Greve em MG: 19 escolas em Divinópolis estão mobilizadas na defesa dos direitos da categoria

A coordenadora do Departamento de Políticas Sociais e Imprensa do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais – SindUte-MG, Maria Catarina Laborê, esteve ontem (04/03), na sede do Sintram, em reunião com  os sindicatos integrante do Movimento Unificado de Divinópolis – MUD organizando a luta sindical no dia 18 de março contra os retrocessos impostos ao trabalhador pelo Governo de Jair Bolsonaro. Na oportunidade, a sindicalista, em entrevista à Comunicação do Sintram, falou a respeito da greve em Minas Gerais, que há 23 dias, se mantém no estado e tem como bandeira a valorização da educação e o cumprimento do piso nacional ao professores, que desde 2017 vem sendo negado aos profissionais.

Segundo Catarina, o  governo de Romeu Zema (Novo) vem promovendo um verdadeiro desmonte na Educação de Minas Gerais. Isso engloba várias ações equivocadas, que estão causando prejuízos à população. Catarina cita a fusão de turmas, uma medida que fechou turmas de ensino médio e fundamental em mais 200 escolas de Minas Gerais, causando superlotação e demissão de professores. “Divinópolis está vivendo isso”, denunciou. Além disso, o governo não autorizou novas turmas, com isso a Secretaria de Educação de Minas Gerais fez um plano de atendimento em outubro que não autorizava a abertura de novas turmas para o 1º ano do fundamental (para crianças de 6 anos).  Isso forçou os pais a matricularem seus filhos na rede municipal. Em alguns lugares, o governo chegou a municipalizar a escola.

Outra medida do governo que trouxe prejuízos para pais e alunos foi o sistema de matrículas on line, imposto agora em 2020, que obriga que os alunos ingressantes nas escolas tenham que fazer a matrícula unicamente pela internet. A medida causou vários problemas com alunos sendo matriculados em outra cidade, longa espera,  enfim uma série de transtornos. “Dia 11, quando iniciou o ano letivo, você via filas e mais filas de pais de todas as escolas”, criticou Catarina.

REAJUSTE

Ainda de acordo com a sindicalista, o governo anunciou reajuste somente para a segurança pública e isso causou grande revolta no estado junto as demais categorias de profissionais. “Aí começou uma grande revolta neste estado,  onde nós conseguimos com muita luta, que fosse colocada a emenda parlamentar, estendendo esse reajuste a toda as categorias do funcionalismo público. Quarenta e sete deputados  votaram a favor dessa emenda, sabemos que é muito complicado, a emenda  adentrar no projeto do Executivo, mas estamos na luta”, disse Catarina.

DIVINÓPOLIS

Em Divinópolis, a sindicalista afirma que o engajamento dos profissionais está  fraco, mas foi possível mobilizar 19 escolas para estarem hoje (05/03) na assembleia estadual. “As pessoas ainda não estão entendendo o que vem por aí: uma PEC Paralela com aumento substancial do desconto previdenciário, que pode ir até 22%. Os trabalhadores da Educação precisam entender que vem um reforma administrativa, que já passou, mas temos aí a questão do regime de recuperação fiscal, que prevê seis anos de congelamento de salários, seis anos sem concurso público, seis anos de congelamento na carreira. Tudo isso, está em pauta, que é esse o foco da reforma administrativa do Governo Federal, uma coisa desde o Governo Temer, não é de agora”, alertou Catarina.

O SindiUte convocou uma vigília hoje para às 7h da manhã, na Cidade Administrativa, porque a equipe do governo estará em negociação com o sindicato. “Nós estamos com uma greve que no estado inteiro está atingindo 50% e Divinópolis e região numa situação muito precária, mas a gente está trabalhando para isso. Essas 19 escolas a maioria irá paralisar só amanhã, pode ser que retorna depois, mas para isso, nós temos a convocação de uma assembleia municipal que vai acontecer no dia 06, às 17horas, na Escola Estadual Joaquim Nabuco”, explicou.

ASSEMBLEIA

Catarina explica que na assembleia de amanhã, sexta-feira (06),  será feita a avaliação da assembleia estadual que será realizada na tarde de hoje na capital mineira.  “A assembleia estadual que  acontece nesta quinta-feira, em Belo Horizonte, no pátio da assembleia legislativa,  apontará os rumos da greve, pode ser votado pela continuidade da greve ou não. Então é importante que a categoria compareça a nossa assembleia municipal na sexta-feira para fazermos o balanço. Qual escola vai continuar em greve? Qual  a disponibilidade  da continuidade da greve?”, explicou.

CONGRESSO NACIONAL

A sindicalista falou ainda que a greve da Educação tomou o debate nacional,  sendo pauta no Congresso Nacional. “O presidente da Câmara  não entendeu a atitude do governador do estado. Se o estado está quebrado, endividado, está como um dos piores estados da nação, como dar reajuste? E se dá para uma categoria? Então neste meio tempo, o próprio partido do Zema, o partido Novo,  denunciou o governo ao STF questionando isso. Então a nossa greve, é  uma greve totalmente surpreendente, que se o STF deliberar que o estado tem que cancelar este reajuste, nós  da Educação temos a nossa força, porque nós estamos entrando para o quarto ano sem reajuste, dá um somatório de mais de 31%. E é neste sentido que a deputada estadual, Beatriz Cerqueira, entrou com uma emenda que foi aprovada, estendendo o reajuste para todas as categorias do funcionalismo público, que não foi contemplado pelo governo Zema”, disse Maria Catarina.

IPSEMG

Maria Catarina destacou também que hoje na capital mineira irá levar  as reivindicações do IPSEMG na região Centro Oeste, visto que o Hospital São João de Deus continua sem atender os servidores do estado. “Nós não podemos deixar que esse desconto compulsório de 3.2 do contracheque de esposo, esposa, e vice versa e R$ 30 daquele que ainda é dependente, pois estamos pagando sem o serviço. E isso está acontecendo praticamente em Divinópolis, a cada dia que eu pego as informações do IPSEMG, hospitais estão atendendo, está tendo consulta eletiva. Nós temos que saber quem está mentindo: se é o governo ou o HSJD. O hospital fala que IPSEMG não paga, e o IPSEMG diz que está pagando”, disse Catarina, que se encontrará com o presidente do IPSEMG.

BALANÇO

Segundo Maria Catarina a greve está forte no Estado, mas em um balanço específico de Divinópolis, ela conta que a cidade é a mais fraca na greve na região do Centro-Oeste.  Das 31 escolas da cidade,  19 estão mobilizadas para hoje, sendo dessas 14 paralisaram totalmente as atividades e cinco parcialmente. A única escola que está em greve, por tempo indeterminado e parcial é a E. E. Joaquim Nabuco, com apenas 37 servidores. Ou seja, é necessário que os profissionais somem força a luta que irá beneficiar todos os trabalhadores da área, participando ativamente das convocações do Sindicato.

Reportagem: Flávia Brandão
Comunicação Sintram