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Auxiliares de serviço da educação do Estado cobram reajuste salarial e protestam na Assembleia Legislativa

Auxiliares de serviço da educação do Estado cobram reajuste salarial e protestam na Assembleia Legislativa

Os auxiliares de educação lotaram a Assembleia durante audiência na Comissão de Educação (Fotos: Luiz Santana/ALMG)

 

  • Com vencimentos abaixo do salário mínimo, a categoria também reivindica a criação de uma carreira e a realização de concurso público
  • O vencimento básico da categoria está R$ 78 abaixo do salário mínimo de R$ 1.320 anunciado no último dia 1º de maio
Categoria protestou contra o salário abaixo do mínimo

Com uma remuneração abaixo do salário mínimo, os 35 mil auxiliares de serviço da educação básica (ASBs) do Estado são responsáveis por diversas tarefas essenciais para o funcionamento das escolas da rede pública estadual, que vão da manutenção à limpeza. Em busca de valorização por parte do governo, a categoria compareceu em peso à Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), nesta quarta-feira (10), em audiência da Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia.

A presidente da comissão, deputada Beatriz Cerqueira (PT), elencou as principais demandas dos auxiliares de serviço: além do reajuste dos vencimentos, a criação de uma carreira e a consequente realização de concurso público, bem como a regularização dos trabalhadores junto ao Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS).

Atualmente, o vencimento básico da categoria é de R$ 1.242, R$ 78 a menos que o salário mínimo de R$ 1.320 anunciado no dia 1º de maio. Pedidos de concessão de benefícios junto ao INSS, como licenças médicas e aposentadoria, têm sido indeferidos porque o governo não está em dia com os repasses para o órgão, de acordo com Beatriz Cerqueira.

O registro profissional na função de “coletor de lixo domiciliar” pelo Estado é mais um ponto de insatisfação, já que essa nomenclatura não corresponde às funções exercidas pelos servidores. Como não há carreira, os ASBs convivem com a instabilidade e são contratados temporariamente no nível mais baixo da tabela de salários, independentemente do grau de escolaridade de cada um, outra queixa apresentada pela deputada.

“O governo não paga a recomposição do piso da educação. Com o salário que recebo, não estou conseguindo me alimentar para ir à escola”, disse Wanderlúcio Barbosa Auxiliar lotado na Escola Estadual Bernardo Valadares de Vasconcelos, em Sete Lagoas (Região Central).

Na reunião, Maria Aparecida, da Escola Estadual Israel Pinheiro, de Governador Valadares (Vale do Rio Doce), disse que não tem dinheiro para os remédios e que precisa escolher quais contas vai pagar no mês.

A baixa remuneração ainda precisa dar conta do transporte, pois grande parte dos trabalhadores não recebe vale para se locomover, conforme relataram na audiência. “Muitos auxiliares de serviço do Norte de Minas vão a pé, de carona, a cavalo, porque não têm condição de pagar o transporte”, afirmou Geraldo Silva, coordenador da subsede de Montes Claros (Norte de Minas) do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação (Sind-UTE).

“Sem o vale transporte, estamos praticamente pagando para trabalhar”, desabafou Ana Lúcia Maciel, que atua no Triângulo Mineiro. Outros auxiliares reclamaram de não poder se alimentar nas escolas, mesmo não recebendo vale-alimentação.

Outra queixa comum foi a dificuldade de acesso a consultas no Instituto de Previdência dos Servidores do Estado (Ipsemg). Wanderlúcio Barbosa, de Sete Lagoas, informou ter que complementar R$ 95 para ser atendido. Para perícias médicas, precisa se deslocar para Belo Horizonte.

“No meu dia a dia, lavo banheiro, levo almoço para os professores, cuido das crianças e dos adolescentes e fui convidada a também a ficar na portaria”, comentou Emília Ferreira, de Belo Horizonte, para ilustrar, assim como vários de seus colegas, o conjunto de funções essenciais que exerce na escola, inversamente proporcional à valorização que recebe.

As deputadas Beatriz Cerqueira (PT), Lohanna França (PV) e Macaé Evaristo (PT) e o deputado Leleco Pimentel (PT) apoiaram as reivindicações dos auxiliares. “O governador que teve 300% de aumento não pode continuar ignorando vocês”, afirmou a deputada divinoplitana, Lohanna França.

Segundo Macaé Evaristo, o governo trabalha com a lógica de destruição do serviço público. Ela também lembrou o perfil da categoria, composta em grande parte por mulheres negras, que sempre receberam um tratamento desigual.

GOVERNO GARANTE RECOMPOSIÇÃO

O assessor-chefe de Relações Institucionais da Secretaria de Estado de Educação (SEE), Fernando Antônio Pinheiro Júnior informou que o Governo do Estado vai encaminhar, em junho, projeto de lei para a ALMG para que o salário dos auxiliares seja reajustado para R$ 1.402, retroativos a janeiro de 2023.

Quanto às demandas pelo vale-alimentação, ele disse que a legislação garante o benefício para quem não faz jus à alimentação nas escolas, que é o caso dos auxiliares. Sobre o vale-transporte, o assessor respondeu que tem direito ao benefício o servidor em exercício na Região Metropolitana de Belo Horizonte, na Região Metropolitana do Vale do Aço ou em cidades com mais de 100 mil habitantes.

