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Sob protestos, Comissão da Assembleia autoriza governo a aderir ao programa de Recuperação Fiscal

Sob protestos, Comissão da Assembleia autoriza governo a aderir ao programa de Recuperação Fiscal

Durante votação na CCO, servidores protestaram contra a adesão do Estado ao regime de recuperação fiscal (Fotos:: Guilherme Bergamini/ALMG)

Sob muitos protestos, o Projeto de Lei (PL) 1.202/19, do governador Romeu Zema, que autoriza o Estado a aderir ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF), recebeu parecer pela constitucionalidade, da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). A reunião foi acompanhada sob protestos de muitos servidores.

O relator do projeto e presidente da CCJ, deputado Arnaldo Silva (União), recomendou a aprovação na forma do substitutivo nº 4, que já tinha sido apresentado por ele em reunião no dia 25 de outubro. A votação do parecer, entretanto, ocorreu apenas nesta terça, devido a um pedido de vista dos deputados Doutor Jean Freire (PT) e João Magalhães (MDB).

O PL 1.202/19 prevê que o RRF terá vigência, em Minas, de nove anos e terá início com a homologação do Plano de Recuperação Fiscal (PRF) pelo presidente da República. Esse plano, discutido na ALMG na semana passada, detalha as ações do governo com vistas ao equilíbrio fiscal e financeiro do Estado.

Na ocasião, parlamentares cobraram mais transparência das propostas. O governo pretende, com o RRF, renegociar dívidas com a União, calculadas em aproximadamente R$ 156 bilhões.

O substitutivo nº 4 (outros três foram enviados pelo próprio governador) traz modificações que, segundo o relator, resguardam a constitucionalidade, a juridicidade e, ainda, formalidades da proposição.

O texto prevê, por exemplo, a vinculação de receitas provenientes da venda de estatais e empresas públicas ou concessão de serviços e ativos ao pagamento do passivo da dívida. Também prevê ressalvas para viabilizar a celebração de convênios com municípios e entidades.

Outra exigência é a destinação dos recursos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) conforme o previsto em lei federal específica. Atualmente, o governo vem sendo acusado de usar esses recursos em outras áreas que não a educação.

Arnaldo Silva ainda desvinculou do PL 1.202/19 a discussão sobre o teto de gastos, segundo ele, por vício jurídico. Assim, esse tema passará a tramitar de forma independente, como um projeto de lei complementar (PLC). A intenção do governo é limitar o crescimento anual das despesas primárias do Orçamento Fiscal e da Seguridade Social do Estado à variação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

O relator ainda realizou ajustes para suprimir medidas que já foram tratadas em lei específica, como a conversão do Programa de Reestruturação e de Ajuste Fiscal em Programa de Acompanhamento e Transparência Fiscal (PAF). E fez atualizações em razão de mudanças realizadas pela União nas normas que tratam do RRF.

Segundo o relator, o substitutivo nº 4 também contempla as propostas de emenda nºs 20, 21 e 23, apresentadas pelo Bloco Democracia e Luta, de oposição, durante a fase de discussão da matéria. Ao todo foram apresentadas 21 propostas de emendas por parlamentares. As demais foram rejeitadas pelo relator.

A emenda nº 20 veda a aplicação do teto de gastos nas emendas individuais e de blocos e bancadas ao orçamento do Estado. A emenda nº 21 busca evitar que a adoção do Plano de Recuperação Fiscal signifique mudanças na previdência e no regime jurídico dos servidores estaduais. A emenda nº 23 tenta impedir que o teto de gastos incida sobre o pagamento do piso salarial nacional aos profissionais da educação do Estado.

OBSTRUÇÃO

Na reunião, diversos deputados buscaram obstruir a apreciação do projeto, como estratégia para ganhar tempo e analisar de maneira mais detalhada os impactos dele no Estado. O deputado Doutor Jean Freire (PT), líder da Minoria na ALMG, apresentou requerimentos para a retirada de pauta do projeto e para adiamento da discussão e da votação do parecer. Os requerimentos foram rejeitados pela maior parte dos parlamentares.

Doutor Jean Freire argumentou que, na audiência realizada na semana passada, o teor do Plano de Recuperação Fiscal não ficou claro. Além disso, destacou que ele não vai solucionar a dívida do Estado, que será maior após o período de vigência do regime, e que os impactos do mesmo vão ficar para os governos futuros.

Seu pronunciamento recebeu apoio dos deputados Ulysses Gomes (PT), líder do Bloco Democracia e Luta, Cristiano Silveira (PT), Sargento Rodrigues (PL), Beatriz Cerqueira (PT), Professor Cleiton (PV), Leleco Pimentel (PT), Andréia de Jesus (PT), Lohanna (PV) e Bella Gonçalves (Psol).

Segundo Cristiano Silveira, o governo Zema aumentou a dívida de Minas em 45%. “O governo tenta aprovar o RRF da maneira mais rápida possível. O tempo necessário não é o tempo do governador, é o tempo da discussão”, disse.

Sargento Rodrigues também criticou esse aspecto. Em sua opinião, o governo exige da ALMG uma análise do Plano de Recuperação Fiscal em poucos dias, embora se trate de matéria complexa.

