CNJ investigará desembargador que afirmou que “as mulheres estão loucas atrás de homens”

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O desembargador Luis Cesar de Paula Espíndola, durante julgamento do Tribunal de Justiça do Paraná (Foto: Reprodução)

O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) abriu nesta sexta-feira (5) uma reclamação disciplinar contra o desembargador do Tribunal de Justiça do Paraná (TJPR) Luis Cesar de Paula Espíndola. A reclamação é um procedimento prévio que antecede a eventual abertura de processo disciplinar contra magistrados.

A decisão foi tomada pelo corregedor nacional de Justiça, ministro Luis Felipe Salomão, que decidiu investigar o magistrado por “discurso potencialmente preconceituoso e misógino” durante uma sessão de julgamento realizada nesta quarta-feira (3).

Durante o julgamento sobre assédio envolvendo uma menor de 12 anos, o desembargador disse que as “mulheres estão loucas atrás dos homens” e criticou o que chamou de “discurso feminista desatualizado”.

“Se Vossa Excelência sair na rua hoje, quem está assediando, quem está correndo atrás de homens são as mulheres, porque não tem homem. Hoje em dia, o que existe é que as mulheres estão loucas atrás dos homens, porque são muito poucos. A mulherada está louca atrás de homem”. afirmou.

No entendimento do corregedor, a abertura da reclamação disciplinar é necessária para averiguar a conduta do desembargador. Ele também disse que casos como este se tornaram recorrentes no Judiciário.

“São situações envolvendo possível revitimização de mulheres em processos em curso, indícios de tratamento jocoso envolvendo questões de gênero direcionado a advogadas, magistradas e partes ao longo de julgamentos, e inobservância de normas voltadas à garantia do direito das mulheres, como prerrogativas de advogadas, por exemplo”, afirmou Salomão.

DEFESA

Em nota, o desembargador Luis Cesar de Paula Espíndola disse que não teve a intenção de “menosprezar o comportamento feminino”.

“Esclareço que nunca houve a intenção de menosprezar o comportamento feminino nas declarações proferidas por mim durante a sessão da 12ª Câmara Cível do tribunal. Afinal, sempre defendi a igualdade entre homens e mulheres, tanto em minha vida pessoal quanto em minhas decisões. Lamento profundamente o ocorrido e me solidarizo com todas e todos que se sentiram ofendidos com a divulgação parcial do vídeo da sessão”, declarou.

Em nota oficial o Tribunal de Justiça do Paraná afirmou que não compartilha de qualquer opinião que possa ser discriminatória ou depreciativa, nem endossa os comentários do desembargador Espíndola. A Corte do Paraná disse ter aberto investigação preliminar, com base na Resolução 135 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). E o magistrado poder ser punido disciplinarmente com advertência, censura, remoção compulsória, disponibilidade, aposentadoria compulsória e até demissão.

A Ordem dos Advogados do Brasil do Paraná repudiou as declarações e pediu intervenção da Corregedoria do TJ-PR. E o vídeo da transmissão foi retirado do ar pelo Tribunal, com a alegação de “preservar as partes envolvidas”, porque o processo tramita em segredo de justiça.

Com informações da  Agência Brasil e do TJPR


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