Servidores municipais de Divinópolis mantêm estado de greve e decidem continuar manifestações

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A publicação nesta terça-feira (15) do decreto 14.879/2022, que definiu a revisão salarial dos servidores municipais de Divinópolis, não colocou um fim à campanha salarial da categoria. O decreto, publicado pelo prefeito Gleidson Azevedo (PSC), estabeleceu 5% de recomposição salarial na folha de pagamento de fevereiro, mais 4,63% a partir de maio. A revisão de 4,63% referente aos meses em aberto – março e abril – será paga na folha de junho. Com isso, o prefeito concede a revisão de 9,63%, que corresponde ao Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulado no ano passado, conforme levantamento feito pela Fundação Ipead. Com a publicação do decreto, o prefeito coloca um fim na discussão em torno do índice de revisão, do ponto de vista do Executivo.  Fica para traz um prejuízo de 5,3% para os servidores, correspondente à revisão do ano passado, que não foi cumprida pela administração.

Já do ponto de vista dos servidores, liderados pelo Sindicato dos Trabalhadores Municipais de Divinópolis e Região Centro-Oeste (Sintram) e pelo Sindicato dos Trabalhadores do Ensino Municipal (Sintemmd), essa discussão não termina agora. Reunidos em assembleia conjunta na noite desta terça-feira (15) os servidores decidiram manter a mobilização. Mais cedo, a categoria participou de uma manifestação pacífica na Câmara Municipal. Diante do número limitado de pessoas para acesso ao plenário, um grupo de servidores e sindicalistas representando a classe ocupou as dependências da Câmara durante a reunião ordinária, com o objetivo de demonstrar aos vereadores que a categoria continua insatisfeita e que ainda há muitas pendências a serem resolvidas.

DECISÕES

Ao abrir a Assembleia, a presidente do Sintram, Luciana Santos, disse que “a luta só está começando”

A presidente do Sintram, Luciana Santos, abriu a assembleia conjunta realizada à noite, lembrando que não haveria como apreciar o decreto que concedeu a revisão, pois já era regra legal e o que foi estabelecido unilateralmente pelo Executivo já será incluído a partir da folha de fevereiro. No entanto, Luciana Santos lembrou que a pauta de reivindicações não se limita à revisão dos salários, pois ainda há questões importantes pendentes, como por exemplo, a regulamentação de benefícios, como o triênio, que não foi tratada pelo decreto. “Para mim, a luta só está começando”, declarou Luciana Santos.

DEPUTADO CLEITON AZEVEDO

A assembleia desta terça-feira reuniu um número expressivo de servidores e a categoria decidiu manter o estado de greve e a mobilização já planejada anteriormente. Por unanimidade, a assembleia considerou o deputado Cleiton Azevedo (Cidadania) responsável pelas atitudes do prefeito, tomando por base as declarações feitas durante a campanha eleitoral de 2020. O deputado foi o mentor da candidatura do irmão e avalizou publicamente sua administração. Além disso, Cleiton Azevedo foi um dos deputados que no ano passado empunharam a bandeira pela recomposição salarial dos agentes de segurança do Estado e até a semana passada, antes da decisão dos servidores de ocupação da Assembleia, ele se mantinha em silêncio sobre as reivindicações dos servidores municipais.

Um grupo de servidores fez manifestação pacífica na Câmara

Os servidores decidiram manter a realização de uma manifestação na Assembleia Legislativa ainda com data a ser marcada, como também decidiram que semanalmente farão manifestações no escritório político do deputado Cleiton Azevedo em Divinópolis. Os servidores entendem que ao afiançar o irmão em todos os níveis políticos, o deputado precisa também se responsabilizar pelas atitudes que são tomadas pela administração.

ASSÉDIO MORAL

Além de várias decisões ligadas à questões internas para ampliação da ação do Sintram, os servidores também decidiram manter uma firme campanha contra o assédio moral. Durante a assembleia, a categoria voltou a denunciar a ação de chefias, especialmente no primeiro escalão, que continuam hostilizando e constrangendo servidores. Uma servidora denunciou que no seu local de trabalho é preciso até pedir para utilizar o banheiro.

Outra decisão será a realização de um estudo técnico através de consultoria especializada, para levantar as perdas salariais da categoria e posteriormente acionar a Justiça para que haja reposição desse prejuízo.

Ao Portal do Sintram, o diretor-adjunto do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), José Silvestre Prado, destacou a importância da atuação sindical, seja com ações para reverter esse cenário, seja atuando nas negociações salariais. Silvestre alertou, ainda, que o sucesso dos sindicatos depende do engajamento da categoria. “Sem dúvida quanto maior a organização dos trabalhadores fortalecendo seus sindicatos, o resultado tende a ser melhor”, assegurou.

Finalmente a Assembleia aprovou uma nota pública de repúdio ao prefeito Gleidson Azevedo, pelo desrespeito aos servidores e aos sindicatos. Como último ato desse desrespeito, a publicação do decreto de revisão sem um posicionamento dos servidores, foi avaliada como uma atitude autoritária e uma afronta a toda a classe. O diretor do Sintemmd, Eduardo Parreira, lembrou que o prefeito nem sequer respondeu ao pedido de uma nova reunião formalizado pelos sindicatos após a última contraproposta apresentada pela administração. Os servidores foram unânimes sobre a forma desrespeitosa, hostil, ultrajante e intransigente que a categoria vem sendo tratada do primeiro escalão aos gabinetes do prefeito e da vice-prefeita Janete Aparecida. A nota pública de repúdio conjunta será elaborada pelas diretorias do Sintram e do Sintemmd.

Reportagem: Jotha Lee
Comunicação Sintram
Fotos: Jotha Lee/Sintram

 

 

 


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