Categoria: Minas Gerais

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Quatro dias após comemorar 100 anos do município, prefeito de cidade mineira é preso por corrupção

Quatro dias após comemorar 100 anos do município, prefeito de cidade mineira é preso por corrupção

O deputado Cássio Gonçalves esteve em Guapé e comemorou o aniversário da cidade com um abraço no prefeito Nelson Lara (Foto: Prefeitura de Guapé)

A cidade mineira de Guapé, localizada no Sudoeste do Estado às margens do Lago de Furnas, comemorou 100 anos de emancipação no último sábado, 3 de fevereiro. A festança foi comandada pelo prefeito Nelson Alves Lara (PC do B), com shows de Gino e Geno, Sidney Magal, Amado Batista, entre outras atrações. O deputado Cássio Soares (PSD) também esteve em Guapé no fim de semana para abraçar o prefeito durante as comemorações.

Guapé está localizada a 173 quilômetros de Divinópolis, na região Sudoeste do Estado. A população é de 13.772 habitantes e o orçamento do município para 2024 é de R$ 103 milhões.

MANDADO DE PRISÃO

Quatro dias após comemorar os 100 anos do município, o prefeito Nelson Lara é alvo de uma operação do Ministério Público de Minas Gerais e de um mandado de prisão por de crimes de corrupção passiva, peculato, lavagem de dinheiro e entrega de veículo automotor a pessoa não habilitada. Também são alvos de mandado de prisão o procurador-geral do município, Deyvison Silva de Andrade, o diretor-geral do Serviço Autônomo de Água e Esgotos (Saae), o gestor de obras da Prefeitura e de dois empresários da cidade. O MP confirmou no início da tarde, que o prefeito Nelson Lara já está preso.

Os mandados estão sendo cumpridos através da Operação Trem da Alegria, deflagrada nesta quarta-feira na cidade pelo Ministério Público, com apoio das polícias Militar, Civil e Penal. De acordo com o MP, estão sendo cumpridos 26 mandados de busca e apreensão nas cidades de Guapé  e Rio de Janeiro – onde residem alguns envolvidos – seis mandados de prisão preventiva e seis mandados de afastamento de ocupantes de cargos públicos na Prefeitura da cidade.

Já foi oferecida denúncia contra seis pessoas pela prática de oito crimes. Segundo as investigações, os denunciados são parte integrante de um grande esquema de corrupção que se instalou no município de Guapé, consistente na obtenção de vantagens indevidas, em razão do cargo de prefeito municipal, na forma de bens imóveis (terrenos), de empresários do setor imobiliário (loteadores). “Uma vez consumados os atos de corrupção, os integrantes da organização ocultam a origem e a propriedade de tais bens por intermédio de operações de lavagem de dinheiro (os bens são escriturados e/ou registrados em nome de laranjas ou permanecem em nome do empreendedor até a ordem de transferência). Paralelamente, também utilizam, indevidamente, em proveito próprio, bens públicos. Eles são investigados, ainda, por fraudes e desvios na execução de contratos administrativos e em licitações”, informou o MP.

Ainda de acordo com o Ministério Público, as prisões foram decretadas para a garantia da ordem pública e por conveniência da investigação e da instrução processual penal. Os denunciados planejavam ocultar documentos, combinavam versões e cogitavam atentar contra a vida e a saúde de pessoas de alguma forma envolvidas nas apurações.

Nesta quarta-feira, 128 pessoas participaram da Operação  Trem da Alegria, sendo cinco promotores de Justiça, 12 servidores do Ministério Público, 57 policiais militares, 45 policiais civis e nove policiais penais. Foram empenhadas 35 viaturas e uma aeronave. O MP informou, ainda que as investigações terão prosseguimento e que novas informações serão divulgadas nos próximos dias.

Reportagem: Jotha Lee
Comunicação Sintram

 

 

 

Minas Gerais contraria Estatuto da Criança e não exige vacinação para matrícula escolar

Minas Gerais contraria Estatuto da Criança e não exige vacinação para matrícula escolar

Deputada Beatriz Cerqueira aciona MP contra Zema após liberação de matrículas sem vacinação (Foto: Montagem)

O governador de Minas Gerais, Romeu Zema, anunciou esta semana que a vacinação não será mais obrigatória para a matrícula de crianças e adolescentes em escolas da rede estadual. Zema postou um vídeo nas redes sociais em que comemora o fim da exigência do comprovante de vacina no ato da matrícula. “Aqui em Minas, todo aluno, independentemente de ter ou não vacinado, terá acesso às escolas”, afirmou o governador.

