Biomédica investigada por morte de paciente em Divinópolis é presa em Nova Lima pela Polícia Civil

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Lorena Marcondes estava aguardando a conclusão da investigação em liberdade (Foto: Reprodução Redes Sociais)

A Polícia Civil de Minas Gerais prendeu preventivamente na sexta-feira (22) a biomédica Lorena Marcondes, 34 anos, investigada pela morte de uma paciente, de 46, após a realização de um procedimento estético em uma clínica localizada na região central de Divinópolis. O mandado judicial foi cumprido em um condomínio da cidade de Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.

Em outubro do ano passado, a Polícia Civil indiciou Lorena Marcondes por homicídio qualificado e representou pela prisão preventiva dela. O Ministério Público, após analisar o caso, também representou pela prisão preventiva e ofereceu denúncia ao Judiciário. A prisão foi decretada na  semana passada e cumprida na sexta-feira (22), pela Agência de Inteligência da Delegacia Regional da Polícia Civil de Divinópolis. A defesa de Lorena Marcondes informou que entrará com um pedido de habeas corpus.

O CASO

O rumoroso caso que levou à prisão da biomédica ocorreu no início de maio do ano passado, com a morte da paciente Iris Dorotéia Martins, 46 anos, após passar por um procedimento estético na clínica de Lorena Marcondes. No dia 9 de maio, a biomédica e a técnica de enfermagem Ariele Cristina de Almeida foram presas preventivamente e levadas para o presídio Floramar, onde ficaram até o dia 24, quando foram beneficiadas por um habeas corpus expedido pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais.

A Polícia Civil concluiu as investigações no dia 24 de outubro. Lorena Marcondes foi indiciada por homicídio qualificado. Outros três funcionários da clínica também foram indiciados.

Segundo o relato do marido de Iris Dorotéia, inicialmente, sua esposa foi informada de que o procedimento de lipoaspiração, que envolvia a retirada de gordura da barriga e enxerto nos glúteos, custaria R$ 18 mil. Contudo, o procedimento custou R$ 12 mil devido a uma oferta especial e encaixe rápido, sem a realização de exames ou avaliação de risco cirúrgico.

A vítima deu entrada na clínica por volta das 7h do dia 8 de maio de 2023. Durante a realização do procedimento estético, sofreu uma parada cardiorrespiratória. Ela foi socorrida pelo Serviço Móvel de Urgência (SAMU) e encaminhada para uma unidade de saúde, mas não resistiu e faleceu naquela noite.

PRISÃO EM FLAGRANTE

Investigadores e peritos da Polícia Civil compareceram ao local para coleta de vestígios e apreenderam dois computadores, um celular, equipamentos e embalagens de produtos utilizados nos procedimentos, além de medicamentos diluídos prontos para uso e caixas de injetáveis. Diante das irregularidades constatadas, os policiais conduziram a biomédica e a técnica de enfermagem que auxiliou o procedimento à Delegacia Regional de Polícia Civil, onde foram autuadas em flagrante por homicídio e encaminhadas ao sistema prisional.

OCULTAÇÃO DE PROVAS

Um dia após o crime, a Polícia Civil apreendeu o carro da técnica de enfermagem, em um estacionamento no centro da cidade. No interior do veículo, foi encontrado um saco preto contendo diversos medicamentos, incluindo frascos de adrenalina, anestésicos, soros utilizados para preenchimento e bicarbonato, além de compressas sujas de sangue, submetidas a análises que confirmaram se tratar do DNA da vítima.

TRABALHO INVESTIGATIVO

Ao longo de cinco meses de investigação, a Polícia Civil ouviu mais de 20 pessoas, arrecadou diversas provas documentais e realizou dezenas de laudos periciais que instruíram o inquérito de mais de 700 páginas.

As investigações revelaram irregularidades na clínica, incluindo a ausência de equipamentos de suporte e a ocultação intencional de materiais utilizados nos procedimentos. A medicina legal concluiu que a morte da paciente foi causada por uma série de eventos, incluindo lipoaspiração, intoxicação devido ao uso excessivo de anestésicos, hemorragia, parada cardiorrespiratória e aspiração que resultou em lesão pulmonar.

INDICIAMENTO

Conforme o delegado responsável pelas investigações, Marcelo Nunes, com base nas provas coletadas, restou apurado que a biomédica responsável pelo procedimento assumiu o risco de matar a vítima, ao realizá-lo sem habilitação e em local inapropriado, gerando complicações que resultaram no óbito.

“Os autos foram remetidos ao Poder Judiciário com o indiciamento da biomédica por homicídio doloso, qualificado por motivo torpe, traição e fraude processual. Além disso, outras duas funcionárias da clínica, incluindo uma técnica de enfermagem, também foram indiciadas por homicídio doloso, na condição de partícipe e fraude processual, sendo este último crime também apontado a um terceiro funcionário da clínica”, explicou o delegado.

RELAÇÃO COM O PODER

A Câmara Municipal instaurou a chamada CPI da Permuta Estética, mas até hoje ninguém conhece qual foi a conclusão, após mais de 90 dias de interrogatórios. Uma série de reportagens publicadas pelo Portal do Sintram, mostram a estreita relação entre a biomédica Lorena Marcondes e a administração Gleidson  Azevedo. As reportagens mostram, inclusive, que a clínica foi beneficiada por medidas administrativas assinadas pelo prefeito, conforme as reportagens que você poderá reler nos links abaixo:

·        Clínica onde paciente morreu após procedimento estético foi beneficiada por medidas administrativas assinadas pelo prefeito – Leia aqui

·        Cronologia dos fatos sugere que clínica de estética Lorena Marcondes pode ter sido favorecida pelo Executivo – Leia aqui

 

Reportagem: Jotha Lee
Comunicação Sintram

 

 

 


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