No dia da votação da PEC do voto impresso, tanques e blindados desfilam nos arredores do Congresso

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Um comboio de veículos militares blindados da Marinha desfilou pelos arredores do Congresso Nacional, na manhã desta terça-feira (10), no dia em que a Câmara dos Deputados incluiu na pauta de votação a PEC do voto impresso. O motivo oficial para que os tanques e meios do Corpo de Fuzileiros Navais desfilem pela Esplanada dos Ministérios foi para entregar um convite ao presidente Jair Bolsonaro para assistir às manobras militares que devem acontecer nos próximos dias no Centro de Instrução de Formosa (CIF), em Goiás. O desfile vai ocorrer em meio a um clima de tensão entre o governo e outros poderes.

Bolsonaro recebeu o convite, por volta das 8h30, no alto da rampa do palácio do Planalto, das mãos de um militar. O presidente estava acompanhado de ministros do governo e dos comandantes de Exército, Marinha e Aeronáutica e o chefe do Estado Maior. O vice-presidente, o general Hamilton Mourão, que é militar, não compareceu ao evento. Representantes dos outros poderes também não foram, embora tenham recebido convite do presidente.

Depois da entrega do convite, o comboio continuou o desfile pelos arredores da Praça dos Três Poderes e se descolocou para a sede da Marinha, em Brasília. Cerca de 14 veículos – entre tanques, blidados e jeeps – compunham o desfile

Inédito – O evento inédito faz parte da Operação Formosa, da Marinha, que acontece todos os anos, desde 1988, mas que desta vez vai incluir homens do Exército e da Aeronáutica. Será a primeira vez que os blindados vindos do Rio passarão por Brasília e serão recebido por um presidente. Como está prevista a participação das três Forças, o planejamento incluiu o Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, do Ministério da Defesa, e teve aval do titular da pasta, general Walter Braga Netto.

A Marinha, em nota, afirmou que a “entrega simbólica” ao presidente e outras autoridades foi planejada antes da definição da data votação da PEC na Câmara e que o comboio militar deixou o Rio de Janeiro no dia 8 de julho

“Isso nunca aconteceu antes. Bolsonaro busca envolver as Forças Armadas na defesa de seu governo. É um despautério. O que importa é criar essa ilusão para ter o caos e o conflito. Mas ela se voltará contra ele e provocará sua derrota”, disse o ex-ministro da Defesa, Raul Jungmann. Ao mudar em março a cúpula das Forças e nomear Braga Netto para a Defesa, Bolsonaro alegou querer um comando mais afinado com o governo.

Segundo informações jornal Estado de S.Paulo,  em duas oportunidades Bolsonaro sugeriu aos ex-comandantes a exibição de força que está sendo feita nesta terça na Esplanada. Em uma delas, sugeriu que tanques fossem estacionados em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF). Em outra, que o Gripen da Aeronáutica desse um rasante próximo à Corte para estilhaçar vidros do prédio. Em ambas oportunidades a ideia caiu no vazio. Desta vez foi acatada por Braga Netto. A Secretaria Especial de Comunicação Social não respondeu sobre os episódios.

Fonte: Estadão

 

 


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