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Oposição na Assembleia é a única esperança do povo mineiro para impedir Zema de vender a Copasa

Oposição na Assembleia é a única esperança do povo mineiro para impedir Zema de vender a Copasa

Com protestos contra Zema, encontro na ALMG discutiu o sucateamento da Copasa (Fotos: Guilherme Bergamini/ALMG)

A população de Minas Gerais só pode contar com os deputados de oposição na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) para frear a volúpia do governador Romeu Zema, que quer vender as principais empresas do Estado. Uma das empresas colocadas à venda é a Copasa e para conseguir apoio, o governador está promovendo verdadeiro sucateamento na companhia de água, piorando a qualidade do serviço. Uma das provas da mão de ferro que a Copasa adotou nos últimos meses, como estratégia para colocá-la a venda, é o corte mediato no fornecimento de água para o consumidor que atrasa uma semana no pagamento da conta.

O avanço das terceirizações na Copasa e a consequente precarização dos serviços fazem parte de uma estratégia de privatização da empresa em curso no Estado. É o que apontaram sindicalistas dos setores de saneamento e energia em audiência pública da Comissão do Trabalho, da Previdência e da Assistência Social, realizada na semana passada na ALMG.

De forma geral, os participantes da audiência afirmaram que, para buscar o apoio da população ao seu plano de privatização de estatais, o governo Zema aposta na redução da qualidade do serviço, com a contratação de mão de obra mais barata, enquanto uma gestão voltada ao lucro distribui fartos dividendos aos acionistas.

Segundo o sindicato que representa os trabalhadores da Copasa, o Sindágua-MG, o número de serviços terceirizados aumentou em mais de 11% entre 2022 e 2023. Hoje são 1.450 terceirizados na empresa, que conta com cerca de 10 mil funcionários.

O Diretor de Comunicação do sindicato, Lucas Gabriel Ferreira lembrou que vagas abertas em concurso público dão direito a uma carreira, com direitos trabalhistas e benefícios, ao contrário da destinação desses cargos à iniciativa privada, para redução de custos. “Se você abre para gestão privada, o direcionamento do negócio vai para o lucro, a máxima deixa de ser uma prestação de serviço de qualidade”, argumentou.

Ele citou como exemplo a terceirização dos serviços de leitura de medidores e de manutenção, tarefas que passam a imagem da empresa para os consumidores, acostumados a lidar com profissionais uniformizados com o logo da Copasa em suas residências.

De acordo com o sindicalista, também está em estudo a terceirização do serviço de atendimento, que estaria sendo cada vez mais “desumanizado”, substituído por robôs. Diante do aumento da terceirização na Copasa, trabalhadores reclamam de jornadas exaustivas e falta de equipamentos básicos

UNIDADES FECHADAS

Dezenas de trabalhadores da Copasa participaram das discussões na ALMG

Eduardo Pereira, presidente do Sindágua-MG, destacou que, apenas na Região Metropolitana de Belo Horizonte, é feita 1,7 milhão de leituras por mês. Com a rotatividade de leituristas não concursados, os trabalhadores não conseguem nem aprender a tarefa, o que impacta diretamente na prestação de serviço à população, observou.

Ele citou manifestação recente dos leituristas terceirizados, por melhores salários e condições de trabalho, ao defender que esse processo é apenas o primeiro passo para o sucateamento da estatal. O presidente do sindicato informou que foram fechadas unidades operacionais no interior, dificultando a relação da Copasa com as prefeituras, e que já foram instalados três programas de desligamento voluntário de funcionários na atual gestão do governo, que resultaram na saída de 2 mil trabalhadores.

Também para Jairo Nogueira Filho, presidente da seção mineira da Central Única dos Trabalhadores (CUT-MG), a terceirização não gera empregos, apenas substitui concursados por precarizados.

Emerson Leite, coordenador-geral do Sindicato Intermunicipal dos Trabalhadores na Indústria Energética de Minas Gerais (Sindieletro-MG), citou o exemplo da Cemig como alerta do que pode acontecer na Copasa. De acordo com o sindicalista, apenas em 2023, foram 1.426 acidentes de trabalho na estatal de energia, mesmo com a contratação de uma consultoria internacional voltada à segurança no trabalho, em um contrato milionário.

