Categoria: Minas Gerais

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Chamada de rodovia da morte, Fernão Dias terá novos radares e rampa de escape para aumentar segurança

Chamada de rodovia da morte, Fernão Dias terá novos radares e rampa de escape para aumentar segurança

Conhecida como a rodovia da Morte, a BR-381 (Fernão Dias) tem a maior parte de sua malha em Minas Gerais. Com 1.181 quilômetros, a estrada é conhecida no Estado pelo excesso de acidentes, com um elevado índice de vítimas fatais. São 950 quilômetros em Minas Gerais, 136 no Espírito Santo e 90 em São Paulo. De acordo com dados da Confederação Nacional dos Transportes (CNT), em 2022 a Fernão Dias liderou com folga o número de acidentes e de vítimas fatais no trecho que passa por Minas Gerais. Foram 2.097 acidentes, com 151 mortes. A segunda rodovia federal mais violenta no trecho mineiro no mesmo período, foi a BR-040, com 1.483 acidentes e 128 mortes.

A principal rodovia federal de ligação da região Centro-Oeste de Minas com o Triângulo Mineiro e Vitória no Espírito Santo, a BR-262, foi a quarta colocada no ranking de violência no ano passado, com 767 acidentes e 71 mortes em território mineiro.

FERNÃO DIAS

A Rodovia Fernão Dias vai ganhar novos radares de velocidade, para evitar acidentes em pontos críticos. A informação foi prestada por representantes da Arteris, concessionária que administra a rodovia, aos deputados da Comissão de Transporte, Comunicação e Obras Públicas da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), em reunião realizada nesta terça-feira (12).

Foram identificados 32 pontos com altos índices de acidentes na Fernão Dias (o trecho sul da BR-381), que receberão esses equipamentos em 2024. Desse total, 27 serão instalados em Minas Gerais, três deles na Serra de Igarapé, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), um dos trechos mais perigosos da rodovia.

No dia 20 de agosto, um grave acidente nesse local deixou oito mortos. Um ônibus que levava torcedores do Corinthians de volta para São Paulo após uma partida contra o Cruzeiro, no Mineirão, pelo Campeonato Brasileiro, perdeu os freios e capotou várias vezes.

Conforme lembrou o deputado Lucas Lasmar (Rede), que solicitou a realização da audiência, esse trecho de 14 quilômetros de extensão é preocupante porque é sinuoso, com curvas fechadas em uma descida forte e tem grande volume de tráfego, especialmente de caminhões.

Por isso, o deputado também considera fundamental a implantação de uma rampa de escape na região. Essa estrutura consiste em um prolongamento da estrada, projetado para reduzir a velocidade dos caminhões em declives acentuados, evitando a ocorrência de acidentes graves.

A Arteris já pactuou com a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) a instalação de uma rampa de escape no km 525 da Fernão Dias, na altura de Brumadinho. Segundo o diretor de Operações da concessionária, Ricardo Luís Silva, o projeto executivo já está sendo elaborado e a expectativa é de que ele fique pronto em meados de 2024. A construção da estrutura terá início após a aprovação da ANTT.

O diretor de Operações da Arteris, Ricardo Luís Silva, garantiu que a empresa tem como valor o respeito à vida e trabalha para reduzir os acidentes fatais na Fernão Dias. Ele disse que o número de mortes na rodovia foi reduzido pela metade entre 2010 e 2020, quando foram registradas 126 vítimas fatais. A concessionária trabalha para que esse número tenha outra redução pela metade até 2030.

Para isso, segundo o diretor, a Arteris trabalha em diversas frentes, como a implantação de passarelas e ações de conscientização de pedestres, para evitar atropelamentos. Além disso, a empresa implantou mais de 100 km de iluminação na rodovia, para oferecer mais segurança para usuários e moradores do entorno.

