Israel da Farmácia diz que todos concordaram com o aumento e aponta para Wesley Jarbas
A Câmara Municipal de Divinópolis publicou hoje a Portaria que revoga o aumento de 371,58% ao vale alimentação dos vereadores. Na semana passada, em uma medida da Mesa Diretora, o benefício foi reajustado, atingindo o valor R$ 2.022,22, 33% acima do valor do salário mínimo, que esse ano é de R$ 1.518,00, e 8,77% maior que o vale alimentação dos vereadores da cidade de São Paulo, que é de R$ 1.859,00.
O escandaloso aumento foi denunciado com exclusividade pelo Portal do Sintram em reportagem publicada no dia no último dia 8. Um dia após a publicação da reportagem, o presidente da Câmara, Israel da Farmácia (PP) concedeu entrevista à Rádio Minas e ao abordar a repercussão negativa do aumento, disso que era coisa de candidato derrotado. E em tom de deboche, ainda afirmou: “eles vão ter que engolir”.
Um dia depois, o advogado Eduardo Augusto Teixeira, utilizando a reportagem do Portal do Sintram, publicou um vídeo com uma crítica contundente ao aumento do benefício e afirmou que o presidente da Câmara era “muito caridoso para os vereadores e um carrasco para a população de Divinópolis”. Na sexta-feira, Eduardo Augusto lançou um abaixo assinado on line contra o aumento, que até esta segunda-feira, quando ocorreu a revogação, há havia se aproximado de 1,8 mil assinaturas.
PRESSÃO
Após a denúncia feita pelo Portal do Sintram, o aumento do vale alimentação ganhou espaço nos demais veículos de imprensa da cidade. Até o prefeito decidiu se manifestar e tirou o corpo fora. Invocando a independência dos poderes, Gleidson disse que a responsabilidade do aumento era unicamente da Câmara.
A pressão aumentou e os vereadores que permaneciam em silêncio sobre o aumento começaram a se manifestar. Os fisiológicos de plantão decidiram anunciar que doariam o valor do vale alimentação. O primeiro a ir às redes sociais para anunciar a doação do benefício foi o novato Matheus Dias (União), um dos pupilos do prefeito na Câmara. Em seguida foi a vez de outro fisiologista, Breno Júnior (Novo) anunciar que doaria o vale refeição a uma instituição religiosa.
Por fim, o vice-presidente da Câmara, Wesley Jarbas (Republicanos), cuja situação é ainda mais vexatória. Como vice-presidente da Mesa Diretora, Wesley Jarbas foi consultado por Israel da Farmácia e concordou com o aumento. Entretanto, no fim de semana, o Senador Cleitinho Azevedo, também do Republicanos, passou um esculacho no vereador e ordenou que ele deveria rever sua posição. Em um vídeo postado no Instagram ao lado do senador, o vereador se rebaixou. “Eu quero abrir mão desse vale alimentação, não acho justo. O tíquete alimentação do trabalhador é em média de R$ 12. Seria injusto pra mim aceitar um tíquete alimentação de R$ 2 mil. Faço esse compromisso, vou doar esse dinheiro para uma entidade”, disse ele ao lado do Senador.
A REVOGAÇÃO
Israel da Farmácia percebeu que ficaria absolutamente sozinho e se dispôs a não aceitar a traição dos demais vereadores. Na tarde desta segunda-feira (13) ele divulgou nota oficial informando que o aumento do vale alimentação estava revogado. Jogou para a torcida, tentando demonstrar normalidade, mas a própria nota revelou que houve um racha do até então unido grupo da base do prefeito.
A nota oficial reafirmou a legalidade da medida, porém em nenhum momento discutiu sua moralidade. Disse ainda que o aumento foi “solicitado por diversos parlamentares” e fez questão de grifar a participação de Wesley Jarbas na construção do reajuste. “O vice-presidente da Câmara, Wesley Jarbas, apoiou a publicação da portaria nos valores estabelecidos”, disse Israel, que ficou irritado com a declaração de Jarbas de que o aumento do vale alimentação era injusto. A nota oficial deixa ainda mais claro que houve um racha que colocou em risco, inclusive, as relações institucionais. “A revogação tem como objetivo preservar a harmonia institucional e garantir a integridade das atividades legislativas”, disse Israel da Farmácia através da nota oficial.
Em entrevistas a vários veículos de imprensa, Israel da Farmácia reafirmou, em todas elas, que o aumento do vale alimentação teve o apoio de todos os vereadores. Indistintamente, em todas as entrevista, Israel sublinhou o nome de Wesley Jarbas como co-autor da escandalosa portaria.
À TV Alterosa, Israel da Farmácia revelou que foram feitas mais de cinco reuniões antes de se chegar a um acordo para revogar o aumento. Inseguro nas respostas, Israel disse que houve consenso para que a Portaria do aumento fosse revogada. E mais uma vez Israel apontou o dedo para Wesley Jarbas. Sem ser questionado pela repórter, ele fez questão de afirmar: “A assinatura é minha. Eu assinei a Portaria em concordância com os demais vereadores, inclusive, inclusive, o meu vice-presidente, Wesley Jarbas, que foi um dos apoiadores da publicação dessa portaria”.
Reportagem: Jotha Lee
Comunicação Sintram