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Privatizado por Zema no ano passado, metrô de Belo Horizonte promove demissões em massa e coloca usuários em risco

Privatizado por Zema no ano passado, metrô de Belo Horizonte promove demissões em massa e coloca usuários em risco

Audiência Pública na Assembleia denunciou o sucateamento do Metrô de BH (Fotos: Henrique Chendes/ALMG)

A batalha dos sindicatos contra a privatização de empresas públicas  tem sido uma luta que atravessa os anos, mas que não encontra respaldo da população, principal afetada pela terceirização, privatização e concessão de serviços públicos. Apesar dos resultados nocivos, com prejuízos ao bolso do contribuinte, a entrega de serviços e empresas públicas para a iniciativa privada , via de regra, acaba em corrupção, demissões de trabalhadores, sucateamento de empresas, aumento dos custos e total precarização do serviço prestado ao cidadão.

É o que está ocorrendo agora no Metrô de Belo Horizonte. Privado no ano passado pelo governador Romeu Zema (Novo), os muitos problemas surgidos após a privatização estão vindo a público um ano depois.

A reutilização sistemática de peças usadas no metrô da capital e a demissão das equipes mais experientes da área de manutenção pela empresa concessionária foram duas das denúncias mais ressaltadas pelos participantes de audiência pública realizada nesta terça-feira (9) na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).

A reunião foi organizada pela Comissão do Trabalho, da Previdência e da Assistência Social da ALMG para discutir o processo de demissão coletiva que foi iniciado pela Metrô BH, empresa do Grupo Comporte que assumiu a concessão do sistema de transporte coletivo sobre trilhos da Região Metropolitana de Belo Horizonte em 23 de março de 2023.

De acordo com a presidente do Sindicato dos Empregados em Transportes Metroviários e Conexos de Minas Gerais (Sindimetro), Alda Lúcia dos Santos, foram demitidos 185 empregados na última sexta-feira. O número total de demissões, segundo o que teria sido comunicado ao sindicato pela empresa, deve chegar a 230, todas sem justa causa. O total de metroviários que sasíram do empresgo, incluindo dois planos de demissão voluntária e um de demissão consensual, já se aproxima de mil.

Alda Santos afirmou que a maioria dos demitidos são das áreas de manutenção e de operação. “A intenção da empresa é mandar todos os empregados que eram da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) embora. Na área de (conservação de) material rodante, 15 empregados foram mandados embora”, disse a sindicalista.

A presidente do Sindimetro também afirmou que a concessionária Metrô BH criou um desmanche de vagões do metrô para reutilização de peças. Ela chamou atenção para o perigo que isso cria para a segurança do metrô, ao lado da demissão dos funcionários mais experientes.

Ela lembrou que as demissões atuais foram precedidas de um processo de demissão voluntária, o que resultou no desligamento total de 800 dos quase 1,5 mil trabalhadores originais, ou seja, mais da metade do quadro de funcionários por ocasião da privatização.

O superintendente regional do Trabalho e Emprego em Minas Gerais, Carlos Calazans, informou que o Metrô já está sob fiscalização federal

O superintendente regional do Ministério do Trabalho e Emprego em Minas Gerais, Carlos Calazans, disse que a concessionária Metrô BH afirmou que pretende operar com menos de 800 trabalhadores. “É evidente que o metrô operando com menos de 800 pessoas, isso tem a ver com a questão da segurança e da mobilidade”, declarou Calazans, acrescentando que a empresa está hoje sob fiscalização de uma equipe do Ministério do Trabalho.

“Reduzir de 60 para 12 o pessoal de manutenção é razoável?”, questionou a deputada Bella Gonçalves (Psol). A deputada Beatriz Cerqueira (PT), autora do requerimento para realização da audiência, chamou atenção para o perigo que representa o acúmulo de funções pelos trabalhadores que permaneceram na empresa. “É impossível considerar que há alguma normalidade ou legalidade nesses números que estão sendo apresentados”, afirmou

O Presidente da Comissão do Trabalho, da Previdência e da Assistência Social, deputado Betão (PT), também considerou perigoso o volume de demissões promovidas pela empresa, que apesar de ter sido convidada, não enviou qualquer representante para participar da audiência.

