Agressões a servidores apontam para necessidade de capacitação da classe que atua na área psiquiátrica do município
“A especialização de servidores que trabalham nos sistema de saúde público deve ser permanente e o apoio do ente empregador deve ser política de governo. O servidor capacitado sabe lidar com todas as situações que se apresentam no sistema de saúde, desde aquelas mais elementares até as mais complexas”. Esse é o trecho de um documento de 1993 do Conselho Nacional de Saúde (CNS) em recomendação interna sobre a necessidade permanente de especialização de servidores públicos.
Passados 33 anos, o documento do CNS permanece atual. A especialização de servidores hoje se torna ainda mais importante, não apenas para cuidar da saúde da população, mas também para ter a capacitação para lidar com situações adversas que exigem conhecimento e habilidade. É o caso da violência no sistema, especialmente em se tratamento de estabelecimentos que atuam no cuidado da Saúde Mental.
A Lei 8.080, de 1990, que trata da organização do Sistema Único de Saúde (SUS), também estabelece a necessidade de uma política permanente de capacitação. No Título IV, que trata dos recursos humanos, a lei determina que em todas as esferas de governo, deve haver “a organização de um sistema de formação de recursos humanos em todos os níveis de ensino, inclusive de pós-graduação, além da elaboração de programas de permanente aperfeiçoamento de pessoal”.
DIVINÓPOLIS
Em Divinópolis a Secretaria Municipal de Saúde (Semusa) tem procurado cumprir essas regras e permanentemente ocorrem programas de capacitação para todas as áreas. Além disso, a Semusa incentiva os servidores a participarem de congressos, workshops, entre outras atividades que permitam ampliar o conhecimento e aprendizagem de novas técnicas. Nesse sentido, duas servidoras da Semusa participarão nos dias 7 e 8 desse mês, em Vitória, no Espírito Santo, do lll Congresso Internacional: Novas Abordagens em Saúde Mental.
A psicóloga Leila Maria Pimentel Madeira, e a farmacêutica Aline Michele Silveira, lotadas no CAPS l Infanto-Juvenil, participarão do Congresso e já foram liberadas pela Semusa e pela Secretaria de Administração. Apesar de tratar de especialização específica para as áreas em que atuam no serviço público municipal, as duas servidoras terão que repor os dois dias em que se ausentarão para a viagem.
O CONGRESSO
O evento, que reunirá 600 participantes de todo o país, vai apresentar e debater as novas práticas em saúde mental, visando o desenvolvimento da qualidade dos serviços em articulação com a comunidade. O tema central será a importância da reforma psiquiátrica para a sociedade e as colaborações das boas práticas em saúde mental para a reforma.
Seis debatedores especializados no tema vão participar dos debates, entre eles o britânico Paul Baker, formado em Sociologia e Serviço Social na Universidade de Manchester e pós graduação em Saúde Mental. Baker desenvolveu projetos na área da saúde mental em Trieste (Itália), Servia, Croácia, Inglaterra e País de Gales. Realizou workshops em mais 15 países e é autor do livro A Voz Interior (The Voice Inside – título original).
AGRESSÕES A SERVIDORES
Em Divinópolis, dois recentes episódios mostram que a capacitação na área de saúde mental precisa ser incentivada pelo governo municipal. A formação profissional com a aprendizagem de novas técnicas de abordagem poderão ser importantes para contribuir na redução de episódios de violência.
Em fevereiro do ano passado uma médica psiquiatra foi agredida por uma paciente no Serviço de Referência em Saúde Mental (Sersam). Na ocasião, a Semusa informou que a paciente não concordou com a avaliação da profissional e agrediu a médica com socos e chutes, chegando a jogá-la no chão. Após a agressão, a Semusa se limitou a divulgar uma nota pouco esclarecedora e sem anunciar nenhuma medida ou estudo para dar mais segurança aos servidores do sistema de saúde. Na nota, a Semusa se limitou a repudiar o caso.
No dia 10 desse mês uma servidora também lotada no Sersam foi agredida no rosto por um paciente da Residência Terapêutica. Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde (Semusa) disse que “se compromete a acompanhar o caso, dando o suporte necessário, físico e emocional, que ela precise e merece receber”. Foi feito um boletim de ocorrência e, segundo a Semusa, a servidora “teve atendimento médico no local de sua preferência”.
Reportagem: Jotha Lee
Comunicação Sintram