Apenas Ademir Silva, Lohanna França e Ana Paula do Quintino comentaram fala do diretor jurídico; Líder do governo, Edson Souza, se negou a gravar entrevista a respeito do assunto
O diretor jurídico do Sintram, Antônio Leonardo Rosa, utilizou, ontem (05/08), a tribuna livre da Câmara Municipal de Divinópolis para solicitar a atuação dos vereadores para o devido pagamento da revisão salarial dos servidores públicos municipais (Lei Municipal 8.083/2020), que está sendo negada pelo prefeito Gleidson Azevedo, sob o argumento de vedação imposta pela Lei Complementar Federal 173/2020. Rosa entregou a cada vereador parecer do Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais e destacou o artigo 8º da lei 173/2020, que deixa claro que deve ser mantido o poder aquisitivo do trabalhador (recomposição salarial). O dirigente sindical destacou a atuação dos servidores para atendimento à população, sobretudo na situação de pandemia, e pediu sensibilidade e fiscalização dos vereadores para concessão do direito básico do funcionalismo. Clique aqui e veja pronunciamento na íntegra a partir dos 29 minutos.
Dos 17 vereadores, somente três abordaram o pedido do diretor do sindicato expresso na tribuna ontem, sendo eles: Ademir Silva, Lohanna França e Ana Paula do Quintino. Logo após o uso da tribuna pelo diretor do Sintram, o líder do governo na Câmara, vereador Edson Souza, foi procurado pela Comunicação do sindicato, que pediu um posicionamento a respeito do pronunciamento do diretor na tribuna e se o representante teve retorno da administração relativo à proposta alternativa por ele sugerida e divulgada em entrevista ao Sintram. Edson Souza disse apenas que não iria gravar entrevista e que o sindicato tinha que procurar a vice-prefeita, pois o documento foi protocolado no gabinete dela.
Pronunciamentos
Em seu pronunciamento, de modo breve, Ana Paula do Quintino, apenas disse que em reunião no Centro Administrativo percebeu que há um impasse relativo a revisão salarial, mas espera que a situação seja resolvida da melhor forma possível. Já o vereador Ademir Silva, além de conceder entrevista ao sindicato para expressar que está do lado do funcionalismo, usou seu tempo na tribuna para cobrar o pagamento da revisão, esclarecendo que é um direito do trabalhador e que o prefeito deve cumprir a lei. “O servidor falou hoje sobre a recomposição salarial, que o prefeito Gleidson teima em não dar, estão tentando descaracterizar essa recomposição salarial nas mídias sociais, falando que é aumento salarial. Não é aumento salarial, é uma recomposição salarial, algo garantido pela Constituição e também pela lei do gatilho, que foi votada nesta Casa, trazida pelo ex-prefeito Demétrio Arantes, e que o prefeito de Divinópolis está teimando em descumprir a lei. Se é lei, se foi votada nesta Casa, nós, como fiscais do Executivo, fiscais da Lei, devemos estar atentos ao cumprimento da lei. Então fica aqui o apoio desse vereador ao servidor, ao cumprimento da lei”, disse.
A vereadora Lohanna França também manifestou apoio ao funcionalismo e disse que seu compromisso firmado na sede do Sintram, juntamente a outros sete vereadores, está mantido, ou seja, do trancamento da pauta até o pagamento do direito do servidor. A vereadora ainda colocou a reflexão sobre o que seria da cidade nesta situação de pandemia se o servidor municipal decidisse paralisar suas atividades. “Vocês tem o meu compromisso com vocês. O que eu falei naquela reunião no Sintram foi meu posicionamento verdadeiro. Se essa Casa decidisse se unir em prol dos servidores, inclusive com o trancamento de pauta, excetuando os assuntos da saúde, essa vereadora está junto de vocês. Caso contrário, se um vereador fala uma coisa lá e depois chega aqui e conversa com o Executivo e muda de ideia, ai eu acho que vocês têm que fazer uma cobrança ferrenha em cima de cada um dos vereadores. Você falou que são cinco mil servidores, multiplica por quatro, a gente tem aí 20 mil pessoas, um monte de famílias, um monte de gente ganhando R$1.500 reais, como é o caso de um técnico de enfermagem, que está na linha de frente, lutando por nós. Imagina o que ia acontecer com essa cidade se o servidor resolvesse parar? Eu só me pergunto isso”, disse a vereadora.
Tangente
Já o vereador Flávio Marra usou a fala para defender a revisão salarial dos policiais militares de Minas Gerais, mas não fez o mesmo para cobrar na reunião de ontem o direito dos trabalhadores municipais de Divinópolis. Sempre cobrando a melhoria do Crevisa e criticando a atuação dos servidores do local, Marra inclusive sugeriu terceirizar o setor como solução milagrosa para o problema, mas não teve coragem, na mesma reunião, de cobrar o cumprimento dos deveres do gestor, Gleidson Azevedo, junto ao funcionalismo.
O vereador, que está sempre em vídeos com o senhor prefeito, saiu pela tangente do seu papel de fiscal do Executivo Municipal. Marra com discurso pronto quer cobrar melhorias do serviço público como se os problemas fossem culpa dos servidores, ou seja, não tem coragem de cobrar de quem de fato pode resolver e deve cumprir com o direito do trabalhador, no caso, o prefeito Gleidson Azevedo. “Aqui, na época do governador Pimentel foi uma farra do boi gordo. Pimentel fez sacanagem com os servidores estaduais, pegou empréstimo no nome dos servidores e não pagou, sendo que o servidor estava pagando e não estava tendo recomposição salarial. Aí, veio o Zema com essa proposta de uma recomposição salarial, veio a pandemia, ele não cumpriu, mas agora eu acho que está em tempo. Acho que agora voltando a onda verde, governador, se você estiver me ouvindo ou algum assessor seu, está na hora de chamar os militares do nosso Estado para uma conversa, para uma recomposição salarial. Não é aumento, é recomposição salarial, que passou da hora. É uma classe injustiçada há anos e que precisa ser revista”, disse.
Silêncio
Utilizaram a fala, mas não se manifestaram em relação ao pronunciamento do Sintram os vereadores: Josafá Anderson, Roger Viegas, Israel da Farmácia, Flavio Marra, Ney Burguer, Rosdyson do Zé Milton e Wesley Jarbas.
Sintram
O presidente em exercício do Sintram, Wellington Silva, disse que o sindicato irá cumprir o que foi deliberado em assembleia e espera que o compromisso dos vereadores assumido com os servidores seja cumprido. “Convidamos os vereadores aqui na nossa sede, inclusive o trancamento de pauta foi sugestão dos próprios vereadores presentes, levantada pelo vereador Roger Viegas, e vamos cobrar esse compromisso assumido. O servidor está sendo prejudicado, vários municípios já cumpriram com esse direito do trabalhador municipal e vamos até o fim nesta luta”, declarou Wellington.
Reportagem: Flávia Brandão
Comunicação Sintram