O QUE DIZ O GOVERNO

Representando o Governo do Estado, a superintendente de Logística de Transportes e Gestão de Equipamentos Públicos da Secretaria de Estado de Infraestrutura, Mobilidade e Parcerias (Seinfra), Luisa Pires Monteiro de Castro, negou que caiba ao Estado, como poder concedente, interferir nas demissões feitas pela empresa. “O poder concedente pode fiscalizar se está sendo cumprido o que o contrato prevê. O procedimento demissional da empresa não cabe ao poder concedente fiscalizar”, afirmou a superintendente.

Ela frisou que o contrato de privatização foi estabelecido pela União e não pelo Governo do Estado. Acrescentou que, caso a empresa não cumpra os indicadores de desempenho previstos no contrato, isso pode gerar um impacto na remuneração da empresa e multas.

A fala da representante do governo foi duramente criticada pela deputada Beatriz Cerqueira, que considerou omisso o posicionamento. Para ela, seria obrigação do poder concedente atuar na mediação entre empresa e trabalhadores no caso da política de demissões em massa, até pelo perigo que isso representa para a boa qualidade da prestação de serviços.

Beatriz Cerqueira também criticou a falta de providências com relação às denúncias feitas sobre a manutenção dos equipamentos. “Essa fala do Governo do Estado dá um tapa na cara da população que está enfrentando a piora do serviço. Acontecem panes e pessoas não conseguem acesso ao metrô. O sindicato está dizendo aqui que a empresa está reutilizando peças para manter o metrô funcionando. E o poder concedente está do lado e diz que tá tudo bem”, afirmou a parlamentar.

Em sua fala final, a superintendente da Seinfra disse que todas as denúncias feitas durante audiência serão averiguadas.

A deputada Bella Gonçalves  disse que os parlamentares irão iniciar, na próxima semana, uma série de visitas às estações do metrô para verificar o que o processo de privatização está fazendo com o serviço prestado à população. “Desde a privatização, por míseros R$ 25 milhões, que não valem nem o preço do terreno onde está a estação central, o serviço está cada vez pior”, criticou.

O presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Jairo Nogueira Filho, disse que a política de pessoal da empresa Metrô BH precisa ser revertida. “Se não tomarmos uma atitude agora, daqui a pouco vamos estar fazendo audiência pública para discutir acidentes fatais”, avaliou ele.

Outra crítica muito repetida com relação ao processo de privatização do metrô é a regra de que o Estado poderá ter que compensar a empresa no caso de déficit operacional. “A tarifa do metrô ficou mais cara e vai aumentar de novo. E quando o lucro não for alcançado pela empresa, o Estado pagará a conta. É isso que está no edital. A população vai ver o seu imposto sendo usado para garantir o lucro da empresa”, previu Beatriz Cerqueira.

Fonte: ALMG

 

 

 

Após um ano de privatização, metrô de Belo Horizonte demite 230 trabalhadores sem justa causa; quase mil já foram demitidos

Após um ano de privatização, metrô de Belo Horizonte demite 230 trabalhadores sem justa causa; quase mil já foram demitidos

 

Metrô de Belo Horizonte: quase mil demissões após privatização (Foto: Guilherme Dardanhan)

Os males da privatização de empresas do Estado sempre foram denunciados por todos os sindicatos do país, que se posicionam contra essa política de entregar as empresas públicas para o setor privado. “Privatizar é sempre o pior caminho. Há demissões em massa, o serviço prestado ao cidadão é totalmente precarizado e o custo fica maior, pois o setor privado só visa o  lucro e para isso não há limites”, destaca o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Municipais de Divinópolis e Região Centro-Oeste e vice-presidente eleito da Federal Interestadual l dos Servidores Públicos Estaduais e Municipais (Fesempre), Marco Aurélio  Gomes.

