
O prefeito de Carmo do Cajuru, Vinícius Camargos (PP) entrou com uma representação na Câmara Municipal pedindo a cassação do mandato da vereadora Tainara Andrade (PT) por “infração ética”. Sem especificar exatamente o que fundamentou o pedido por “quebra de ética” da vereadora, a representação do prefeito é uma retaliação ao pronunciamento feito por Tainara Andrade na sessão da Câmara do dia 19 de agosto.
Na ocasião, a vereadora usou oito adjetivos desqualificativos para criticar o prefeito. “Chulo, megalomaníaco, demagogo, displicente, despreparado, incompetente, arrogante e prepotente” foram os adjetivos utilizados pela vereadora na ocasião.

A vereadora, única voz de oposição na Câmara, utilizou suas redes sociais na noite desta terça-feira (24), para denunciar que o pedido de cassação do seu mandato é mais um ato de intimidação, para tentar censurá-la nos seus pronunciamentos no Legislativo. “Os adjetivos que citei na reunião de agosto, na minha opinião, descreviam o atual gestor municipal”, disse a vereadora.
Tainara Andrade disse ter ficado surpresa com a decisão da Comissão de Ética, nomeada pela presidente da Câmara, Débora Nogueira (Podemos) no fim do mês de julho. A Comissão é composta pelos vereadores Marcelo Eletricista (Podemos), Bruno Chouriço (PP) e Sérgio Quirino (União), todos alinhados ao prefeito Vinicius Camargos, e concluiu o relatório do caso essa semana.
“Fui intimada da decisão da Comissão de Ética. O que me causou surpresa, os três vereadores [da Comissão de Ética) por decisão unânime, decidiram que o meu pronunciamento, durante a sessão plenária, no uso da Tribuna, infringiu o nosso código de ética. E mesmo o senhor gestor [prefeito] não tendo apontado na representação qual era a infração ética que eu teria cometido, a Comissão apontou uma possível infração, mesmo o representante não tendo colocado”, declara Tainara, sugerindo que a Comissão incluiu uma eventual quebra de ética, embora o prefeito não tenha indicado qual seria o motivo para apresentação da denúncia.
A vereadora afirma que muitas pessoas podem entender que ela foi muito dura no seu pronunciamento do dia 19 de agosto, especialmente pelos adjetivos que foram utilizados. “Eu farei a explicação de todos eles [adjetivos] no dia em que eu fizer a minha defesa na sessão plenária”, assegurou. Tainara Andrade, que é advogada, diz que não concorda com a Comissão de Ética e entende que a decisão é inconstitucional. Disse ainda que já está recorrendo ao plenário. “Quero que todos os demais vereadores se pronunciem a respeito disso”, acrescentou.
Disse ainda que fará uma defesa de todos os vereadores. “Farei a defesa do direito de fala, do direito de voz, do direito de opinião, de todos os vereadores que compõem a Câmara Municipal de Carmo do Cajuru. Não podemos ser afrontados no uso de nossas prerrogativas parlamentares. Não podemos aceitar que uma decisão, talvez um pouco impensada, possa causar um precedente perigosíssimo para toda nossa atuação parlamentar. Não podemos permitir que uma decisão inconstitucional possa servir de base para [julgar] pronunciamentos de outros vereadores”, criticou Tainara.
A vereadora disse que na prática está sendo censurada pela Comissão de Ética. “A decisão da Comissão de Ética está me censurando de forma escrita. Eu não posso ter opinião com relação ao gestor municipal. Não tenho esse direito, porque eles estão me dizendo que eu estou censurada, não posso falar. Mas eu falarei, sim, porque o vereador precisa defender sua prerrogativa funcional e parlamentar, porque ela é constitucional. Nós precisamos cumprir o nosso regimento”, concluiu.
Reportagem: Jotha Lee
Sintram Comunicação