A cidade de Conceição do Pará vive um clima de apreensão e tensão desde a manhã de sábado, quando ocorreu um deslizamento de rejeitos da Mina de Turmalina, da mineradora Serras do Oeste (Msol). Os episódios de Mariana e Brumadinho, onde centenas de pessoas morreram e o dano ambiental ainda é incalculável, após rompimentos de barragens da Vale, ainda estão vivos na memória do povo de Minas Gerais. Em Conceição do Pará, o acidente ocorreu na manhã de sábado na comunidade de Casquilho de Cima, onde opera a Msol.
De acordo com a Agência Nacional de Mineração (ANM) a área do acidente foi imediatamente isolada no início da manhã de sábado. Logo após a interdição da área, começou a evacuação das famílias que moram nas proximidades da Minas. De acordo com a ANM, no sábado foram retiradas 75 pessoas, que foram levadas para hotéis da cidade de Pitangui.
Um posto de abastecimento de combustível pertencente à mina foi parcialmente atingido. Apesar do impacto, os tanques permanecem intactos, conforme relato da empresa, e há um estudo para o esvaziamento seguro dos tanques, que estão com aproximadamente 15 mil litros de diesel.
Além do posto, foi atingido um tanque de emulsão, contendo 43 metros quadrados de emulsão, a princípio inerte. Esse produto é utilizado para explosões no interior da Mina. Segundo a empresa, os tanques também foram preservados.
A última informação prestada na tarde desse domingo (8) é que mais 59 pessoas tiveram que ser retiradas de suas casa, subindo para 134 o número de pessoas que tiveram que ser evacuadas. O Portal do Sintram pediu ao Corpo de Bombeiros na manhã desta segunda-feira (9) a última atualização da situação na Mina e aguarda retorno.
A ANM in formou que a mina foi vistoriada e identificou risco iminente para a segurança da estrutura, da comunidade e do meio ambiente, efetuando a interdição e a suspensão imediata de todas as atividades do empreendimento. Em nota, a ANM disse que “caberá à empresa providenciar todas as ações necessárias para estabilidade da pilha, segurança da mina, comunidade de entorno e meio ambiente. As ações incluem monitoramento da pilha e da mina subterrânea, obra para estabilização, ações de controle com meio ambiente e proteção da comunidade envolvida, dentre outras atividades a serem informadas no plano de ação da empresa”
O local continua sendo monitorado pela Defesa Civil, Corpo de bombeiros e Polícia Militar. “Reforçamos o apelo para que as pessoas impactadas não retornem à área até que as autoridades emitam orientações oficiais sobre a retomada da normalidade”, apelou a ANM.
BARRAGEM TURMALINA
A ANM informa que uma das faces da pilha de rejeitos encontra-se a aproximadamente 250 metros da barragem da mina, situada no mesmo complexo minerário. Após vistoria, foi verificado que o deslizamento não teve interferência direta na barragem, a qual mantém seu status, com níveis de segurança dentro dos parâmetros de legislação e sem anomalias. A empresa e a ANM não informaram o volume de rejeitos que desceu com o deslizamento.
A Mina continua interditada. Ainda há riscos, embora essa situação seja tratada de forma velada. A empresa responsável pela unidade também se mantém em silêncio e nenhuma nova informação oficial foi divulgada.
Reportagem: Jotha Lee
Comunicação Sintram