Em relação à demanda de concurso, ele explicou que há uma complexidade para a sua execução e que a secretaria estuda como viabilizá-lo.

Já sobre os problemas em relação ao INSS, Fernando Pinheiro Júnior disse que o Governo do Estado tem feito os repasses regularmente, mas que está ocorrendo um problema de sistema que traz dificuldades para a integração entre os dados do Executivo e do instituto de seguridade.

Fonte: ALMG

 

 

 

Nova lei para coibir atos violentos em escolas entra em vigor em Minas Gerais

Nova lei para coibir atos violentos em escolas entra em vigor em Minas Gerais

A lei foi sancionada pelo presidente da ALMG, Tadeu Martins (Foto: ALMG)

O governador em exercício e presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), Tadeu Martins Leite (MDB), sancionou a Lei 24.315, de 2023, que dispõe sobre a adoção de medidas voltadas para a defesa civil e a prevenção e a mitigação dos efeitos de acidentes e de atos violentos nas escolas da rede pública de ensino do Estado.

A nova lei originou-se do Projeto de Lei (PL) 993/19, do deputado Sargento Rodrigues (PL), aprovado de forma definitiva, em 2º turno, na Reunião Ordinária do Plenário realizada no último dia 12 de abril.

Em seu texto, a nova lei não traz nenhuma novidade, a não ser medidas que deveriam ser tomadas por decisão das própria Secretaria de Estado da Educçaão. A nova lei prevê, logo em seu segundo artigo, como objetivos:

  • promover a capacitação e o treinamento de alunos e profissionais da educação em procedimentos de prevenção e de emergência em caso de ocorrência de desastres, acidentes e atos violentos;
  • incentivar a criação de campanhas educativas sobre as ações de defesa civil e sobre a prevenção e a mitigação dos efeitos de acidentes e de atos violentos nas escolas da rede pública de ensino do Estado;
  • conscientizar os membros da comunidade escolar acerca da importância dos temas relacionados com a percepção de riscos e as formas de prevenção de desastres, acidentes e atos violentos no ambiente escolar e doméstico e em outros locais considerados vulneráveis;
  • incrementar as ações preventivas de segurança contra desastres em escolas situadas em áreas de risco;
  • incentivar a formação de brigadas de emergência e de equipes de monitores para auxílio especializado, no caso de situações de risco de desastres, acidentes e atos violentos no ambiente escolar;

A Lei 24.315 ainda estabelece as diretrizes das medidas em seu terceiro artigo:

  • o desenvolvimento de metodologias de treinamento, que incentivem a participação dos alunos em procedimentos de prevenção e de emergência em caso de ocorrência de desastres, acidentes e atos violentos no ambiente escolar;
  • a divulgação de informações a respeito das ações de defesa civil e de prevenção e mitigação dos efeitos de acidentes e atos violentos nas escolas;
  • a realização periódica de exercícios simulados para aplicação prática dos procedimentos aprendidos;
  • a busca de cooperação intersetorial com órgãos e entidades da administração pública, entidades privadas sem fins lucrativos ou voluntários, de forma a promover o aproveitamento de recursos humanos especializados e a otimizar os custos das atividades;
  • a continuidade e regularidade das atividades relacionadas com a defesa civil e com a prevenção e a mitigação de acidentes e atos violentos nas escolas;
  • a articulação entre os sistemas municipais e estadual de ensino e a Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (Cedec-MG) na implementação das ações de defesa civil no ambiente escolar;
  • a articulação entre os sistemas municipais e estadual de ensino, a Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros Militar na implementação das ações de prevenção e mitigação dos efeitos de acidentes e atos violentos no ambiente escolar.

Embora a violência em ambiente escolar venha sendo pauta prioritária na ALMG, a Lei sancionada não traz nenhuma medida concreta, ficando apenas em questões que são discutidas em longas reuniões, mas que não trazem soluções práticas.

A violência nas escolas vem sendo pauta em todo o  Estado, desde que dois casos de atentados em escolas tiveram repercussão nacional. O primeiro foi o atentado à Escola Estadual Thomazia Montoro, na Vila Sônia, em São Paulo (SP), em 27 de março deste ano. O agressor, que era aluno da escola e tinha 13 anos, esfaqueou quatro professoras e outro aluno, levando à morte da professora Elisabete Tenreiro, de 71 anos.

O segundo caso foi na creche Cantinho Bom Pastor, em Blumenau (SC), invadida em 5 de abril deste ano por um homem de 25 anos, que matou quatro crianças com um machado.

Nos dois casos há indícios de que os autores faziam parte de comunidades on-line que cultuam armas, atentados em massa e incitam a violência. A principal dificuldade nas investigações desses casos tem sido colocada pelas redes sociais, que se recusam a fornecer dados sigilosos sobre os criminosos para a Justiça Brasileira.

Reunião Especial na ALMG no último dia 17 de abril, reuniu deputados, gestores estaduais e federais para debater soluções para a violência nas escolas.  Segundo dados apresentados na ocasião pela promotora Ana Carolina Zambon Pinto Coelho, entre 2002 e 2023 foram registrados 27 ataques a escolas no Brasil. Desse total, 13 atentados ocorreram nos últimos oito meses, o que evidencia o agravamento do problema.

Fonte: ALMG