“A Cemig hoje é a Copasa amanhã. É necessário expertise para os serviços, e um conjunto de empresas não preparadas acabam por não oferecer as condições adequadas. Grandes fatias dessas empresas públicas pertencem ao capital privado, que provoca a ineficiência para depois invocá-la em defesa da privatização do restante das estatais”, afirmou Emerson Leite.

Eduardo Armond, presidente da Federação dos Trabalhadores nas Indústrias Urbanas do Estado, apontou outro dificultador causado pelas terceirizações: a gestão de dezenas de contratos com empresas privadas espalhadas pelo Estado. “Quem faz a gestão desses contratos? Um contingente enorme de terceirizados presta serviços sem avaliação técnica”, destacou.

Ele culpou a gestão do ex-presidente Michel Temer pela “terceirização selvagem”, em detrimento da qualidade técnica, pela mudança da legislação trabalhista que passou a permitir a terceirização de atividades-fim, aquelas para as quais as empresas foram criadas.

Para o presidente da Comissão do Trabalho, deputado Betão (PT), que solicitou a audiência, a cartada final do governador Romeu Zema em seu plano de sucateamento de empresas públicas para “preparar o terreno” para privatizações é a adesão do Estado ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF).

O deputado ressaltou que o regime prevê o congelamento dos salários de servidores, a limitação de gastos para a execução de políticas públicas e a venda de estatais, como a Copasa e a Cemig. “Na Copasa, os terceirizados trabalham em condições precárias, como em outras estatais mineiras alvos a todo momento da política privatista do governo Zema”, concluiu.

Com informações da ALMG

 

 

Zema chantageia prefeitos para apoiar adesão ao Regime de Recuperação Fiscal e ataca governo federal

Zema chantageia prefeitos para apoiar adesão ao Regime de Recuperação Fiscal e ataca governo federal

Durante encontro na AMM, Zema chantageou prefeitros para ganhar apoio ao Regime de Recuperação Fiscal (Foto:AMM)

O governador Romeu Zema (Novo) participou na noite da última terça-feira, da reinauguração da sede da Associação Mineira dos Municípios (AMM). Ao discursar para dezenas de prefeitos presentes ao encontro, Zema aproveitou para defender seu Projeto que tramita na Assembleia Legislativa para adesão ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF). Zema pediu aos prefeitos para pressionarem os deputados para aprovar a proposta e numa clara chantagem aos chefes de Executivos Municipais, Zema disse que se a proposta não for aprovada, o Estado vai atrasar o repasse de recursos para as prefeituras.

O secretário de Estado de Governo, Gustavo Valadares, também presente no evento, engrossou a pressão sobre os prefeitos afirmando que a aprovação do Regime de Recuperação Fiscal (RRF) é fundamental para a saúde financeira de Minas Gerais, e como os prefeitos podem auxiliar no apoio com os deputados estaduais mineiros para a aprovação da pauta antes do fim das atividades legislativas de 2023.

Valadares fez um eloquente discurso defendo a adesão. “É mentira que essa renegociação prejudica o servidor estadual, nem uma vírgula de prejuízo será feita com ela. Pelo contrário. Eles serão prejudicados se a gente não recuperar a dívida. É mentira também que não vai ter promoção ou progressão de carreira, o plano que nós enviamos a secretaria do Tesouro Nacional, já prevê o crescimento da folha dos servidores do Estado. Todas as promoções e progressões ao longo dos nove anos, que durará a permanência da renegociação, já foi calculada e entregue ao Tesouro. Então os servidores vão continuar progredindo e se promovendo na carreira normalmente. Assim como o concurso também”, exaltou o secretário.

A AMM demonstrou apoio ao governador, que embora não tenha declarado publicamente, está fugindo do acordo negociado pelo presidente do Senado com o governo federal para a quitação da dívida. Em nota publicada em seu site a AMM mente ao afirmar que “a dívida foi deixada por governos anteriores”. A Associação omite a informação de que a dívida do Estado, atualmente em R$ 166 milhões, teve um crescimento de R$ 53 bilhões no governo Zema.

Ao final do encontro, Romeu Zema alertou aos prefeitos que caso não haja essa renegociação, as contas do Estado não fecharão e disse que haverá atraso no salário do funcionalismo público, atraso com fornecedores e atraso nos repasses dos municípios.

Reportagem: Jotha Lee
Comunicação Sintram