Justiça negou pedido de medida protetiva feito pelo professor dias antes do crime
O vereador da cidade de Araújos, Lucas Coelho (PSD), 33 anos, que no último dia 29 assassinou a tiros seu ex-namorado, o professor Jhonathan Simões, 31 anos, se entregou na Delegacia de Polícia da cidade de Bom Despacho na tarde desta quinta-feira (5). A Polícia Civil não deu maiores detalhes após a prisão ter sido efetuada, porém confirmou que o vereador já foi ouvido preliminarmente, mas não deu detalhes do depoimento.
Segundo a Polícia Civil, Lucas Coelho compareceu espontaneamente à unidade policial, acompanhado de seu advogado, e teve sua prisão temporária imediatamente cumprida. A ordem de prisão havia sido expedida pela Justiça após representação formal do delegado responsável pelo inquérito, Ricardo Bessas.
Lucas Coelho se entregou após seis dias foragido e a polícia trabalha com a hipótese de crime passional premeditado. No dia 29 de abril, quando o crime foi cometido, Lucas Coelho alugou um carro em Bom Despacho. Ele é natural daquela cidade, onde possui parentes, porém reside em Araújos, onde é vereador no seu segundo mandato.
Com o carro alugado, Lucas Coelho deixou Bom Despacho no início da tarde do dia 29 e seguiu para a cidade de Formiga, onde morava o professor assassinado. De acordo com informações já confirmadas, ele permaneceu nas proximidades da casa do professor por mais de meia hora, onde chegou as 17h30. Quando Jhonathan chegava em casa, pouco depois das 18h, foi alvejado com seis tiros pelas costas e morreu antes da chegada do socorro. Após o crime, o vereador fugiu.
O Portal G1 conversou com Junio Pablo de Moura, primo e irmão de criação de Jonathan. Ele revelou que o relacionamento entre Lucas e Jhonathan durou cerca de um ano. Disse ainda que dias antes do crime o professor havia pedido medidas protetivas contra o vereador, mas o pedido foi negado pela Justiça.
O crime passional chocou familiares e amigos do professor, que era uma pessoa muito querida em Formiga, onde residiu toda a vida. Segundo Junio Pablo, Jhonathan vinha sofrendo ameaças e perseguição do ex-companheiro, o que motivou o pedido de medida protetiva. Imagens de câmeras de segurança apontam que o autor aguardava a vítima próximo à residência e fugiu após os disparos.
O primo e irmão de criação contou a dinâmica do crime, conforme mostraram as câmeras de segurança. “Ele [Jhonathan] estava atravessando a rua pra entrar. As câmeras mostram que o criminoso já estava esperando desde 17h30. Então ele veio por trás e atirou pelas costas. Foram seis tiros. Depois entrou no carro e fugiu. O criminoso estava de boné, com o rosto coberto”, contou Junio.
Ainda segundo Junio Pablo na entrevista concedida ao G1, o relacionamento entre os dois durou cerca de um ano e começou de forma tranquila, mas se tornou abusivo com o tempo. Disse que Jhonathan era seguido, ameaçado e teve a privacidade violada em diversas situações.
“Ele era um irmão pra mim. Cresceu com a minha mãe desde os 10 anos. A gente nunca imaginava isso. O Jhony chegou a montar uma espécie de dossiê com todas as ameaças. Pediu medida protetiva, mas disseram que era só para mulheres em relação a homens. Ele ficou revoltado, rasgou o papel na ocasião, mas eu mesmo li”, contou Junio Pablo.
CÂMARA
A Câmara Municipal de Araújos informou que o vereador Lucas Coelho não retornou ao Legislativo após o crime. Em nota oficial, a Câmara disse que “até o presente momento, esta Casa Legislativa não foi formalmente notificada por qualquer autoridade policial ou judicial acerca de eventual investigação ou procedimento envolvendo o referido vereador”.
Na nota, o Legislativo de Araújos disse ainda que “respeita integralmente os princípios do devido processo legal, da ampla defesa e da presunção de inocência, que são pilares do Estado Democrático de Direito”.
Disse ainda que Lucas Coelho “não apresentou qualquer manifestação oficial à Mesa Diretora ou ao Plenário desta Casa, razão pela qual, neste momento, não há elementos formais que justifiquem qualquer providência institucional por parte da Câmara”.
O Portal do Sintram não conseguiu contato com o advogado de defesa e o espaço está aberto para manifestação.
Reportagem: Jotha Lee
Sintram Comunicação