inspirados pela cultura hip-hop, esses jovens encontraram na poesia uma forma de exprimir sentimentos que não são apenas deles. A poesia alimenta a alma e o sonho desses jovens, que gritam por todos que se calam, que se colocam em movimento e se posicionam perante a sociedade.

OFICINA DA RIMA

No início eram apenas meninas, como conta Igor Dias Rodrigues, 24 anos, um dos “veteranos” da turma. “Rima para Mulheres”, o grupo que deu origem à Oficina da Rima, era formado somente por meninas, que praticamente quebraram um tabu ao se aventurar nas rimas de rua, inspiradas na cultura hip-hop, passando pelo rap, mas sobretudo, na poesia que relata as durezas da vida, sem perder a ternura, como diz o poema de Madu, uma das integrantes do grupo: “A arte tem o poder de salvar, pode até curar nossos corações amargurados”.

O grupo Rima para Mulheres, há mais de três anos, começou a mudar. Primeiro vieram alguns garotos, enturmaram com as meninas, e também mostraram que são bons de rima. Depois vieram outros e mais outros e hoje, são 25 jovens talentosos que formam a Oficina da Rima.

O grupo mostra sua arte nas ruas, realizando toda sexta-feira, em frente ao camelódromo, a “Batalha das Rimas”. São horas e horas de improviso, com boa poesia, com manifestações de liberdade, contra o autoritarismo e em defesa de seus sonhos.

FANZINE

A poesia desses jovens chegou ao servidor público, professor Cláudio Guadalupe, lotado na Biblioteca Pública Ataliba Lago. Um dos Responsáveis pela organização da “Noite da Poesia”, que busca dar espaço para os poetas divinopolitanos, Guadalupe se entusiasmou com a produção poética dos meninos da Oficina da Rima. Acabou apadrinhando a turma e está buscando formas de divulgar a sua arte e inseri-los no contexto acadêmico da cidade. “Eles fazem coisas muito boas, são surpreendentes e escrevem exatamente o que sentem”, relata com entusiasmo Cláudio Guadalupe.

A primeira forma de divulgação do grupo, além das apresentações públicas, começará a chegar à população neste fim de semana. No próximo sábado, a partir de 16h no quarteirão fechado da Rua São Paulo (em frente à Receita Federal), o grupo lançará o seu Fanzine, contendo poemas da maioria dos integrantes da Oficina. Fanzine é uma publicação não profissional e não oficial, produzida por entusiastas de uma cultura particular para o prazer de outros que compartilham seu interesse. E é claro que a festa de lançamento será marcada por muitas batalhas de rima, acompanhadas da boa poesia que impulsiona esses jovens em busca do seu lugar na sociedade.

SERVIÇO

Lançamento Fanzine grupo Oficina da Rima
Data: 09/11/2019
Hora: 16h
Local: Quarteirão fechado da Rua São Paulo

Reportagem: Jotha Lee
Comunicação Sintram