Sindicato confirma início da greve no transporte coletivo para a semana que vem

Compartilhe essa reportagem:

Empresas ignoram motoristas e não fazem nova contraproposta que poderia evitar paralisação

Os motoristas do transporte urbano etsão em campanha salarial desde 2023, como mostra essa manifestação realizada na Rua Pernambuco (Foto: Jotha Lee/Sintram)

As empresas do transporte coletivo urbano de Divinópolis têm até essa sexta-feira (6) para dar uma resposta ao Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários de Divinópolis (Sinttrodiv) sobre a reivindicação salarial dos motoristas do transporte coletivo urbano. A categoria, em campanha salarial desde o início do ano, está em estado de greve desde a semana passada, quando uma assembleia da classe rejeitou a proposta de reajuste salarial feita pelas empresas e decidiram decretar o estado de greve até a próxima segunda-feira (10).

O prazo de uma semana foi aprovado pela classe para conceder tempo às empresas de oferecer uma contraproposta. No dia 26 de fevereiro o sindicato encaminhou um comunicado ao Consórcio Transoeste, que representa as empresas que operam o transporte coletivo urbano, informando sobre as decisões da assembleia e de uma eventual greve a partir do dia 10, caso não houvesse uma nova proposta.

Nesta quinta-feira (6), o advogado do Sindicato dos Motoristas, Marcelo Christian, disse ao Portal do Sintram que não houve respostas. “Nós comunicamos no dia 26 a decisão da assembleia ao Consórcio, à Prefeitura e a Polícia Militar de que a categoria está em estado de greve e que a partir do dia 10 pode ocorrer a paralisação por tempo indeterminado. Infelizmente não recebemos nenhuma resposta”, declarou.

De acordo com o advogado, muitos profissionais estão desistindo de continuar trabalhando como motorista no transporte coletivo em razão da defasagem salarial. “O problema é gravíssimo”, resumiu.

Marcelo Christian confirmou que a greve por tempo indeterminado está mantida para a semana que vem, se não houver uma reposta das empresas. Disse ainda que já há um plano de greve estabelecido. “Tudo vai ser feito dentro da lei, vamos manter rodando 30% da frota, mas não sabemos, ainda, quais as rotas serão afetadas”, esclareceu.

No fim da tarde desta quinta-feira (6) o Sindicato dos Motoristas distribuiu uma carta aberta à população para comunicar o início da greve e explicar os motivos que obrigaram os trabalhadores a tomar essa decisão (Leia a carta na íntegra no final desta reportagem). “Sabemos que o transporte coletivo é um serviço essencial e essa carta será para explicar à população os motivos que obrigaram a uma medida extrema como é o caso da greve. A situação é insustentável”, declarou.

Os motoristas reivindicam aumento salarial de 56,86% para garantir a cobertura das perdas salariais dos últimos anos. A última proposta formalizada pelas empresas foi um aumento de 4%.   

SUBSÍDIO

A tarifa do transporte coletivo está congelada em R$ 4,15 (pagamento na roleta) desde 2020. Ao assumir o cargo, o prefeito Gleidson Azevedo (Novo) decidiu usar recursos públicos para bancar o congelamento das tarifas como parte de sua campanha política pela reeleição e uma eventual candidatura a deputado em 2026. De 2022 a 2024, a Prefeitura desembolsou R$ 18,130 milhões que foram pagos às empresas a título de complemento tarifário para garantir o congelamento das tarifas. Esse ano, o subsídio subiu para R$ 11,560 milhões. Até o final do ano, a Prefeitura terá repassado às empresas R$ 29,360 milhões a título de complemento tarifário. Segundo a Prefeitura, esse ano ainda foram pagos mais R$ 630 mil para garantir o aumento salarial dos motoristas.

Já as empresas afirmam que o complemento tarifário não é suficiente e garantem que o subsídio pago pela Prefeitura representa apenas a metade do gasto operacional.

Reportagem: Jotha Lee
Sintram Comunicação


Compartilhe essa reportagem: