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Assembleia Legislativa discute os rumos dos Regimes Próprios de Previdência

Assembleia Legislativa discute os rumos dos Regimes Próprios de Previdência

 

“É preciso humanizar a discussão sobre a Previdência Social”. A afirmação foi feita pelo advogado, mestre em Direito e professor de pós-graduação da PUC do Paraná, Nazário Gonçalves de Faria, na manhã desta segunda-feira (13/11/23). Ele participou de debate público na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), que trata ao longo de todo o dia da estrutura e do funcionamento dos Regimes Próprios de Previdência Social (RPPS) do ponto de vista de seus desafios e perspectivas.

No evento, realizado pela Comissão do Trabalho, da Previdência e da Assistência Social por solicitação de seu presidente, o deputado Betão (PT), o advogado defendeu que a questão da sustentabilidade do regime, embora deva ser considerada na discussão, não é o mais importante quando se debate a matéria.

“O direito previdenciário busca a ideia de proteção da família. E não é benesse do governo. Necessita de contraprestação previdenciária, pois quando se começa a exercer a atividade laborativa se vincula a um regime com regras estabelecidas”, afirmou.

Participando da mesa “Regulação, supervisão e parâmetros de cálculo de benefícios dos regimes próprios de previdência”, ele lembrou que houve diversas mudanças previdenciárias no Brasil e, embora seja legítimo fazer essa repactuação, muitas alterações recentes foram abruptas e substanciais.

MUDANÇAS DE 2019

Nazário Maia explicou que a Emenda Constitucional Federal 103, de 2019, representou um descumprimento com o pacto feito em 2003 com servidores, quando houve outra mudança nos RPPS (Emenda Constitucional 41). Na ocasião, como disse, foi estabelecido um pedágio a ser cumprido pelos servidores ao se aposentarem, que foi ignorado em 2019.

“Isso gerou um absurdo como quem estava a nove ou dez dias para se aposentar e acabou tendo que trabalhar mais sete anos”, relatou.

Ele defendeu que a questão seja avaliada do ponto de vista do direito previdenciário e não apenas sob a ótica financeira. O professor ainda esclareceu que a aproximação do regime próprio do Regime Geral de Previdência Social (RGPS) deve proteger quem já estava no serviço público antes da mudança.

“Quando a gente permite isso sem uma transição, a qualquer hora pode acontecer outra vez com outras pessoas. Isso gera uma insegurança jurídica que inclusive tira a credibilidade do sistema previdenciário.”

HISTÓRICO

O diretor-presidente da Associação dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil em Minas Gerais (Anfip-MG), Décio Bruno Lopes, disse que a previsão de regimes próprios é tão antiga quanto a própria Previdência Social.

Ele fez um histórico sobre o tema, já previsto na Constituição de 1891, e abordou ainda as mudanças ocorridas, entre elas as mais recentes: a emenda constitucional de 2003, a qual trouxe alterações de forma a aproximar o RPPS do regime geral, e a de 2019 que, como falou, amplia a insegurança jurídica em relação à Previdência Social, obriga a instituição de uma previdência complementar e aumenta as alíquotas de contribuição de servidores federais.

Décio Lopes comentou também que normas que tratam do assunto, como a Lei 9.717 de 1998, trazem a necessidade de avaliações atuariais e balanços gerais, bem como do uso dos recursos para custear a própria previdência.

Na opinião dele, se esses aspectos tivessem sido observados, alguns regimes próprios não estariam em situação de deficit. “Muitas vezes, governadores querem usar recursos da Previdência para outras finalidades”, acrescentou.

Por fim, Décio Lopes disse que o RPPS é um direito previsto na Constituição Federal que deve ser resguardado e defendido.

AVALIAÇÃO ATUARIAL

O analista de Controle Externo do Tribunal de Contas do Estado (TCE), Maria Júlia Ferreira e Silva defendeu a avaliação atuarial como o principal instrumento norteador da Previdência Social. “A elaboração tempestiva e consistente guia os gestores a tomar decisões necessários para estabelecimento do equilíbrio previdenciário em curto, médio e longo prazo.”

O diretor do Departamento de Regimes Próprios de Previdência Social do Ministério da Previdência Social, Alex Albert Rodrigues, contou que o País conta com 2.143 Regimes Próprios de Previdência Social, contando o federal, estaduais e municipais, com 5,6 milhões de servidores ativos e 4,25 milhões de aposentados e pensionistas. A soma é de R$ 258 bilhões em pagamentos previdenciários por ano.

Ele disse que ao discutir a Previdência Social não se pode deixar de pensar em sustentabilidade. “Ela deve garantir segurança e tranquilidade ao servidor sem comprometer orçamento e políticas públicas”, defendeu.

Nesse sentido, pontuou o desafio de gestão desses regimes próprios que somam R$ 170 bilhões em deficit financeiro e R$ 4,6 trilhões em deficit atuarial e defendeu a previdência complementar como fundamental para essa sustentabilidade.

