Servidores municipais contrapõem Prefeitura e provam que sistema de reconhecimento facial para registro de ponto não funciona

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Esse é o sistema de reconhecimento facial instalado no CAX: muitos problemas (Foto: Jotha Lee/Sintram)
Esse é o sistema de reconhecimento facial instalado no CAX: muitos problemas (Foto: Jotha Lee/Sintram)

O sistema de reconhecimento facial para fins de registro de ponto dos servidores municipais de Divinópolis não funciona. Pelo menos essa é a conclusão que se pode tirar das dezenas de depoimentos de servidores que o Portal do Sintram recebeu na manhã desta quarta-feira (11). As reclamações ocorrem um dia após publicação de reportagem, na qual a Prefeitura garantiu que não recebeu relatos de instabilidade no sistema. Ao contrário do que diz o Executivo, servidores apresentaram uma série de reclamações já encaminhadas ao setor competente, porém sem resolução. Além disso, foram enviadas cópias dos registros de ponto com várias ocorrências graves que comprovam que o sistema compromete a administração municipal.

Além dos relatos, o Portal do Sintram também recebeu comprovantes físicos sobre a ineficiência e inoperância do sistema. Impossível registrar em uma única reportagem o volume de reclamações recebidas, entretanto, o Portal do Sintram selecionou alguns relatos que serão destacados a seguir, porém vai garantir o sigilo da fonte, para evitar eventuais retaliações.

CAC

Um servidor lotado no Centro de Atendimento ao Cidadão (CAC) relatou que em muitos casos é possível fazer o registro, porém não aparece no sistema de ponto. “É como se não tivesse sido registrado. O que vale, o que vai para a folha de pagamento, é o que está no sistema. Registrou, mas não apareceu no sistema, fica como falta”, relatou. Ele disse ainda que vários servidores também lotados no CAC enfrentam a mesma dificuldade e acrescentou: “A gente manda mensagem pro whatsapp do ponto e eles não respondem. Quando respondem é resposta genérica do tipo ‘estamos verificando’, ‘vamos verificar’”, contou o servidor.

O servidor enviou a cópia do seu registro de ponto para comprovar que, apesar de ter ocorrido o registro, os dados não chegaram ao sistema, e foram computadas faltas para segunda, terça e hoje. Ele contou, ainda, que a situação está tão crítica, que em agosto, os registros de ponto já deveriam ser fechados diretamente através do sistema. Entretanto, houve uma avalanche de erros, que obrigaram os gerentes a fazer o trabalho manualmente. “Você faz, por exemplo, um atestado de comparecimento. Você vai ao médico, traz o atestado, a chefia abona, ok. Aí, no dia seguinte, você verifica o ponto e aquelas horas que haviam sido abonadas, não estão mais lá e entram como falta”, contou o servidor.

Outra servidora, através da tela de ponto também enviada ao Portal do Sintram, está com faltas registradas na quinta-feira da semana passada e todos os dias dessa semana. A servidora observa que, além disso, o sistema está registrando os dados no mês de outubro, quando deveria ser setembro.

Outro servidor registrou os problemas enfrentados para registro do ponto. “Fiquei o mês de agosto inteiro tentando arrumar meu ponto. O sistema registrou dias errados… horas erradas. Arrumava num dia e depois voltava o erro. Fiz reclamação também via zap do ponto. Tá tudo registrado lá”,  contou.

As dezenas de reclamações de servidores sobre a ineficácia do sistema de reconhecimento facial são basicamente idênticas, principalmente a falta de comprovação do registro no sistema, o que pode acarretar em desconto na folha de pagamento. A Prefeitura, embora negue falhas no sistema, disse que nenhum servidor ficará prejudicado. “Nenhum servidor ficaria prejudicado com qualquer tipo de anormalidade no sistema, visto que outros mecanismos estão disponíveis, como pedido de inclusão de marcação manual”, justificou a Prefeitura em nota enviada ao Portal do Sintram.

Reportagem: Jotha Lee
Comunicação Sintram


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