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Governo do Estado anuncia recomposição do piso salarial da educação

Governo do Estado anuncia recomposição do piso salarial da educação

Centenas de professores manifestaram durante a audiência em defesa do piso salarial (Foto: Ricardo Barbosa/ALMG)

Em audiência pública promovida nesta quarta-feira (26) pela Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) para cobrar o reajuste do piso salarial da educação referente a este ano, o Governo do Estado se comprometeu a encaminhar projeto de lei com a recomposição ainda neste semestre, retroativa a janeiro.

A subsecretária de Gestão de Pessoas, Kênnya Duarte, que representou o Poder Executivo na reunião, não precisou, no entanto, o índice de revisão, que será proporcional à jornada de 40 horas semanais. O assessor-chefe de Relações Institucionais da Secretaria de Estado de Educação, Fernando Antônio Pinheiro Júnior, informou que o reajuste estudado é de 12,84%, percentual ainda em aberto devido à possibilidade de inclusão da recomposição inflacionária relativa ao último ano.

O piso nacional dos profissionais da educação é regulamentado pela Lei Federal 11.738, de 2008. Em 2023, por decisão do Ministério da Educação, o piso foi reajustado em 14,95%, chegando a R$ 4.420,55 para jornada de até 40 horas semanais. Em Minas, a Lei 21.710, de 2015, dispõe sobre o piso e define a carga horária de 24 horas semanais, daí a interpretação do Governo do Estado de pagar a remuneração dos professores de forma proporcional ao valor estabelecido para 40 horas.

Esse posicionamento foi questionado pelas deputadas presentes na audiência públlica, que entendem que a jornada fixada na legislação estadual deve ser a referência para a recomposição completa. Elas também cobraram a garantia de revisão inflacionária, estudada pelo governo.

Kênnya Duarte chegou a afirmar que, caso não seja possível o reajuste de toda a inflação, um valor menor seria melhor do que nada, o que causou a irritação de parlamentares e de professores.

AUXILIARES DE SERVIÇO

A subsecretária também garantiu que a recomposição do piso valerá para todas as carreiras da educação básica. Contudo, não será levado em consideração se o piso nacional trata de carreiras de nível médio, o que garantiria maior remuneração para os profissionais de nível superior.

Outra queixa é a remuneração das auxiliares de serviço da educação básica (ASBs), hoje de R$ 1.242, abaixo do salário mínimo. Kênnya Duarte explicou que precisam ser cumpridas condicionantes da Lei de Responsabilidade Fiscal para o aumento real dos salários.

“A gente sabe que tem distorções que precisam ser revisadas, mas precisamos seguir a legislação para fazer o que de fato vamos conseguir honrar e com segurança jurídica”, ressaltou.

FALTA VONTADE

As deputadas Beatriz Cerqueira e Macaé Evaristo, ambas do PT e Lohanna França e o deputado professor Cleiton (ambos do PV), assim como lideranças sindicais presentes, criticaram os argumentos do governo para o não cumprimento do que consideram o valor justo do piso da educação.

Dados apresentados por Beatriz Cerqueira apontam que o Executivo estadual deixou de investir R$ 4,8 bilhões dos recursos vinculados constitucionalmente à educação, ao mesmo tempo em que o saldo bancário do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb) e do Salário-Educação, em fevereiro deste ano, era de R$ 2,5 bilhões e R$ 3,1 bilhões, respectivamente, valores que poderiam custear a valorização dos profissionais do setor. Ela ainda destacou que o Governo de Minas nunca pagou as recomposições anuais do piso da educação.

A deputada Lohanna França lembrou que a Assembleia acabou de aprovar um reajuste de 298% no subsídio do governador, ao também questionar o que seria falta de boa vontade com os professores. “O reajuste é possível quando se trata dos poderosos, de quem tem a máquina nas mãos”, disse Lohanna.

Para a deputada Macaé Evaristo, a falta de consideração do governo está ligada a um histórico de opressão repetido cotidianamente nas escolas, para que as populações mais vulneráveis desistam da luta pelo direito à educação, que é emancipatória e faz com que as pessoas não aceitem as desigualdades.

