Após um ano de privatização, metrô de Belo Horizonte demite 230 trabalhadores sem justa causa; quase mil já foram demitidos

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Metrô de Belo Horizonte: quase mil demissões após privatização (Foto: Guilherme Dardanhan)

Os males da privatização de empresas do Estado sempre foram denunciados por todos os sindicatos do país, que se posicionam contra essa política de entregar as empresas públicas para o setor privado. “Privatizar é sempre o pior caminho. Há demissões em massa, o serviço prestado ao cidadão é totalmente precarizado e o custo fica maior, pois o setor privado só visa o  lucro e para isso não há limites”, destaca o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Municipais de Divinópolis e Região Centro-Oeste e vice-presidente eleito da Federal Interestadual l dos Servidores Públicos Estaduais e Municipais (Fesempre), Marco Aurélio  Gomes.

O mais recente reflexo do mal da privatização no Estado foi a demissão de 230 funcionários da do metrô de Belo Horizonte, sem justa causa. As demissões ocorrem apenas um ano após o metrô ter sido privatizado.  Essa situação será discutida em audiência pública na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), nesta terça-feira (9), às 16h. A audiência acontece após um pedido da deputada Beatriz Cerqueira (PT).

Na pauta, estará em debate as condições de trabalho dos metroferroviários após a privatização do metrô da capital, vendido ao Grupo Comporte por R$ 25,7 milhões, em leilão realizado em dezembro de 2022. A Metrô BH, empresa do Grupo Comporte, assumiu a concessão do sistema de transporte coletivo sobre trilhos da Região Metropolitana de Belo Horizonte em 23 de março de 2023.

De acordo com a presidente do Sindicato dos Empregados em Transportes Metroviários e Conexos de Minas Gerais (Sindimetro), Alda Lúcia Fernandes dos Santos, o recente desligamento dos 230 trabalhadores aconteceu depois de dois planos de demissão voluntária e um de demissão consensual, totalizando cerca de mil demissões desde a transferência do metrô para a iniciativa privada.

Segundo informações do gabinete de Beatriz Cerqueira, Alda Fernandes denuncia péssimas condições de trabalho, jornadas estressantes, casos de assédio moral e retirada de direitos das mulheres trabalhadoras que, segundo ela, foram as que mais perderam no processo de privatização.

A sindicalista ainda relata a falta de diálogo por parte da empresa; práticas antissindicais, como o impedimento dos representantes do sindicato de acessarem áreas da empresa para dialogar com os trabalhadores e trabalhadoras; e corte de pagamentos dos diretores liberados.

ESTABILIDADE ERA GARANTIA

O processo de privatização do metrô de Belo Horizonte estabelecia 12 meses de estabilidade para os trabalhadores, prazo vencido em março de 2024. Em audiência pública realizada em 21 de março de 2023, a deputada Beatriz Cerqueira chamou atenção para o fato. “Incluíram no processo uma falsa estabilidade de 12 meses não por bondade, mas para dar tempo da empresa se apropriar da expertise dos metroviários”, afirmou a deputada, na época.

Segundo Beatriz Cerqueira, os últimos meses confirmaram o receio de que a privatização acarretaria piora do serviço, aumento da tarifa e precarização das condições de trabalho.

“A tarifa aumentou, há problemas técnicos, atrasos das viagens e demissão em massa dos trabalhadores. São os resultados da privatização. Vamos fortalecer a luta dos metroferroviários contra essa demissão em massa inaceitável. E vamos continuar na luta contra as privatizações”, afirmou Cerqueira.

Em um balanço publicado após um ano de operação, a empresa Metrô BH afirmou que o tempo médio de percurso entre as Estações Vilarinho e Eldorado foi reduzido em 16%, de 55 para 46 minutos. O número médio de viagens em atraso teria diminuído de cerca de 35 para três. Atualmente, a Metrô BH atende cerca de 100 mil usuários nos dias úteis, segundo os dados divulgados.

COPASA E CEMIG

Apesar de todos os males da privatização, que atinge diretamente o cidadão, o governador Romeu Zema tem na mira a Copasa, maior concessionária do serviço de abastecimento de água no Estado, e a Cemig, que detém a concessão de energia. Pelo desejo do governador as duas empresas públicas já teriam sido totalmente privatizadas, o que geraria aumetno nas tarifas, demissões e tornaria o serviço ainda pior.

Basta lembrar que há 10 anos, foi permitido a entrada do capital privado na Copasa e na Cemig. Desde então as duas empresas se tornaram totalmente inacessíveis ao consumidor, o serviço de ambas piorou, as tarifas aumentaram e todas as cidades enfrentam problemas com as duas concessionárias, embora a iniciativa privada ainda detenha menos de 50% de participação no capital.

Reportagem: Jotha Lee
Comunicação Sintram

 

 


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