Vereador acusado de rachadinha e quebra de decoro renuncia ao mandato minutos antes de ser cassado

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Léo Burgês acompanha do plenário da Câmara a sessão da Câmara de BH que votaria sua cassação (Foto: Bárbara Crepaldi/CMBH)

Antes de o Plenário da Câmara Municipal de Belo Horizonte deliberar quanto ao recebimento da denúncia contra o vereador Leonardo Silveira de Castro Pires, o Léo Burguês (União) e votar pela cassação, o parlamentar renunciou ao mandato, alegando que o processo contra ele seria político e que não seria tratado com imparcialidade. Com a renúncia, a representação contra Léo Burguês foi arquivada.

Logo após a renúncia, o presidente da Câmara de BH, Gabriel Azevedo (sem partido) teve uma reação explosiva. “Eu espero que este bandido do qual a Câmara Municipal se livrou hoje possa carregar pra longe daqui a corrupção, que é a marca do seu nome”, afirmou.

A convocação da suplente pelo PSL Janaína Cardoso, agora filiada ao União Brasil, foi publicada no Diário Oficial do Município (DOM) desta quinta-feira (9) e sua posse ocorrerá ainda hoje, durante a reunião do Plenário, a partir das 15h.

Antes de renunciar, Léo apresentou um vídeo que compromete o presidente da Casa.  No vídeo, o ex-vereador Carlos Henrique procura Gabriel Azevedo dizendo que protocolaria denúncia contra o vereador Ciro Pereira (PTB) por prática de rachadinha e por manter funcionários-fantasma. No vídeo, o presidente pede a Carlos Henrique, primeiro suplente de Ciro, que não protocolize a denúncia e afirma que, caso o fizesse, o ex-vereador se tornaria seu adversário. Pela edição do vídeo, o presidente da Câmara é acusado de prevaricação e ameaça.

Sobre a acusação, Gabriel Azevedo afirmou que também gravou o diálogo com Carlos Henrique, mas com a ciência do corregedor da Câmara, Marcos Crispim (PP). Conforme o presidente, o suplente o teria tentado achacar para voltar ao Legislativo Municipal na cadeira hoje ocupada por Ciro. “Este é o teatro lamentável que o senhor Léo Burguês resolveu fazer”, afirmou o presidente, que ainda chamou Léo de bandido, por conta das denúncias que pesam contra ele, e de covarde, por ter optado pela renúncia, evitando um processo de cassação que lhe tiraria oito anos de diretos políticos.

Ainda a respeito da manifestação de Léo Burguês em Plenário pouco antes da renúncia, Gabriel afirmou: “Belo Horizonte inteira sabe quem é Léo Burguês. Se ele quer me responsabilizar pela cassação dele, é responsabilidade que eu aceito com muito orgulho e vaidade”.

A DENÚNCIA

Conforme consta da denúncia assinada pelo advogado Mariel Márley Marra, Léo teria praticado atos “absolutamente incompatíveis com a dignidade do cargo parlamentar e a imagem pública desta Casa Legislativa”. Entre as denúncias estão utilização de parte do salário de funcionários de seu gabinete para o pagamento de despesas pessoais, prática popularmente conhecida como rachadinha; uso de mão de obra de funcionários pagos pela Câmara, em horário de trabalho, para o cumprimento de atividades particulares do vereador; ocultação de patrimônio móvel e imóvel; despesas e declarações eleitorais com sinais de irregularidades; procedimento indecoroso durante eleição da Mesa Diretora da Câmara, quando teria chegado a chutar porta e a socar paredes da Casa; lavagem de dinheiro; e utilização da influência política para evitar a devida fiscalização de empreendimento irregular chamado Mister Rock.

“Hoje mais uma página de corrupção nesta Casa foi virada. Fica o recado: comigo nesta presidência, bandido não tem vez”, declarou Gabriel Azevedo, que também pediu à população de Belo Horizonte para não reeleger Léo Burguês na eleição do ano que vem. O presidente informou que, com a renúncia, os funcionários do gabinete de Léo seriam exonerados.

Fonte: CMBH

 

 


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