Já o deputado Professor Cleiton destacou que Minas tem em caixa hoje aproximadamente R$ 26 bilhões, ao passo que a dívida, sempre lembrada para o congelamento dos salários, foi consideravelmente aumentada nos últimos quatro anos e chega a R$ 147 bilhões, como parte de um arcabouço que “beneficia o empresário Romeu Zema”. “É uma opção política o não pagamento do piso”, concluiu.

Representando os servidores da rede estadual e municipal, Denise Romano, coordenadora-geral do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE), e Wanderson Rocha, diretor do Sindicato dos Trabalhadores em Educação da Rede Municipal de Belo Horizonte, também se queixaram da postura do Poder Executivo com os professores.

Wanderson Rocha disse que a Prefeitura da Capital vem alterando a carreira na rede municipal para eliminar os níveis que ficariam abaixo do piso mesmo com a proporcionalidade das 40 horas, o que tem feito que paulatinamente se torne uma carreira única, sem a diferenciação de quem ingressou com nível médio ou graduação.

Denise Romano, por sua vez, classificou o atual vencimento básico da educação em Minas, de R$ 2.350, uma vergonha, o pior do País. “O Estado não reconhece o valor de cada trabalhador da educação. Vocação e amor não pagam as contas”, ironizou.

Fonte: ALMG

 

 

Policiais penais de Minas Gerais denunciam más condições na alimentação fornecida pelo Estado

Policiais penais de Minas Gerais denunciam más condições na alimentação fornecida pelo Estado

Policiais penais lotaram o plenário da Assembleia durante a audiência (Foto: Ricardo Barbosa/ALMG)

Baratas, moscas e larvas não estão no cardápio das unidades dos sistemas prisional e socioeducativo do Estado, mas nem por isso tem sido incomum encontrá-las nas refeições fornecidas aos servidores e aos prisioneiros. A denúncia foi feita por policiais penais que compareceram em peso a audiência da Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), realizada nesta terça-feira (25).

As queixas não são novas, mas denúncias continuam sendo recebidas pela comissão, que já tratou do assunto em outras oportunidades. Os casos mais recentes de más condições de higiene e transporte dos alimentos foram relatados em unidades da Zona da Mata, em Juiz de Fora, e na região Noroeste, em Unaí e Paracutu, onde até mesmo um gambá foi visto junto à comida.

Luzana Moreira, presidente do Sindicato dos Servidores do Sistema Socioeducativo do Estado, afirmou já ter presenciado larvas no feijão e no peixe, sucos e café em péssimas condições e refeições que de tão azedas foram recusadas pelos internos.

Ela também informou que, nas unidades onde a gestão é compartilhada com organizações da sociedade civil de interesse público (Oscips), é constante o atraso na oferta de alimentos, sendo que as frutas nem mesmo chegam aos servidores.

MÁ GESTÃO DOS RECURSOS

Segundo Jean Carlos Rocha, presidente do Sindicato dos Policiais Penais do Estado, cerca de R$ 50 milhões são gastos por mês na compra de alimentos para servidores e detentos, dinheiro que estaria indo para o ralo devido à contaminação das marmitas.

Ele também reclamou da oferta de alimentos com baixo valor nutricional (como embutidos), do fato de as refeições oferecidas para os policias penais e os presos terem o mesmo valor calórico, apesar das necessidades diferentes, e da suposta perseguição a agentes de segurança que denunciam os problemas encontrados, mais especificamente na unidade de Paracatu onde o gambá foi encontrado.

José Lino Esteves, presidente do Sindicato dos Auxiliares, Assistentes e Analistas do Sistema Prisional e Socioeducativo, que também atua como fiscal do contrato de alimentação na unidade em que trabalha, confirmou ter encontrado diversas irregularidades no local onde os alimentos destinados à instituição são processados, como ferrugem, sujeira e a presença de insetos.

Assim como outros participantes da audiência, também reclamou do tratamento diferenciado dado a servidores do sistema prisional, uma vez que algumas unidades pagam auxílio alimentação e a maioria não, e da prática recorrente de troca de CNPJ das empresas que são penalizadas pela oferta indevida de alimentos, para que continuem prestando o serviço.

Fonte: ALMG