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Corregedoria-Geral de Justiça abre Semana Nacional do Registro Civil em Minas Gerais

Corregedoria-Geral de Justiça abre Semana Nacional do Registro Civil em Minas Gerais

Solenidade de abertura foi realizada no Uai Praça Sete em Belo Horizonte (Foto: Cecília Pederzoli/TJMG)

A Semana Nacional do Registro Civil em Minas Gerais foi aberta nesta segunda-feira (8/5) pelo corregedor-geral de Justiça do Estado de Minas Gerais, desembargador Luiz Carlos de Azevedo Corrêa Junior, e representantes das entidades parceiras. A ação foi realizada no Posto UAI Praça Sete, em Belo Horizonte.

A vice-corregedora-geral de Justiça, desembargadora Yeda Monteiro Athias; o 2º vice-presidente do TJMG, desembargador Renato Dresch, e a superintendente do Núcleo de Voluntariado do TJMG, desembargadora Maria Luiza de Marilac, também participaram da solenidade.

Até a próxima sexta-feira (12) das 8h às 12h, pessoas em situação de rua que estejam sem documentos podem obter gratuitamente a segunda via de certidão de nascimento, casamento, documento de identidade e  CPF no Uai Praça Sete. Também estão funcionando no local postos de atendimento para orientação sobre benefícios assistenciais e previdenciários e para regularização eleitoral. Neste primeiro dia, aproximadamente 120 solicitações foram recebidas, 80 pedidos encaminhados aos cartórios e 46 pedidos de emissão liberados.

“Esta iniciativa tem o objetivo único e importantíssimo de dar o mínimo de cidadania àqueles que mais precisam”, afirmou o corregedor-geral de Justiça, desembargador Luiz Carlos de Azevedo Corrêa Junior. O magistrado frisou a importância dos documentos de identificação para o resgate social das pessoas em situação de rua. “Sem uma identificação o cidadão e a cidadã estão alijados de direitos. Fornecer os documentos mínimos para a população em situação de rua é um pequeno, mas importante passo, para a reintegração dessas pessoas à sociedade”, afirmou o corregedor.

O corregedor-geral Corrêa Junior agradeceu o engajamento das entidades parceiras na realização da semana. “A sinergia entre as entidades públicas e privadas demonstra que nossa sociedade tem jeito, que a sociedade tem o objetivo de melhorar a situação daqueles que se encontram em situação de vulnerabilidade. Unidos, podemos e devemos melhorar a vida daqueles que mais necessitam ”, afirmou. O magistrado também elogiou e agradeceu a atuação da juíza Simone Saraiva de Abreu Abras e do juiz Luís Fernando de Oliveira Benfatti na organização da Semana.

A Semana Nacional do Registro Civil está acontecendo em todos os estados e no Distrito Federal e integra o Programa de Enfrentamento ao Sub-registro Civil e de Ampliação ao Acesso à Documentação Básica por Pessoas Vulneráveis, instituído pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) por meio do Provimento nº 140/2023, da Corregedoria Nacional de Justiça.

O Portal do Sintram solicitou ao Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) um detalhamento de como a Semana do  Registro será desenvolvida no interior do Estado. Até o fechamento destas reportagem, o Tribunal ainda não havia respondido. Essa reportagem será atualizada caso a informação solicitada seja encaminhada pelo Tribunal.

Edição: Jotha Lee
Comunicação Sintram
Com informações do TJMG

 

 

Mais de 150 mil adolescentes de Minas já sofreram violência sexual, aponta pesquisa da UFMG

Mais de 150 mil adolescentes de Minas já sofreram violência sexual, aponta pesquisa da UFMG

 

Mais de 150 mil adolescentes mineiros com idades entre 13 e 17 anos já sofreram algum tipo de violência sexual ao longo de suas vidas. O número representa 13,6% (156.536) do total de 1.151.000 pessoas nessa faixa etária que vivem no Estado, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A porcentagem foi levantada por uma pesquisa realizada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) baseada em um levantamento feito pela Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE). O estudo foi realizado em escolas públicas e privadas do Brasil, com 159.245 adolescentes.

A professora Deborah Carvalho Malta, da Escola de Enfermagem da UFMG, que coordenou o estudo, avalia que a pesquisa realmente mostra que os números de adolescentes que já sofreram violência sexual são preocupantes. “A pesquisa foi feita com uma amostra muito grande de estudantes. No Brasil, a prevalência de estudantes que já sofreram algum tipo de violência sexual é de quase 15%, isso é uma prevalência muito alta”, afirmou a professora.

Na pesquisa, a violência sexual com relação aos alunos é definida como: “qualquer ação na qual uma pessoa, valendo-se de sua posição de poder e fazendo uso de força física, coerção, intimidação ou influência psicológica, com uso ou não de armas ou drogas, obriga outra pessoa – de qualquer sexo – a ter, presenciar ou participar de alguma maneira de interações sexuais ou a utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade, com fins de lucro, vingança ou outra intenção”.

