A Câmara Municipal de Divinópolis realizou nesta terça-feira (2) a primeira reunião ordinária após o recesso de fim de ano. Com uma renovação superior a 60% após as eleições de novembro, a Câmara retornou aos trabalhos sem nenhum projeto na pauta para ser apreciado, embora somente esse ano já tenham sido protocolados 24 projetos, dos quais 20 de autoria de vereadores, e quatro do Poder Executivo.
O vereador Rodyson Kristnamurt da Silva (PV), que retorna à Câmara para mais um mandato depois de não conseguir a reeleição em 2016, fez um eloquente discurso em defesa do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), onde ocupou cargo comissionado depois de ter sido derrotado nas eleições de 2016. O discurso teve por objetivo defender o serviço após a denúncia formulada pelo servidor do Serviço Municipal do Luto, Ramon Peres da Silva Dutra. No último domingo, o servidor postou um vídeo em suas redes sociais denunciando uma possível omissão do Samu. O Serviço do Luto foi chamado para a remoção de um corpo e, ao chegar ao local, verificou-se que a pessoa ainda estava viva. Segundo o servidor, o Samu teria sido chamado pela família e não compareceu, alegando que o caso era de competência do Serviço Municipal do Luto.
O vereador admitiu que o Samu recebeu dois chamados da família. “(Sic)… temos áudio da própria pessoa falando que ligou para o Samu falando que encontrou a senhora num estado frio, estado roxo, sem pulsação. Por duas vezes da ligação o médico ainda perguntou … viu que estava no atestado de óbito … , então se tem atestado de óbito não é o Samu naquele momento (…) depois essa pessoa foi orientada, segundo informações, para ela ligar de novo [para o Samu] e falar que a pessoa estava em situação convulsiva e o Samu teve que ir lá naquele momento já para poder atender. Por falta de informação [o Samu] entendeu que poderia ter o entendimento errado da informação que teve e mesmo assim foi ao local com duas ambulâncias e tentou fazer (trecho inteligível na gravação da Câmara) socorrer aquela senhora”, disse o vereador em seu discurso na Câmara.
O vereador só não relatou em seu pronunciamento que o Samu só compareceu ao local depois que o Serviço Municipal do Luto já havia sido chamado e constatado que a pessoa ainda estava viva. O vereador também deixou claro que o Samu se baseou em informações inconclusivas para não prestar socorro logo no primeiro chamado.
Rodyson pediu a formação de uma Comissão e a convocação do agente funerário Ramon Peres, que é contratado por uma empresa terceirizada pela Prefeitura para prestação de serviços ao Serviço Municipal do Luto. A Comissão o foi nomeada no final da sessão e será composta pelos vereadores Rodyson Kristnamurti (PV), Lohanna França (Cidadania) e Ney Burger (PSB).
SINTRAM
Embora o servidor seja terceirizado, o Sindicato dos Trabalhadores Municipais de Divinópolis e Região Centro-Oeste (Sintram) está acompanhando o caso. Ramon Peres ainda não procurou o Sindicato, porém o vice-presidente Wellington Silva disse que o Sintram está a disposição do agente funerário. “Estamos a disposição do servidor para acompanhá-lo no que for possível e buscar uma solução para o problema”, afirmou.
O vice-presidente afirma, também, que a denúncia deve mesmo ser apurada, mas não apenas o servidor deve ser convocado pela Câmara. “Sem perder sua forma de fazer política, o vereador Rodyson age de forma tendenciosa ao pedir somente a convocação do servidor. Ora, se há uma denúncia contra o Samu, os responsáveis pelo órgão também precisam ser ouvidos por esta Comissão. Tentar desconstruir o trabalho do agente funerário é muito cômodo, quando sabemos do corporativismo que impera na Câmara. Sem questionar os bons serviços constantemente prestados pelo Samu, nesse caso convocar só o servidor é uma ação autoritária e intimidatória. Na verdade, se o vereador Rodyson está mesmo tão interessado em esclarecer o fato, esclarecer o constrangimento sofrido pela família, ele deveria ter convocado o Samu para dar explicações, pois é o Samu que está sendo denunciado por omissão”, afirmou Wellington Silva.
REMOÇÃO DE CORPOS
O vereador Rodysson Kristnamurt também fez vistas grossas à recente decisão da Prefeitura, que passou a atribuição de remoção de corpos em domicílio para o Serviço Municipal do Luto, infringindo o Regimento Interno do Setor de Cemitérios e Serviços Funerários, aprovado em dezembro do ano passado.
Especificamente sobre a remoção de corpos, veja o que diz o Regimento Interno do Serviço Municipal do Luto
Reportagem: Jotha Lee
Comunicação Sintram
Foto Comissão: Assessoria de Comunicação/CMD