Ricardo Luís Silva disse que a concessionária tem consciência das condições da pista e está investindo R$ 200 milhões na recuperação do pavimento em 2023. Ele ainda afirmou que o excesso de peso dos caminhões precisa ser coibido porque contribui para a deterioração do asfalto e também pode provocar acidentes.

Segundo o coordenador substituto de Fiscalização da Infraestrutura Rodoviária da ANTT, Cláudio Renê Valadares Lobato, entre setembro de 2022 e agosto de 2023, a Arteris deixou de atender 61,6% das ocorrências de problemas na pista dentro do prazo regulamentar, o que motivou a aplicação de 38 autos de infração por descumprimento do contrato de concessão da Fernão Dias.

Reportagem: Jotha Lee
Comunicação Sintram
Com informações da ALMG

 

 

Estudo mostra desproporção entre população e número de médicos; veja a situação de Minas Gerais

Estudo mostra desproporção entre população e número de médicos; veja a situação de Minas Gerais

Estudo feito pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e a Associação Médica Brasileira (AMB) mostra que há desproporção entre o crescimento da população e o número de médicos, além de má distribuição regional de profissionais, concentração em poucas capitais, e distribuição insuficiente e desigual de especialistas.

Segundo a atualização do estudo Demografia Médica no Brasil 2023, tendo como base dados do Censo de 2022, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), há 1,58 médico especialista por 1.000 habitantes, considerando profissionais titulados em pelo menos uma das 55 especialidades médicas reconhecidas e a população.

Em todas as especialidades existe desigualdade de distribuição entre os estados, mas algumas estão mais concentradas, como é o caso de cirurgiões. No Pará, por exemplo, são 0,46 por 100 mil habitantes, seis vezes menos do que no Distrito Federal (60,84).

O número de anestesiologistas no Maranhão (4,40 por 100 mil) é cinco vezes menor do que no Rio de Janeiro (22,54 por 100 mil). A média nacional de Medicina de Família e Comunidade, uma das especialidades nos serviços de Atenção Primária, é de apenas 5,54 para 100 mil habitantes, sendo que 15 estados estão abaixo dela.

VEJA A DISTRIBUIÃO DOS MÉDICOS EM MINAS GERAIS

De acordo com o coordenador do estudo e professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), Mário Scheffer, foram considerados os 545 mil médicos no Brasil, mas desses, 192.6 mil, quase 38%, são aqueles que não têm especialidade médica, os chamados generalistas. “São médicos que concluem a graduação e não se tornam especialistas. Assim, os demais 321,5 mil médicos são especialistas, e essa distribuição é mais concentrada e mais desigual do que entre os médicos em geral”.

Scheffer destacou que ao analisar a evolução nacional da taxa de estudantes de medicina por 1.000 habitantes, comparada à taxa de médicos cursando residência médica (RM) por 1.000 habitantes, percebe-se a defasagem entre a oferta do ensino de graduação (1,05 estudante por 1.000 habitantes em 2021) e a oferta da formação especializada (0,21 médico residente por 1.000 habitantes). A RM é a principal modalidade para formar especialistas.

Segundo os dados, de 2015 a 2023 houve aumento de 57% na oferta de vagas de residência médica no Brasil, passando de 29.696 para 46.610 vagas, mas a disponibilidade de vagas de primeiro ano de residência não tem sido suficiente para acompanhar o aumento do número de médicos graduados.

“Esse dado é importante, porque alerta para o fato de que, enquanto temos um aumento muito grande de estudantes de medicina, devido à abertura de cursos e vagas de medicina, temos um certo congelamento da capacidade do país de formar especialistas via residência médica.”

ALERTA

O professor ressaltou ainda que surgem duas questões: a má distribuição dos especialistas e o alerta para o futuro, pois caso o ritmo se mantenha, com abertura de escolas de medicina sem o aumento da especialização, em curto prazo haverá também a falta de especialistas.

