Lula visita Portugal em busca de reaproximação com o país depois de seis anos

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O presidente Lula depositou flores no túmulo do grande poeta português Luís de Camões (Foto: Foto: Ricardo Stucker/PR)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está em Portugal onde chegou a 6h35 (horário de Brasília) na última sexta-feira (21). O presidente brasileiro fica no país até esta terça-feira (15). Na manhã desta segunda-feira (24), ao participar do o “Fórum Empresarial Portugal-Brasil: Parcerias para a Inovação”, na cidade de Matosinhos, Lula reforçou as críticas ao atual nível da taxa básica de juros, a Selic, definida em 13,75% ao ano pelo Banco Central (BC).

“Nós temos um problema no Brasil (…) que Portugal não sei se tem. É que a nossa taxa de juros é muito alta. No Brasil, a taxa Selic, que é a referencial, está em 13,75%. Ninguém toma dinheiro emprestado a 13,75%, ninguém. E não existe dinheiro mais barato”, disse Lula.

O presidente acrescentou que “um país capitalista precisa de dinheiro e esse dinheiro tem que circular, não apenas na mão de poucos”. Para ele, é preciso que os juros caiam como medida de estímulo ao crédito e assim gerar mais crescimento. “É a gente garantir que os pobres possam participar. Porque quando eles virarem consumidor, vão comprar. Quando eles comprarem, o comércio vai vender. Quando o comércio vender, vai gerar emprego, vai comprar mais produto na fábrica, não precisa importar da China. Mais emprego vai gerar mais salário, é a coisa mais normal de uma roda gigante da economia funcionando e todo mundo participando”, disse Lula.

A taxa básica está no maior nível desde janeiro de 2017, quando também estava em 13,75% ao ano. Em março, pela quinta vez seguida, o BC não mexeu na taxa, que permanece nesse nível desde agosto do ano passado.

REAPROXIMAÇÃO DE PORTUGAL

Lula define a visita como reaproximação do Brasil a Portugal.  Numa entrevista coletiva, o presidente foi perguntado se aceitaria ir à Ucrânia para conversar sobre a guerra. “Ao mesmo tempo em que meu governo condena a violação à integridade territorial da Ucrânia, defendemos uma solução política negociada para o conflito. Precisamos criar urgentemente um grupo de países que tentem sentar-se à mesa tanto com a Ucrânia como com a Rússia para encontrar a paz”, disse Lula.

Ao todo, 13 acordos foram assinados entre os dois países. Fazia tempo que os dois países não assinavam novos tratados de acordos bilaterais. Durante os últimos seis anos, os governos de Michel Temer e de Jair Bolsonaro ignoraram a histórica parceria com Portugal. Um distanciamento que atrasou uma relação que poderia ser ainda mais próxima e produtiva, segundo Lula.

“Dá pra gente imaginar a irresponsabilidade de quem governou o Brasil nos últimos seis anos. (…) significa que nós deixamos de assinar com Portugal no mínimo 66 acordos, que poderia fazer com que a nossa relação fosse mais extraordinária do que ela é”, afirmoiu Lula.

O comércio entre Brasil e Portugal gera cerca de US$ 6 bilhões por ano. Lula tem a ambição de dobrar esse número. “Temos um potencial extraordinário para dobrar o fluxo de comércio exterior entre nossos países. Podemos ser mais ousados. Permitir que nossos empresários e ministros conversem mais. Discutam mais em busca de perspectivas de futuro no financiamento de nossas indústrias e produtos. O papel de um governante é abrir as portas, mas quem sabe fazer negócio e tem competência para isso são os empresários”.

Ao colocar uma coroa de flores no túmulo de Luís de Camões, o poeta dos Lusíadas, no Mosteiro dos Jerônimos, o presidente Lula homenageava a base mais importante dessa relação: o idioma comum entre os dois países.

Na mesma região, fica o Padrão dos Descobrimentos, monumento que homenageia a fase entre o fim do século 15 e início do 16, quando os portugueses se lançaram pelos mares nunca dantes navegados, nas palavras dos versos de Camões.

Hoje, pode-se dizer que o momento de Portugal é um pouco o inverso. O país está com uma das taxas de natalidade mais baixas do mundo e por isso o governo português incentiva que pessoas de outros países venham morar e descobrir Portugal. Isso, claro, vale para os brasileiros. Já são quase 300 mil em terras lusitanas, vivenciando sonhos e enormes desafios. Uma maior proximidade das economias dos dois países vai aumentar ainda mais a parceria do que os portugueses chamam de pátrias irmãs.

Fonte: Agência Brasil

 

 

 


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