O mais recente reflexo do mal da privatização no Estado foi a demissão de 230 funcionários da do metrô de Belo Horizonte, sem justa causa. As demissões ocorrem apenas um ano após o metrô ter sido privatizado.  Essa situação será discutida em audiência pública na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), nesta terça-feira (9), às 16h. A audiência acontece após um pedido da deputada Beatriz Cerqueira (PT).

Na pauta, estará em debate as condições de trabalho dos metroferroviários após a privatização do metrô da capital, vendido ao Grupo Comporte por R$ 25,7 milhões, em leilão realizado em dezembro de 2022. A Metrô BH, empresa do Grupo Comporte, assumiu a concessão do sistema de transporte coletivo sobre trilhos da Região Metropolitana de Belo Horizonte em 23 de março de 2023.

De acordo com a presidente do Sindicato dos Empregados em Transportes Metroviários e Conexos de Minas Gerais (Sindimetro), Alda Lúcia Fernandes dos Santos, o recente desligamento dos 230 trabalhadores aconteceu depois de dois planos de demissão voluntária e um de demissão consensual, totalizando cerca de mil demissões desde a transferência do metrô para a iniciativa privada.

Segundo informações do gabinete de Beatriz Cerqueira, Alda Fernandes denuncia péssimas condições de trabalho, jornadas estressantes, casos de assédio moral e retirada de direitos das mulheres trabalhadoras que, segundo ela, foram as que mais perderam no processo de privatização.

A sindicalista ainda relata a falta de diálogo por parte da empresa; práticas antissindicais, como o impedimento dos representantes do sindicato de acessarem áreas da empresa para dialogar com os trabalhadores e trabalhadoras; e corte de pagamentos dos diretores liberados.

ESTABILIDADE ERA GARANTIA

O processo de privatização do metrô de Belo Horizonte estabelecia 12 meses de estabilidade para os trabalhadores, prazo vencido em março de 2024. Em audiência pública realizada em 21 de março de 2023, a deputada Beatriz Cerqueira chamou atenção para o fato. “Incluíram no processo uma falsa estabilidade de 12 meses não por bondade, mas para dar tempo da empresa se apropriar da expertise dos metroviários”, afirmou a deputada, na época.

Segundo Beatriz Cerqueira, os últimos meses confirmaram o receio de que a privatização acarretaria piora do serviço, aumento da tarifa e precarização das condições de trabalho.

“A tarifa aumentou, há problemas técnicos, atrasos das viagens e demissão em massa dos trabalhadores. São os resultados da privatização. Vamos fortalecer a luta dos metroferroviários contra essa demissão em massa inaceitável. E vamos continuar na luta contra as privatizações”, afirmou Cerqueira.

Em um balanço publicado após um ano de operação, a empresa Metrô BH afirmou que o tempo médio de percurso entre as Estações Vilarinho e Eldorado foi reduzido em 16%, de 55 para 46 minutos. O número médio de viagens em atraso teria diminuído de cerca de 35 para três. Atualmente, a Metrô BH atende cerca de 100 mil usuários nos dias úteis, segundo os dados divulgados.

COPASA E CEMIG

Apesar de todos os males da privatização, que atinge diretamente o cidadão, o governador Romeu Zema tem na mira a Copasa, maior concessionária do serviço de abastecimento de água no Estado, e a Cemig, que detém a concessão de energia. Pelo desejo do governador as duas empresas públicas já teriam sido totalmente privatizadas, o que geraria aumetno nas tarifas, demissões e tornaria o serviço ainda pior.

Basta lembrar que há 10 anos, foi permitido a entrada do capital privado na Copasa e na Cemig. Desde então as duas empresas se tornaram totalmente inacessíveis ao consumidor, o serviço de ambas piorou, as tarifas aumentaram e todas as cidades enfrentam problemas com as duas concessionárias, embora a iniciativa privada ainda detenha menos de 50% de participação no capital.

Reportagem: Jotha Lee
Comunicação Sintram