Atual vereadora e ex-secretária de Saúde é denunciada por esquema para furar fila do SUS

Cassado na noite desta segunda-feira (28), o agora ex-vereador Mário Sérgio Pereira, o Serginho da Saúde (Avante), se defendeu com um duro contra-ataque contra aqueles que considera seus perseguidores. Durante pouco mais de 15 minutos, em um discurso previamente preparado, Serginho da Saúde manteve a tese de perseguição política e atacou seus opositores.
Seu primeiro alvo foi o vereador Anderson Miguel Leite (PP) que o denunciou ao Ministério Público. “O vereador Anderson Miguel também está enfrentando um processo semelhante e fez um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) e foi obrigado a devolver os valores recebidos [em diárias] reconhecendo assim as irregularidades. Pra ficar bem claro, ele assumiu o crime”, afirmou.
Disse que a conduta de Anderson Miguel deveria ter tido o mesmo tratamento que ele recebeu por parte do Poder Legislativo. “Infelizmente as decisões não são tomadas de maneira equitativa. A maioria dos vereadores, alinhados politicamente com o prefeito [Firmino Júnior] indeferiram a denúncia apresentada [contra Anderson Miguel] por um cidadão (Cláudio), deixando claro que a política local está permeada por interesses pessoais e alianças”.
PERSEGUIÇÃO POLÍTICA: “A perseguição política tem sido evidente, especialmente quando há desavenças pessoais. Gostaria de trazer à tona, a questão da vereadora Priscila, que foi coagida a votar a favor da cassação [do meu mandato] sob ameaças de represálias. Isso é inaceitável. A liberdade de voto é um direito fundamental de cada vereador e deve ser respeitada”.
FRANPAV: Serginho da Saúde reviveu o rumoroso caso da Franpav, empresa contratada pelo ex-prefeito Olívio Teixeira, para terceirização de serviços de limpeza urbana, coleta de lixo e segurança. Em dezembro, a empresa não conseguiu pagar suas contas, deu o calote em salários e benefícios de 240 trabalhadores e a dívida só foi paga em meados de janeiro desse ano. A Prefeitura assumiu a dívida.
Segundo Serginho da Saúde, em 30 de outubro do ano passado, o então prefeito eleito Firmino Júnior, acompanhado do atual secretário de governo, Alan Jorge Oliveira Cipullo, se reuniu com dois representantes da Franpav. O encontro, segundo ele, teria acontecido no Hotel Nacional, em Belo Horizonte.
Sem apresentar nenhuma acusação formal ou prova de um encontro ilícito, o vereador cassado apenas insinuou subjetivamente que o encontro teve caráter político. “A população precisa saber qual foi o teor dessa conversa, conta pra gente senhor prefeito. Qual foi o assunto de interesse do município tratado nessa reunião?”, declarou.
SUSPEITA: “O questionamento [sobre a reunião de Firmino Júnior com a Franpav] torna-se ainda mais necessário, considerando que naquela época enfrentamos graves problemas, envolvendo os colaboradores da Franpav, que sempre teve um histórico de atuação regular, mas no final da gestão anterior começou a enfrentar sérias dificuldades financeiras. E é legítimo que todos saibam, que naquela data [30 de outubro] todos saibam o que foi discutido”.
Serginho da Saúde dispara também acusações contra o vereador Robson Hildebrando Frazão, o Robinho (MDB). Segundo ele, Robinho bate ponto na empresa pública MGS, ao mesmo tempo em que recebe diárias da Câmara como se estivesse em viagem a Belo Horizonte. “Afinal, a lei deve valer para todos, ou blindagem seletiva?”, questiona.
“A sociedade realmente tem direito de saber quem usou recursos públicos de forma indevida. Só assim teremos um processo verdadeiro, justo e transparente e que sirva aos interesses coletivos e não a interesses de um grupo e de alianças de ocasião”, afirmou.
Mário Sérgio citou ainda o vereador Werner Aparecido de Carvalho, o Gordinho da Usina (PDT) que também responde a um processo com base na Lei Maria da Penha. “Além disso, ainda tem afirmações de que ele, juntamente com a vereadora Adriana Gonçalves (União) estariam envolvidos em um suposto esquema de fura-filas de cirurgias, no qual o paciente pagaria determinado valor para receber atendimento com prioridade, passando a frente de outros cidadãos que aguardam na fila regular do SUS, quando a vereadora Adriana era secretária de
Saúde”.
Mário Sérgio vai mais longe: “segundo relatos, ainda eram utilizados recursos de transporte da Secretaria de Saúde, para realizar esse atendimento privilegiado. Fica aqui mais uma pergunta: como anda a apuração desses fatos na delegacia [Polícia Civil]? É inaceitável que esses fatos, se comprovados, sejam tratados com descaso ou lentidão, ao passo em que outras situações caminham com extrema celeridade, especialmente quando é de interesse de determinado grupo político”.
Antes de finalizar, Serginho da Saúde chamou a responsabilidade do Ministério Público. “É necessário que o Ministério Público investigue a conduta de todos os vereadores, incluindo Anderson Miguel e Luciano Gontijo (Republicanos), presidente dessa Casa, que estão envolvidos em questões financeiras que levaram à suspeita sobre transferência nas ações da Câmara, referente a um reembolso de quase R$ 12 mil para o vereador Anderson, que alega ter arrumado [conserto] um veículo Voyage, que pertence à Prefeitura desde o ano passado. Até insulfilm colocaram no veículo”, denunciou.
De acordo com Serginho da Saúde, o grupo político de Anderson Miguel e Luciano Cardoso “conseguiu” nomear para cargo comissionado o servidor público e ex vereador Deone Custódio de Toledo, na Procuradoria Geral da Câmara. Em junho, Deone recebeu salário bruto de R$ 18.759,99. “Isso tem que ser apurado e caso seja verificado irregularidades, seja determinado o ressarcimento ao erário público”.
Serginho da Saúde finalizou dizendo que todas as denúncias serão protocoladas nos órgãos de controle externo competentes. “Esperamos uma apuração imparcial”, finalizou.
Reportagem: Jotha Lee
Sintram Comunicação