ESCOLAS VAZIAS

O estudo considera que qualquer tipo de violência sexual resulta em danos sociais e psicológicos às vítimas. “Destacam-se questões psicológicas, como ansiedade, raiva e pensamentos suicidas, desempenho escolar insatisfatório e comportamentos de risco, como consumo de álcool, tabagismo e uso de drogas. Ademais, sabe-se que as consequências da violência repercutem a longo prazo e podem interferir nos relacionamentos, na socialização e até mesmo nas futuras condições de moradia. É comum o relato de pessoas sem teto de que a principal razão para estarem em situação de rua é a tentativa de escapar da violência vivenciada em ambiente doméstico”, foi escrito na pesquisa.

A pesquisa mostra que o número de adolescentes do sexo feminino que relataram já ter sido vítima de violência sexual é mais que o dobro do que no sexo masculino. Em Minas, 19,3% das adolescentes contaram que já sofreram violência sexual, já entre os meninos esse número cai para 8,1%.

“Esses dados expressam claramente nosso machismo estrutural. Vivemos em uma sociedade que não respeita as mulheres e que os homens acham que podem expor seus desejos e suas vontades mesmo que isso signifique ter relação sexual sem a permissão da mulher. Precisamos falar sobre essa violência sexual no ambiente familiar, na escola e em todos os âmbitos da sociedade. Temos que implementar a equidade de gênero. Além disso, as medidas de proteção são muito importantes e a punição dos suspeitos também”, considera a professora.

Ainda de acordo com a pesquisa, estima-se que, no mundo, mais de 120 milhões de mulheres e meninas sofreram algum tipo de contato sexual forçado antes de 20 anos de idade. No Brasil, foram cerca de 180 mil estupros de crianças, adolescentes e mulheres com idades entre 10 e 19 anos — entre 2017 e 2020.

PESSOAS PRÓXIMAS

O estudo mostrou que a maioria dos adolescentes sofreu violência sexual pelos namorados, namoradas ou ficantes, amigos, pai, mãe, padrasto, madrasta ou outros familiares. O levantamento também revela que a maioria dos entrevistados contou que sofreu violência sexual quando tinha menos de 13 anos e que, a maioria dos adolescentes de 16 e 17 anos, foram vítimas de namorados ou ficantes. “Quanto mais velhos eles ficam mais predisposição a ter um relacionamento e sofrer violência sexual”, conclui Deborah.

O QUE É FEITO

Levando em conta que a escola é um dos ambientes onde, segundo especialistas, deve-se discutir violência sexual, além de ser o local onde a maioria dos casos de violência ocorre, conforme os relatos, o poder público mantem algumas ações nas instituições de ensino para tentar conscientizar as crianças e orientá-las com relação a violência sexual. No caso de Divinópolis não há nenhum programa desenvolvido pela Secretaria Municipal de Educação nesse sentido.

Já a Secretaria de Estado de Educação destacou que, no ínicio deste ano letivo, foi criado o Plano de Enfrentamento ao Assédio Sexual. O documento tem como intuito promover uma ação efetiva de combate, prevenção e punição dos suspeitos de assédio.

“Junto ao plano, também foi elaborada uma cartilha que traz esclarecimentos sobre as possíveis condutas que podem ser caracterizadas como assédio sexual e as sanções resultantes da prática, com informações a respeito de violência sexual e orientações de canais de denúncias que devem ser acionados, quando ocorrer o ilícito, como o Disque- Ouvidoria 162, canal de atendimento ao cidadão da Ouvidoria-Geral do Estado, dentre outros”, informou a secretaria.

Ainda com objetivo de conscientizar os estudantes da rede sobre a prática, foram criados em 2022 os Núcleos de Acolhimento Educacional (NAES), que consistem em equipes formadas por psicólogos e assistentes sociais que atuam nas 47 Superintendências Regionais de Ensino (SREs), realizando palestras sobre sexualidade, relações interpessoais e empoderamento, além de oficinas sobre bullying, a fim de orientar e prevenir a ocorrência de atos ilícitos.

A VIOLÊNCIA SEXUAL NO BRASIL

A pesquisa trouxe também dados nacionais mostrando que os estados do Amapá (18,2%), Pará (17,8%), Amazonas (17,6%), Roraima (17,4%) e Distrito Federal (16,3%) foram os que mais registraram a violência sexual entre os adolescentes. Já os que tiveram menor registro foram: Alagoas, Bahia e Rio Grande do Sul (12,1% em cada), Sergipe (12,2%) e Piauí (12,8%).

O estudo também fez uma análise de dados específicos do estupro no Brasil e constatou que os estados que mais registraram o crime foram Amapá (9,7%), Amazonas (9,4%), Pará (8,6%), Roraima (8,2%) e Mato Grosso do Sul (8%). Já as menores prevalências foram registradas no Rio Grande do Sul (4,8%), Alagoas, Bahia (5,1% em cada) e Paraíba, Pernambuco, Piauí e Sergipe (5,6% em cada).

Números da violência sexual

EM MINAS

– 156.536 adolescentes com idades entre 13 e 17 anos sofreram violência sexual em algum momento da vida. O dado representa 13,6% dos 1.151.000 de pessoas com essa faixa etária no Estado.

Meninas x Meninos

Entre as adolescentes mineiras 19,3% contaram que já sofreram violência sexual. Enquanto os meninos representam 8,1%.

Fonte: UFMG