“Temos assistido o envelhecimento da população e maior demanda por médicos especialistas. A população com mais de 60 anos será de mais de 36 milhões de pessoas em 2025, segundo o IBGE e, com isso, teremos aumento das doenças crônicas não transmissíveis que as maiores causas de adoecimento e morte.”

Além disso, ele lembrou que duas políticas de saúde pública recentes, do governo federal, também demandam maior número de especialistas, como o Programa Nacional de Redução das Filas de Cirurgias Eletivas, Exames Complementares e Consultas Especializadas (PNRF) e política de Atenção Primária à Saúde. “

LEVANTAMENTO

O estudo mostra que o Brasil tem 545.7671 médicos para um total de 203.062.512 habitantes. A razão, portanto, é de 2,69 profissionais de medicina por 1.000 cidadãos. De acordo com o IBGE, a população brasileira cresceu 291%, de 51,9 milhões de habitantes em 1950 para 203 milhões em 2022. No mesmo período, o número de médicos saltou de 22,7 mil para 545,7 mil, o que representa um crescimento de 2.301%. Segundo os dados, 70% de médicos estão concentrados onde vivem menos de 30% da população.

No intervalo entre os dois censos mais recentes, o crescimento da população brasileira desacelerou em relação a contagens anteriores, aumentando 6,5%, um acréscimo de 12,3 milhões de habitantes em 12 anos. Já a população de médicos, no mesmo período, cresceu 70,3%, um aumento de 225.290 profissionais em 12 anos. O crescimento está relacionado à grande abertura de cursos e vagas de graduação em medicina.

De acordo com o levantamento, quando considerados os 2,69 médicos por 1.000 habitantes no país, duas regiões estão abaixo da média nacional: o Norte, com 1,65, e o Nordeste, com 2,09. O Sudeste tem a maior densidade médica (3,62), seguido de Centro-Oeste (3,28) e da Região Sul (3,12). E ainda é possível notar que, enquanto o Distrito Federal tem seis médicos por 1.000 habitantes, o Maranhão tem apenas um.

O levantamento aponta ainda que a desigualdade na distribuição de médicos no Brasil fica ainda mais evidente no agrupamento de municípios, segundo estratos populacionais e com base no Censo 2022 do IBGE. Entre os 5.570 municípios do país, 3.861 (69,3%) têm até 20 mil habitantes. Juntas, essas cidades têm cerca de 31,9 milhões de habitantes ou 15,8% da população brasileira. Nesse mesmo conjunto estão apenas 16,7 mil médicos, ou 2,8% do total de profissionais do país. Inversamente, nas 41 cidades com mais de 500 mil habitantes, onde vivem 29% da população nacional, estão concentrados 61,5% dos médicos. As 319 cidades com mais de 100 mil habitantes concentram 57% dos habitantes e 85,5% dos médicos do país.

Nove capitais – Salvador, Natal, Belém, Porto Alegre, Recife, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Vitória e Fortaleza – tiveram retração populacional nos últimos 12 anos, segundo o Censo 2022. Nas demais capitais, a população aumentou, com os maiores crescimentos registrados em Palmas, Florianópolis, Cuiabá, João Pessoa e Manaus. Assim, houve alterações na taxa de médicos por habitantes em relação à edição anterior do estudo Demografia Médica no Brasil. Florianópolis registra quase dois médicos por 1.000 habitantes a menos. A taxa também diminuiu em Cuiabá e São Luiz.

Vitória, que já era a capital brasileira com maior densidade médica, tem agora 18,14 médicos por 1.000 habitantes, um acréscimo de 3,65 após o ajuste populacional.

A capital do Espírito Santo é seguida por Porto Alegre, Florianópolis, Belo Horizonte e Recife, todas com mais de oito profissionais por 1.000 habitantes. No outro extremo das capitais, com menos de três médicos por 1.000 habitantes, estão Macapá (2,21), Boa Vista (2,68) e Manaus (2,77).

Fonte: AMB