Policiais penais de Minas Gerais denunciam más condições na alimentação fornecida pelo Estado

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Policiais penais lotaram o plenário da Assembleia durante a audiência (Foto: Ricardo Barbosa/ALMG)

Baratas, moscas e larvas não estão no cardápio das unidades dos sistemas prisional e socioeducativo do Estado, mas nem por isso tem sido incomum encontrá-las nas refeições fornecidas aos servidores e aos prisioneiros. A denúncia foi feita por policiais penais que compareceram em peso a audiência da Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), realizada nesta terça-feira (25).

As queixas não são novas, mas denúncias continuam sendo recebidas pela comissão, que já tratou do assunto em outras oportunidades. Os casos mais recentes de más condições de higiene e transporte dos alimentos foram relatados em unidades da Zona da Mata, em Juiz de Fora, e na região Noroeste, em Unaí e Paracutu, onde até mesmo um gambá foi visto junto à comida.

Luzana Moreira, presidente do Sindicato dos Servidores do Sistema Socioeducativo do Estado, afirmou já ter presenciado larvas no feijão e no peixe, sucos e café em péssimas condições e refeições que de tão azedas foram recusadas pelos internos.

Ela também informou que, nas unidades onde a gestão é compartilhada com organizações da sociedade civil de interesse público (Oscips), é constante o atraso na oferta de alimentos, sendo que as frutas nem mesmo chegam aos servidores.

MÁ GESTÃO DOS RECURSOS

Segundo Jean Carlos Rocha, presidente do Sindicato dos Policiais Penais do Estado, cerca de R$ 50 milhões são gastos por mês na compra de alimentos para servidores e detentos, dinheiro que estaria indo para o ralo devido à contaminação das marmitas.

Ele também reclamou da oferta de alimentos com baixo valor nutricional (como embutidos), do fato de as refeições oferecidas para os policias penais e os presos terem o mesmo valor calórico, apesar das necessidades diferentes, e da suposta perseguição a agentes de segurança que denunciam os problemas encontrados, mais especificamente na unidade de Paracatu onde o gambá foi encontrado.

José Lino Esteves, presidente do Sindicato dos Auxiliares, Assistentes e Analistas do Sistema Prisional e Socioeducativo, que também atua como fiscal do contrato de alimentação na unidade em que trabalha, confirmou ter encontrado diversas irregularidades no local onde os alimentos destinados à instituição são processados, como ferrugem, sujeira e a presença de insetos.

Assim como outros participantes da audiência, também reclamou do tratamento diferenciado dado a servidores do sistema prisional, uma vez que algumas unidades pagam auxílio alimentação e a maioria não, e da prática recorrente de troca de CNPJ das empresas que são penalizadas pela oferta indevida de alimentos, para que continuem prestando o serviço.

Fonte: ALMG

 

 


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