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Um possível aumento de 60,5% nas mensalidades do plano de saúde de funcionários da ativa e aposentados da Cemig foi denunciado, nesta quinta-feira (20em audiência pública da Comissão do Trabalho, da Previdência e da Assistência Social da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).
Trabalhadores da Cemig lotaram o auditório durante a reunião. Antes a categoria promoveu uma longa manifestação em frente à sede da companhia. Conforme relataram, essa proposta de reajuste foi apresentada pela direção executiva da Cemig Saúde ao seu conselho deliberativo nesta quinta (20) e pode ser votada ainda nesta sexta (21).
Um requerimento endereçado à Cemig e aprovado durante a audiência pede a suspensão da reunião agendada para esta sexta (21) para votação da proposta. O documento é de autoria dos deputados Betão, Leleco Pimentel e Beatriz Cerqueira, todos do PT.
Além do reajuste das mensalidades, Marcelo Correia, conselheiro da Associação dos Beneficiários da Cemig Saúde e Forluz, disse que a proposta também inclui a retirada de patrocínio da Cemig, determinando que o valor de R$ 1.045,98 seja pago pelos beneficiários.
“Tudo isso vai gerar um aumento médio para cada trabalhador de 314%. Um funcionário que paga hoje R$ 790 vai passar a pagar R$ 2.480. Então, muitos não poderão continuar com o plano de saúde.”
Marcelo Correia relatou que mais da metade dos titulares dos planos é de idosos. Além disso, há cerca de 50 mil beneficiários, incluindo titulares e dependentes. “Sabemos que o assunto não é objeto de legislação estadual, mas precisamos de apoio contra essa medida”, afirmou. Para o conselheiro, patrocinar o plano de saúde nunca impediu a Cemig de ter lucro. “Mas querem cortar para terem ainda mais lucros e pagar dividendos”, afirmou.
O coordenador-geral do Sindicato Intermunicipal dos Trabalhadores na Indústria Energética de Minas Gerais, Emerson Leite, também condenou o possível aumento do valor do plano de saúde.
De acordo com ele, a Cemig criou, no passado, duas estruturas de apoio a seus trabalhadores, em decorrência do adoecimento em função do trabalho e do envelhecimento dos mesmos: a Forluz que cuida da questão previdenciária e a Cemig Saúde.
“Agora é a vez da Cemig Saúde, mas o governo Zema tem atacado sistematicamente essas duas instâncias. E isso não é por acaso”, falou, enfatizando que a atual gestão aposta na privatização das estatais.
O presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e funcionário da Cemig, Jairo Nogueira Filho contou que atua na estatal desde 1988 e o plano de saúde foi construído coletivamente na década de 1990. “Tinha ótima qualidade”, relatou.
Secretário-geral do Sindieletro-MG e secretário de Formação da CUT Minas, Jefferson Leandro Teixeira disse que essa luta une trabalhadores ativos e aposentados da estatal. Para ele, a precarização do plano integra uma intenção maior para privatização da empresa.
A diretora do Sindicato de Engenheiros no Estado de Minas Gerais, Maria Helena Barbosa, salientou o quanto a Cemig é valiosa. “Seu valor de mercado está em R$ 28 bilhões. Em 2023, seu lucro ficou em quase R$ 6 bilhões. A Cemig tem uma rede de distribuição que leva luz há mais de 700 cidades em Minas.”
Diante disso, ela enfatizou que Minas não pode abrir mão da Cemig e criticou o governador Romeu Zema por desqualificar a empresa e seus trabalhadores, além de romper com valores como saúde e segurança no trabalho e prestação de um serviço de qualidade.
Com informações da ALMG