Ex-braço direito do governo desafia Bolsonaro a passar em detector de mentira; veja o vídeo

Luiz Philippe de Orleans e Bragança, Gustavo Bebianno e Jair Bolsonaro: polêmica entre os três personagens envolve conspiração, orgia gay e detector de mentira

O ex-ministro da Secretaria-Geral da Presidência Gustavo Bebianno acusou o presidente Jair Bolsonaro de mentir ao atribuir a ele a montagem de um dossiê que teria tirado o deputado Luiz Philippe de Orleans e Bragança (PSL-SP) da condição de candidato a vice em sua chapa em 2018. Em vídeo divulgado nesta noite (veja a íntegra acima), Bebianno desafiou o presidente a se submeter, com ele, a um detector de mentiras. “Eu de um lado, o senhor do outro. Vamos ver quem é o mentiroso? Está aqui feito o desafio. Quero ver se o senhor aceita”, provocou.

Na gravação, Bebianno diz que o presidente tem “prazer sórdido” em fazer acusações contra as pessoas e usa do mandato para atacá-las. “Gostaria de desafiar o senhor presidente a comprovar essa mentira. Gostaria que tivesse a coragem de dizer isso olhando nos meus olhos, que sempre fui correto e leal o tempo inteiro, fiz das tripas coração para ajudá-lo a chegar à Presidência da República. Não satisfeito em ser desleal e esquecer do passado, parece que o ex-presidente tem prazer sórdido em acusar as pessoas e denegrir sua imagem”, afirmou. “Não aceito”, reagiu o advogado.

Bebianno presidiu o PSL a pedido do próprio candidato em 2018 durante a campanha eleitoral. Perdeu a condição de homem de confiança do presidente em fevereiro, quando foi demitido do governo após entrar em colisão com o vereador Carlos Bolsonaro (PSC), filho do presidente. Desde então passou a ser alvo da artilharia de bolsonaristas e a revidá-los.

De acordo com relato de parlamentares do PSL, Bolsonaro pediu desculpas em público a Luiz Philippe, na última terça-feira, alegando que desistiu de indicá-lo como candidato a vice após ter tido acesso a material cuja autoria foi atribuída por ele a Bebianno, e externou seu arrependimento com a escolha do general Hamilton Mourão. “Você deveria ter sido meu vice, e não esse Mourão aí. Eu casei, casei errado. E agora não tem mais como voltar atrás”, declarou, conforme nota publicada pela Folha de S.Paulo.

O deputado paulista, chamado pelos colegas de Príncipe, por descender da família imperial, disse em entrevista nesta quarta-feira (13) que o ex-presidente do PSL montou fotos que o vinculavam a orgias gays e a gangues de rua que atacavam mendigos. “Bebianno armou e não queria que eu fosse o vice. Ele disse ao presidente que haveria um dossiê que tinha fotos minhas, segundo um amigo me contou na ocasião”, acusou o parlamentar em entrevista à Crusoé.

FESTA GAY

No vídeo, Bebianno afirma que tomou conhecimento da existência do dossiê pelo próprio Bolsonaro, que lhe telefonou – segundo o ex-ministro – por volta das 4h30 da madrugada de sábado para domingo (5 de agosto de 2018), último dia para registro da chapa. “Disse que tinha foto dele participando de festa gay, baile de máscara gay, além de envolvimento com gangues de briga de rua, que agrediam mendigos. Uma história tão baixa, surreal e esquisita, que acordei atordoado, suruba, príncipe…”, relatou.

De acordo com o ex-presidente do PSL, Bolsonaro lhe contou ter recebido o material de um delegado da Polícia Federal e de um coronel do Exército, sem mencionar os nomes, e que, por isso, decidira registrar Mourão no domingo. A documentação do Príncipe já havia sido fechada no sábado como candidato a vice, explicou.

Bebianno afirmou que, além do Príncipe, também estiveram para ser anunciados como vice de Bolsonaro o ex-senador Magno Malta (PR-ES), a hoje deputada estadual Janaína Paschoal e o ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, além do próprio Mourão, cujo nome, conforme o advogado, enfrentou resistência do candidato até o último instante.

SAI PRÍNCIPE, ENTRA GENERAL

O advogado contou que se encontrou com Bolsonaro em frente ao aeroporto no Rio, de onde embarcariam para São Paulo, onde foi realizada a convenção partidária. “Questionei a decisão dele de última hora, se ele estava convicto do que estava fazendo. ‘O senhor não acha que talvez a chapa com o senhor e o General Mourão fique militarizada?’”, afirmou. Bebianno disse que Bolsonaro lhe deu três socos no peito e lhe pediu que confiasse em sua decisão e informasse ao Príncipe que ele não seria mais o vice.

O ex-braço direito de Bolsonaro declarou que não entrou em detalhes, com o Príncipe, sobre o motivo de sua exclusão da chapa. Mas que o hoje deputado demonstrou contrariedade ao receber a notícia e atribuiu a ele, em “entrevista dada com o fígado” à revista Crusoé na época, a responsabilidade por sua exclusão da chapa presidencial.

Ele contou que, dias após o atentado contra o candidato em 6 de setembro em Juiz de Fora, pediu a Carlos Bolsonaro, ainda no Hospital Albert Einstein, que intermediasse uma conversa telefônica com o Príncipe para esclarecer que não tivera participação na decisão de Bolsonaro.

A conversa, segundo ele, foi toda acompanhada pelo filho do presidente. “Deixei para lá, o Príncipe ficou de fazer retificação dessa matéria, coisa que não aconteceu. Ele passou um pano nas redes sociais dele para que a coisa acalmasse. Deixei passar. Agora não vou deixar passar”, afirmou. “Luiz Philippe, não fui eu que fiz dossiê contra você. O presidente está faltando com a verdade”, acrescentou o advogado, dirigindo-se ao deputado paulista.

DISPUTA

Este é mais um capítulo da guerra declarada entre Bolsonaro e Bebianno. Em entrevista exclusiva ao Congresso em Foco, no fim de outubro, o ex-presidente do PSL anunciou sua filiação ao PSDB, a convite do governador de São Paulo, João Doria, com quem deve trabalhar em seu projeto presidencial. Ele causou polêmica ao dizer que acredita que o governo Bolsonaro será encerrado de maneira abrupta e triste: por meio de impeachment, renúncia ou tentativa de golpe de Estado.

“Não acredito que ele conseguiria consolidar uma ruptura institucional, mas tudo indica que ele vai tentar. É muito preocupante. Uma simples tentativa pode gerar muito derramamento de sangue. O Brasil não precisa disso. É um risco real”, afirmou a este site. Segundo ele, o presidente dificilmente teria o apoio das Forças Armadas para levar o plano adiante por não gozar da confiança dos militares. A entrevista teve grande repercussão na imprensa.

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Fonte: Congresso em Foco