A deputada estadual Beatriz Cerqueira (PT-MG) acionou a Justiça após o anúncio. “Vergonha que o governo Zema nos fez passar ao fazer uma campanha contra a vacinação”, disse, também em vídeo postado nas redes sociais. “Já provoquei o Ministério Público e a Defensoria Pública porque precisam tomar providências. Não pode o chefe do Executivo estadual emitir posicionamento que tem repercussão negativa na campanha de vacinação no estado.”

O QUE DIZ A LEI

O Artigo 227 da Constituição e sua Emenda Constitucional número 65, de 13 de julho de 2010, citam: “É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.”

Já o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), definido pela Lei número 8.069, de 13 de julho de 1990, dispõe em seu artigo 14: “É obrigatória a vacinação das crianças nos casos recomendados pelas autoridades sanitárias.”

SAÚDE

Em entrevista à Agência Brasil, o vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBim), Renato Kfouri, lembrou que, no Brasil, nenhuma criança deixa de frequentar aula porque não está com a carteira de vacinação em dia. “Isso precisa ficar claro. A matrícula escolar é uma excelente oportunidade de checagem do status vacinal. De recuperação de atraso vacinal, de orientação de famílias sobre vacinas”.

“Ninguém penaliza as crianças duplamente, sem saúde e sem educação. Não faz sentido você deixar uma criança fora da escola e sem vacina. A matrícula escolar é uma oportunidade de ouro pra gente checar status vacinal, quem está atrasado, orientar”, disse.

Para o pediatra, os anúncios feitos pelos governos de Minas Gerais e de Santa Catarina atacam diretamente a credibilidade do Programa Nacional de Imunizações (PNI), além de configurar o que ele classifica como “discussão inócua”. “Ninguém vai deixar de frequentar a escola. Isso nunca aconteceu no país e nunca acontecerá.”

“A obrigatoriedade da vacinação, segundo a nossa Constituição e o ECA, é diferente de compulsória. Ninguém deixa de ser matriculado por conta da carteira de vacina. Isso só traz problemas de confiança, problemas de desconfiança da população. É uma pena o uso político desses valores, do tipo ‘O corpo é do meu filho e ninguém mexe nele’. Completamente apelativo. Em pleno 2024, a gente discutindo se precisa ou não vacinar criança. É lamentável que a gente ainda tenha políticos fazendo uso dessa estratégia para angariar votos.”

CRÍTICAS

O ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida, comentou os anúncios feitos pelos governadores nas redes sociais. “Autoridade pública fazer campanha antivacina está em confronto com o Estatuto da Criança e do Adolescente. Isso é crime”, disse, durante o 1° Encontro de Evidências em Direitos Humanos: construindo futuros para todas as pessoas, em Brasília.

“Existem governadores e congressistas fazendo campanha antivacina neste exato momento em que fazemos o lançamento de uma política de direitos humanos baseada em evidência. Só quero dizer uma coisa pra completar: autoridade pública fazer campanha antivacina está em confronto com o Estatuto da Criança e do Adolescente. Isso é crime. É bom que saibam disso. É bom que as autoridades que estão levando isso a cabo saibam que viola o ECA. É inaceitável.”

GOVERNOS

Em nota, o governo de Minas informa que nunca foi obrigatória a apresentação do cartão de vacinação, na rede estadual de ensino, para que estudantes possam se matricular e iniciarem suas atividades escolares. “Atualmente, a apresentação do cartão de vacinação para os estudantes com até 10 anos é solicitada como forma de sensibilização aos pais/responsáveis sobre a importância dos cuidados com a saúde da criança.”

“Cabe destacar que a imunização de crianças, adolescentes e adultos, em Minas Gerais, é recomendada em consonância com calendário nacional de vacinação, sendo que diferentes imunizantes estão disponíveis gratuitamente”, reforça a nota, destacando o valor de investimento de R$ 260 milhões para ações de vacinação.

PNI

O Programa Nacional de Imunizações (PNI), criado em 1973, atualmente oferta 17 vacinas para crianças, sete para adolescentes, quatro para adultos e idosos e três para gestantes, além das doses contra a covid-19 e contra o vírus influenza. Famosas por contarem com a presença do personagem Zé

Gotinha, as ações anuais contra o sarampo, por exemplo, chegaram a bater a marca de 15 milhões de crianças imunizadas em um único dia no país.

Fonte: Agência Brasil