Vereador que responde por 178 crimes é condenado a cinco anos de reclusão pela prática da rachadinha

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O vereador Carlos Delfim responde ainda por outros 178 crimes (Foto: Câmara Municipal de Muriaé)

A Justiça de Minas Gerais condenou o vereador Carlos Delfim Soares Ribeiro (PDT), da Câmara Municipal de Muriaé, cidade localizada na Zona da Mata, acusado da prática de rachadinha na Câmara Municipal. Ele foi condenado a cinco anos e quatro meses de reclusão, a ser cumprida no regime semiaberto, sendo mantido o afastamento dele do cargo público.

O vereador condenado ainda responde criminalmente pelo cometimento de outros 178 crimes de peculato e dois delitos de lavagem de dinheiro, sendo que essa ação ainda está em andamento no Poder Judiciário.

Carlos Delfim, 41 anos, identificado como produtor rural e comerciante, foi um dos investigados dentro da Operação Catarse, deflagrada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) da Zona da Mata, Promotoria do Patrimônio Público de Muriaé e Polícias Civil e Militar, que apura a prática dos crimes de corrupção passiva, concussão (exigência de vantagem indevida em razão do cargo), peculato, fraude à licitação, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

A operação já cumpriu diversos mandados de busca e apreensão, mandados de prisão preventiva, mandados de afastamento de cargo público, mandados de indisponibilidade, constrição e bloqueio de bens e valores dos investigados num patamar aproximado de R$ 12,5 milhões.

ESQUEMA CRIMINOSO

O Ministério Púbico de Minas Gerais (MP) continua investigando a existência de um complexo esquema criminoso levado a efeito por vereadores e empresários, consistente na emissão de notas fiscais frias emitidas com o único fim de legitimar o pagamento ilícito de verbas de gabinete aos parlamentares investigados, inclusive no cenário de empresas registradas em nome de terceiros (laranjas).

Também estão sendo apuradas condutas de agentes políticos da Câmara Municipal de Muriaé que teriam obrigado servidores públicos a repassarem parte de seus vencimentos aos vereadores, inclusive coagindo-os a realizarem empréstimos bancários para a concretização dos delitos. Desses servidores vítimas, alguns declararam que ficaram endividados e chegaram a adoecer em razão das ameaças indiretas feitas pelos investigados.

Além disso, o MP também apura a ocorrência de um complexo esquema de desvio de verbas públicas e lavagem de dinheiro, em especial quanto à contratação de empresas aparentemente de fachada pelo município, que pode ter gerado um dano ao erário superior a R$ 10 milhões.

O vereador Carlos Delfim, o primeiro condenado pelo esquema de rachadinha em Muriaé, ainda não foi afastado pela Câmara Municipal, que também não se pronunciou sobre a decisão da Justiça. Carlos Delfim, que se apresenta em seu currículo como produtor rural e comerciante, está no seu terceiro mandato. Em 2012 foi eleito com 1.262 votos e em 2016 foi reeleito com 1.652. Em 2017 foi presidente da Câmara Municipal e em 2020 foi reeleito para o terceiro mandato com 1.626 votos.

Reportagem: Jotha Lee
Comunicação Sintram
Com informações do MPMG

 

 


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