A deputada Joice Hasselmann (PSL-SP) afirmou, neste domingo (25), que entregou às polícias Legislativa e Civil e ao Ministério Público Federal dois nomes que considera suspeitos de serem os autores das agressões físicas que ela relata ter sofrido. “Um deles é deputado, o outro não”, disse a parlamentar em entrevista coletiva concedida em seu apartamento funcional, ao lado do marido, o médico neurocirurgião Daniel França. “Falei quem e por quê”, acrescentou a deputada, ressaltando que seus principais adversários hoje são ligados ao governo.
Segundo Joice, um dos suspeitos tem acesso “muito fácil” ao bloco em que ela mora, na Asa Norte, em Brasília, e o outro “tem acesso aonde quiser”. A deputada afirmou que não vai revelar os dois nomes porque as investigações correm sob sigilo e porque não quer incorrer em injustiça.
O marido da deputada, Daniel França, rechaçou as ilações levantadas de que ele teria agredido a esposa. “Jamais. Nunca agredi ninguém. Nunca dei um tapa ou murro. Não tenho motivo. Jamais faria isso”, afirmou o médico. Durante toda a coletiva, que durou quase uma hora, os dois permaneceram de mãos dadas.
RELATO
Joice disse que acordou no domingo passado (18) em uma poça de sangue, com ferimentos no queixo e dois dentes quebrados. Ela conta que não se recorda do que ocorreu antes.
Os dois não descartaram a possibilidade de as lesões decorrerem de uma queda. “Imagino que ou ela caiu já sem consciência contra algum obstáculo ou teve a consciência retirada porque não houve grito”, afirmou Daniel. Não há câmeras entre o elevador e o apartamento
O casal reafirmou que dorme em quartos separados, distantes cerca de oito metros um do outro. O médico relatou que tem sono profundo e ronca. Joice disse que toma remédio para dormir por ter sono leve e insônia. Eles negaram que o medicamento possa ter provocado algum episódio de sonambulismo.
Os dois afirmaram que suspeitaram inicialmente de que os ferimentos eram decorrentes de uma queda e, por isso, só procuraram a polícia na quarta-feira, após laudos médicos apontarem uma quantidade maior de lesões. A deputada acionou a Polícia Legislativa e a Polícia Civil de São Paulo e de Brasília e o Ministério Público Federal também em São Paulo.
Joice disse que não quis que a Polícia Federal entrasse no caso por não confiar em “algumas pessoas” que fazem parte da instituição e por temer interferência do governo nas investigações. Ela também acusou o Gabinete de Segurança Institucional (GSI), comandado pelo general Augusto Heleno, de espalhar mentiras a respeito da origem de seus ferimentos.
Uma capa falsa do jornal O Estado de S. Paulo circulou pelas redes sociais com a fake news de que Joice teria se acidentado de carro sob efeito de drogas e álcool. “Vou acionar o general Heleno. Quero saber se tem um GSI paralelo, assim como tem uma Abin paralela”, afirmou Joice. Ela leu uma mensagem que atribuiu a uma fonte do Gabinete de Segurança Institucional que teria contado a ela, na sexta-feira, de que o GSI havia inventado a fake news para desacreditá-la. “No GSI estão falando que a senhora bateu o carro. Querem vazar essa história”, diz trecho do texto lido pela deputada.
“O carro está intacto e foi comprado antes de ela ser deputada”, ressaltou Daniel. Além disso, segundo o médico, o “padrão de lesão” de um acidente de automobilístico é “complemente diferente das lesões que ela tem”.
vai fazer exame de corpo de delito nesta segunda-feira, oito dias após o episódio. Ela afirmou que a diarista limpou o apartamento antes de ela desconfiar de que foi agredida. Também contou que não há sinal de arrombamento no apartamento. Não há câmeras de segurança na escada nem na entrada dos apartamentos, apenas na garagem, no elevador e na entrada do bloco.
A deputada pediu à Polícia Legislativa que levante todas as gravações da entrada no prédio em período anterior ao fim de semana passado, levantando a hipótese de o suposto agressor ter se escondido dias antes no bloco.
Daniel França reclamou de comentários que o associam aos ferimentos da deputada, apontando o episódio como um caso de violência doméstica. “Ficou um aprendizado para mim. O que diferencia o ser humano dos outros é a inteligência e a linguagem. Mas a maldade, a crueldade e a sordidez caracterizam muito mais o ser humano”, disse o marido de Joice Hasselmann no encerramento da coletiva. A deputada afirmou que vai processar todas as pessoas que estão acusando seu marido de violência doméstica. “Se isso fosse verdade, eu seria a primeira a denunciar.”
Fonte: Congresso em Foco