Sindicância realizada pela Prefeitura ignora evidências e inocenta UPA por morte de Tatielle Scarlat

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No último dia 21 de abril, Divinópolis acordou chocada com a morte de Tatielle Scarlat Ferreira, 28 anos, mãe de três filhos. A morte dessa mãe de família, a exemplo de outras registradas em Divinópolis, após três atendimentos feitos na Unidade de Pronto Atendimento Padre Roberto (UPA 24h), abalou ainda mais o já combalido sistema de saúde municipal.

Segundo a própria Secretaria Municipal de Saúde (Semusa) Tatielle foi atendida pela primeira na UPA 24h na terça-feira, 16 de abril, e se queixava de diarreia, vômito e dor generalizada. Segundo a Semusa, a paciente foi “orientada e medicada”, sendo mandada de volta para casa. Após quatro dias, no dia 20 de abril, às 8h50, a paciente retornou à unidade com graves problemas respiratórios. Após vários exames, dentre eles um RX, foi identificada uma pneumonia. Pela segunda vez, a paciente foi medicada, orientada e liberada pela UPA com prescrição de antibióticos.

A foto de Tatielle com os três filhos foi mostrada pelo vereador Lauro Capitão América durante um pronunciamento na tribuna da Câmara (Foto: Reprodução/TV Câmara)

No mesmo dia, às 18h21, Tatielle retornou à UPA, levada pelo Samu, com os mesmos sintomas, porém em situação já agravada pela falta de um atendimento completo. Ela foi entubada e transferida para a Sala Vermelha do Hospital São João de Deus às 4h15, de domingo, 21 de abril. Após três paradas cardíacas, foi constatada a morte de Tatielle Scarlat.

O caso causou uma grande repercussão e a administração municipal, já acuada pelas péssimas condições de funcionamento da UPA, instaurou uma sindicância para apurar um provável erro médico, que por três vezes mandou Tatielle de volta para casa, após a realização de exames superficiais.

Nesta terça-feira (11) a  Semusa divulgou o resultado da sindicância: “Após análise do histórico dos atendimentos dispensados à paciente na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Padre Roberto Cordeiro Martins, a análise técnica indicou a não existência de relação causal entre as condutas médicas e o desfecho fatídico do caso”, afirmou a Semusa em nota oficial.

As informações dadas pela própria Semusa são evidências de que o tratamento dispensado à Tatielle foi, no mínimo, negligente. É certo que caracterizar um erro médico exige evidências contundentes, porém uma paciente que vai à UPA em busca de socorro por três vezes apresentando um quadro que a unidade não definiu com clareza qual era o diagnóstico, mesmo que para entendimento de um leigo, deveria ter sido encaminhada para uma unidade hospitalar. Isso não aconteceu.

A Secretaria informou, ainda, que “a comissão, de forma conservadora, recomendou o encaminhamento da ocorrência ao Conselho Regional de Medicina de Minas Gerais (CRM/MG) para conhecimento e análise”. A recomendação da Comissão foi acatada pela secretária municipal de Saúde, Sheila Salvino, que anunciou que o Conselho será acionado.

Reportagem: Jotha Lee
Comunicação Sintram


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