Fonte: ALMG

 

 

Relatório comprova tentativa de golpe, diz senadora da CPMI do 8 de janeiro na ALMG

Relatório comprova tentativa de golpe, diz senadora da CPMI do 8 de janeiro na ALMG

Na ALMG a relatora da CPMI, Eliziane Gama, disse que estava tudo preparado para um golpe (Fotos: Henrique Chendes/ALMG)

“Havia no Brasil um complô para repetir o golpe de 1964.” A frase foi usada pela senadora Eliziane Gama (PSD-MA) para sintetizar o relatório final da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Atos de 8 de Janeiro de 2023, instaurada no Congresso Nacional. O documento foi entregue nesta sexta-feira (10) à Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), durante audiência.

De acordo com a senadora, que foi relatora da CPMI, o movimento visando o golpe começou logo após as eleições e a derrota do ex-presidente Jair Bolsonaro. Ela citou fatos como a tentativa de invasão do hotel onde o então presidente eleito Lula estava hospedado e a instalação de bomba em caminhão de combustível. “Foi um movimento financiado pela direita”, acrescentou.

Para a parlamentar, se o movimento tivesse recebido apoio popular e das instituições, teria implantado o golpe. Sobre a invasão dos poderes, em 8 de janeiro, Eliziane Gama afirmou que o cenário foi de guerra, com prejuízo estimado em R$ 100 milhões, o que levou, inclusive, a Advocacia-Geral da União (AGU) a pedir responsabilidade civil de indiciados para ressarcimento dos valores.

No total, 61 pessoas foram indiciadas no relatório, entre as quais o ex-presidente Jair Bolsonaro, cinco ministros do seu governo, ex-auxiliares diretos, integrantes das Forças Armadas e policiais militares, além da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP). O documento já foi enviado a outras instituições como o Supremo Tribunal Federal (STF), que o incorporou a outros inquéritos em andamento, segundo Eliziane Gama.

A senadora também lembrou que a sugestão de criação da comissão partiu da direita, com a narrativa de autogolpe do governo eleito para incriminar Bolsonaro. “Ao investigar e quebrar sigilos, descobrimos joias, carteira de vacinas adulterada, coisas que nem estavam no foco da CPMI”, destacou. E a partir daí, segundo ela, começaram os ataques aos integrantes da CPMI.

O deputado federal Rogério Correia (PT-MG), também membro da CPMI, destacou alguns depoimentos colhidos, como o do hacker a quem a deputada Carla Zambelli e o próprio Bolsonaro teriam pedido a “criação de uma fraude” na urna eletrônica. “Havia um núcleo duro e pensante do golpe, chefiado por Bolsonaro”, afirmou. Ele lembrou que o relatório final foi aprovado no Congresso e se tornou um tiro no pé do movimento golpista.

Na opinião dos dois parlamentares federais, o relatório pode servir para aprimorar as legislações e ampliar a proteção à democracia. Por isso, eles estão levando o documento também às assembleias legislativas estaduais.

Parlamentares da ALMG presentes à audiência destacaram a importância do documento e pediram a punição aos envolvidos. “Não pode haver anistia”, afirmou Betão (PT), para quem a tentativa de golpe começou ainda no governo do ex-presidente Michel Temer. “A democracia não pode ser relativizada. É inegociável”, completou Beatriz Cerqueira (PT). Para ela, o relatório também é importante para a memória do País.

Leninha (PT), 1ª vice-presidente da ALMG, também pediu punição adequada para os que participaram dos atos antidemocráticos e destacou a violência política e a tentativa de desqualificação contra a senadora Eliziane Gama durante os trabalhos da CPMI. “A defesa da democracia se materializa nesse relatório, escrito pelas mãos de uma mulher”, afirmou também Andréia de Jesus (PT), que presidiu a audiência.

Já Bella Gonçalves (Psol) destacou o que chamou de um “braço” do relatório, que aborda as milícias digitais. “Precisamos avançar no marco regulatório da internet. Essas milícias estão envolvidas com ataques a escolas, pedofilia e violência política contra as mulheres”, listou. Para ela, o relatório é uma peça de “verdade, memória e justiça”.

“O relatório é um alento para todos nós que sofremos por tanto tempo o ataque à democracia”, afirmou, ainda, a deputada Macaé Evaristo (PT). Para ela, o 8 de janeiro foi como a “cereja do bolo” de tantos ataques à educação, aos professores e à saúde vividos nos últimos anos. Para o vereador de Belo Horizonte Bruno Pedralva (PT), o relatório “põe a limpo a história”.

BOLSONARISTA

Durante pronunciamento de deputado bolsonarista o público ficou de costas

O deputado bolsonarista Bruno Engler (PL), que também participou da audiência, sem argumentos para fazer um contraponto embasado em ideias, preferiu atacar o relatório. Disse que o relatório final da CPMI é uma “palhaçada” e um “lixo”, Ele justificou que o documento não aponta a “conivência e a prevaricação” do ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) Gonçalves Dias.

Além disso, segundo o deputado, a CPMI não teria exigido do ministro Flávio Dino e do presidente Lula imagens do Ministério da Justiça e do Planalto.

O público presente à audiência mostrou total desprezo ao deputado bolsonarista. Durante o pronunciamento de Bruno Enlgler, a platéia se posicionou de costas para o plenário.

Com informações da ALMG