Ulysses Gomes afirmou que, nos últimos anos, o Estado viveu uma mentira. “O governador foi reeleito dizendo que tinha ajustado as contas de Minas”, disse, acrescentando que o RRF defendido pelo governo é uma prova de que isso não ocorreu. Segundo o deputado, o governo pagou as contas rotineiras em dia, mas aumentou a dívida do Estado com a União.

Professor Cleiton defendeu que a análise da matéria fosse adiada até o governo federal responder se tem interesse na federalização da Codemig e, consequentemente, em abater o valor da empresa na dívida de Minas com a União. Cristiano Silveira e Doutor Jean Freire apresentaram requerimentos para que o Ministério da Fazenda se manifestasse em relação à questão, que também foram rejeitados.

O presidente da CCJ, Arnaldo Silva, disse, na reunião, que a comissão está aberta ao diálogo, mas que é preciso avançar, seguindo os prazos regimentais.

Com ALMG

 

 

Maioria dos imóveis da Polícia Militar e Corpo de Bombeiros de Minas Gerais está em situação irregular

Maioria dos imóveis da Polícia Militar e Corpo de Bombeiros de Minas Gerais está em situação irregular

O comandante da PM em Minas, Coronel Rodrigo Piassi, confirmou que o Estado não cumpre suas próprias normas de segurança (Foto: Elizabete Guimarães/ALMG)

Casa de ferreiro, espeto de pau. Esse conhecido ditado popular bem poderia resumir as conclusões de reunião realizada nesta terça-feira (31/10) pela Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). Durante a audiência, o comandante-geral da Polícia Militar do Estado, coronel PM Rodrigo Piassi, confirmou que o Estado não cumpre suas próprias normas de segurança com relação aos imóveis ocupados pela corporação.

De acordo com o presidente da comissão, deputado Sargento Rodrigues (PL), informações oficiais enviadas à Assembleia confirmam que, de 110 unidades do Corpo de Bombeiros, 35 não possuem auto de vistoria do próprio Corpo de Bombeiros, permanecendo irregulares segundo as normas  de prevenção contra incêndio determinadas pelo próprio Estado.

No caso da Polícia Militar, segundo informou o próprio comandante-geral durante a reunião desta terça, o número de imóveis irregulares é muito maior. O coronel PM Rodrigo Piassi informou que a Polícia Militar possui 1.002 imóveis sob a sua responsabilidade, sendo que, destes, apenas 396 são de propriedade do Estado. Segundo ele, dos 396 imóveis, apenas 92 possuem projeto contra incêndio e pânico e 340 estão em processo de  regularização. Ele não explicou porque esses números não fecham.

O Coronel Piassi também afirmou que, entre os 1.002 Imóveis ocupados pela Polícia Militar, 468 foram cedidos e 138 são de propriedade de terceiros.

Outra irregularidade foi confirmada pelo comandante da Polícia Militar com relação aos 60 postos de combustíveis operados pela corporação. De acordo com o coronel Piassi, deste total de postos, apenas 21 estão regularizados e os outros 39 ainda não têm licença da Agência Nacional de Petróleo (ANP) para funcionar.

A situação irregular dos imóveis ocupados pelos órgãos de segurança foi duramente criticada pelos deputados. “A unidade que não tem o auto de vistoria não está habilitada à prevenção ao incêndio. Estamos submetendo servidores ao risco. Ficamos indignados em saber que o próprio Estado deixa os nossos servidores à deriva”, afirmou Sargento Rodrigues.

O comandante da Polícia Militar admitiu a situação irregular dos imóveis e reconheceu que é um problema que precisa ser resolvido, mas fez um apelo para que a Assembleia não obrigue a instituição a comprometer uma parcela alta de seu orçamento com esta regularização que demanda custos.

“O orçamento da Polícia Militar é limitado. Obviamente que ele atende nossas necessidades salariais e de custeio. Entre todos os problemas de segurança que eu tenho com a tropa da Polícia Militar neste momento, com muita franqueza, havendo limitação de recursos, prefiro direcioná-los para aquisição de equipamentos, viaturas modernas, coletes à prova de bala e pistolas de emissão de pulso. Eu pediria muito ao senhor que não conduzisse a uma situação de comprometimento do orçamento da Polícia Militar”, solicitou o coronel Piassi.

O dirigente da Polícia Militar admitiu que o problema precisa ser resolvido, mas solicitou um prazo razoável, garantindo todo o esforço possível, principalmente da Diretoria de Apoio Logístico da corporação.

O deputado Sargento Rodrigues afirmou que a Comissão de Segurança  agirá com responsabilidade, mas que não é possível fechar os olhos para uma situação tão irregular. “Não podemos deixar de levar esse assunto com a máxima seriedade. Agora, será que nós podemos, enquanto órgão fiscalizador, deixar que essa situação continue do jeito que está? Não vamos permitir que o governador Romeu Zema trate os policiais com esse descaso”, declarou o presidente da Comissão de Segurança Pública.

O deputado acrescentou, ao final da reunião, que ainda não foram recebidas todas as informações solicitadas das instituições de segurança pública. Com relação à Polícia Militar, ele disse que serão cobradas informações a respeito de todas as 1.002 unidades ocupadas pela corporação e não apenas aquelas de propriedade do Estado.

Fonte: ALMG